por Emanuel Cancella
Veja o vídeo desta
matéria em: https://www.youtube.com/watch?v=Ie7Sp2-QgjY
Eu era menino de 13 anos, no golpe militar de 1964. Depois
fiz, em 1974, concurso e entrei para a Petrobrás. Sou testemunha da presença
maciça na Petrobrás dos militares, principalmente do exército e marinha, com o
claro intuito de ocupá-la contra um inimigo não revelado.
Os militares Interviram nos sindicatos e aí se percebe que,
para os golpistas, os inimigos eram os trabalhadores principalmente os petroleiros
comunistas e socialistas.
Trabalhei por mais de 30 anos na sede da Petrobrás no Rio. E
conheci de perto muitos desses militares, pois convivi com vários deles. Não
posso me queixar, pessoalmente, e olha que, já na oposição sindical do
Sindipetro-RJ, a partir de 1976, quando nos identificávamos como “Surgente”, já dávamos trabalho à direção da Empresa. Surgente é o poço de petróleo que produz sem nenhum artifício.
Recebemos, em 1979, com muito orgulho, os “anistiados
petroleiros”, além de Brizola, Miguel Arraes e tantos outros brasileiros
ilustres que retornavam ao Brasil de onde foram expulsos pelos militares.
Só para mostrar a força do movimento “Surgente”, em 5 de
maio de 1988, no governo Sarney, fizemos uma greve nacional e na sede da
Petrobrás, que segundo editorial do JB, a paralisação atingiu mais de 80% dos
trabalhadores (1,2).
Em 1982, os petroleiros já haviam feito uma greve em Paulínia
e Mataripe para barrar um pacote de maldade do Delfin Neto, quando cerca de 400
petroleiros foram demitidos.
Em 1988, pela manhã, do início da greve na sede da Petrobrás,
o chefe da então Divin (Divisão de investigação da Petrobrás), Coronel Dante, me
deu ordem de prisão. Eu e outro companheiro fomos jogados por algumas horas dentro
de um camburão da PM, onde um oficial da PM, de forma muito gentil, se
justificava dizendo que estava cumprindo ordens.
42 petroleiros foram demitidos na greve, 7 do Rio, eu era um
deles. Seis meses depois, outra greve nacional da categoria nos trouxe de volta
à Companhia.
No golpe de 1964, com todas as críticas que fazemos aos
militares, reafirmando que somos contra qualquer golpe, mas verdade seja dita,
os militares pelo menos eram nacionalistas.
Os milicos se submeteram ao governo de Washington, perseguiram,
prenderam, torturaram e até mataram, brasileiros civis e inclusive milhares de militares. Mas com
certeza que os militares impuseram limites aos ianques. Estatais
como Petrobrás, Eletrobrás, banco do Brasil, Embratel Caixa, etc, se
fortaleceram com os militares.
Eles chegavam até a mentir, como todos os governos fazem,
falando do “Milagre Econômico”, mas o Brasil crescia. Eram ditadores até nos
slogan “ Brasil ame-o ou deixe-o”, mas eles defendiam a soberania nacional a
seu modo.
Hoje, os golpistas de 2016 chegaram até a usar o jargão: “Vai
para Cuba”, e Cuba nunca recebeu tantos turistas, principalmente de brasileiros.
Brasileiros, sem ninguém mandar estão mudando para Portugal, Miami, muitos de
classe média, e alguns que bateram panela pela saída de Dilma e deixam para os que ficam
um rabo de foguete.
Como todo brasileiro de bem, fico procurando entender o
golpe e buscando saídas: já está claro que o golpe é jurídico, político e midiático
e importado pelo golpista de sempre, os EUA.
Mas não entendo o caráter de terra arrasada aplicado pelos
golpistas de 2016. E busco concluir com outros irmãos, independente de partido
ou religião, a motivação pelo qual os golpistas estão entregando e destruindo o
país, terra de seus filhos, netos, etc.
E os principais entreguistas são MiShell Temer, STF, PGR, Congresso Nacional e
a Lava Jato, aliados aos que controlam a mídia no país: as famílias Marinho da
Globo; a família Saad da Band; Edir Macedo, da Record; a família Sirotsky, da
RBS; família Frias da Folha; Mesquita do Estadão;
O estrago que esses canalhas estão impondo ao país inclui a
reforma trabalhista, que acabou com o direito dos trabalhadores contidos na
CLT, e jogaram quase 14 milhões de brasileiros no desemprego. Estão preparando
a reforma previdenciária, para acabar com a aposentadoria dos trabalhadores.
Além disso, estão entregando 70% do pré-sal, através do
projeto entreguista do deputado, José Carlos de Aleluia Dem/Ba (7). Desfazem-se
também a Embraer e estão preparando a entrega da Eletrobrás. Sem contar que a
Lava Jato acabou com a engenharia nacional e a indústria naval (5,6).
E os milicos, ao que parece, estão do lado dos golpistas.
Estão colaborando com o golpista mor, Mishell Temer, na ocupação militar do Rio
de Janeiro. Nem uma palavra dos militares na entrega criminosa do pré-sal,
Embraer e do anúncio da doação da Eletrobrás. Diz o ditado que quem cala
consente! Lembrando que muitos generais participaram da Campanha “O Petróleo é
Nosso!”
E a mídia golpista tem a cara de pau de dizer que o Brasil
está se recuperando, que o pior já passou.
A Globo, além de ser a principal golpista, coloca em sua programação
diária a falência do SUS, como se ela não fosse a principal culpada.
Realmente os golpistas são muitos poderosos e cruéis. Mas vem
na lembrança o povo vietnamita que, apesar de quase destruído pelos ianques, resistiram
com guerra psicológica e armas artesanais, como bambu infectado com fezes, etc.
Botaram os ianques, na época com armas de ultima geração, para correr, e hoje o
Vietnam é um dos países com maior PIB, 6,2%, e um dos maiores, 11º lugar nas
economias de mais rápido crescimento (3).
Que tal seguirmos os conselhos dos golpistas que em vários momentos
diziam: “Vai para Cuba”. Não indo mas nos
transformando numa Cuba que, segundo a Globo: “Em
Cuba, só 3 coisas funcionam: “segurança, educação e saúde”, diz jornalista do
Manhattan Conection” (4).
Rio de Janeiro, 04 de julho de 2018.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente
do Sindipetro-RJ, fundador e ex- diretor do Comando Nacional dos Petroleiros,
da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do
Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser
adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
Meus endereços eletrônicos:
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