por Emanuel Cancella
Esse foi
um suposto debate travado dentro de uma penitenciária brasileira. O ladrão
ficou bravo! Ladrão é ladrão, banqueiro é banqueiro! Enfurecido, o ladrão disse:
quantos ladrões têm aqui dentro e quantos banqueiros? Aqui tá cheio de ladrão e
zerado de banqueiro. O último que passou por aqui só ficou um dia, foi um tal
de Daniel Dantas. Um juiz, Gilmar Mendes, que de tão bom virou ministro, deu
dois habeas corpus em 24 horas e tirou o banqueiro. Justiça brasileira rápida,
não?
E agora
parece que nunca mais teremos banqueiro por aqui, pois o delegado da polícia
federal, Protógenes Queiroz, que chefiou a operação Satiagraha, resultando na
prisão do banqueiro, foi condenado a três anos, e afastado da Polícia Federal.
Protógenes
Queiroz perdeu o emprego porque, ao investigar
Daniel Dantas, quebrou o sigilo funcional, respondendo por uma ação
criminal na Justiça Federal, em São Paulo, e acabou condenado a dois anos e
seis meses de prisão. A lei proíbe a quebra do sigilo funcional, como proíbe o
vazamento de delação premiada e os delegados da operação Lava Jato vazaram, na véspera
da eleição, a mentira de que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobrás, e isso
foi estampado na mídia, principalmente na Veja e o Globo. E não acontece nada
com eles, apesar de ser diferente da quebra de sigilo funcional de Protógenes,
que falou a verdade. A lei tem que valer para todos!
E agora vazaram a delação do operador do PMDB, Fernando baiano,
que disse, sem apresentar nenhuma prova, que pagou contas do filho de Lula. E o
Lava Jato é generoso com aqueles que “colaboram” com a justiça. Fernando baiano
já tem data, é em novembro, quando será libertado e vai gozar de sua cobertura
na Barra da Tijuca de 800 metros quadrados, conseguida com muito trabalho.
E o mais grave é que o Lava Jato faz vazamento seletivo, pois
a delação premiada de que Aécio Neves controlava uma diretoria em Furnas que
lhe pagava mensalão de propina, através da
irmã, nunca vazou.
Mas voltando ao ladrão, que não aceita se imiscuir com
banqueiro, encerrou a polêmica ameaçando de rebelião no presídio e até de
recorrer ao tribunal de Haia.
Mas se o banqueiro não é ladrão, afinal qual a sua
denominação? Não vão presos, cobram juros acima do estabelecido na Constituição
Federal, coisa que, se outro cidadão praticar, é preso por agiotagem. O
banqueiro também não é bom patrão, pois apesar dos lucros recordes oferecem a
seus empregados cerca de metade da inflação de reajuste.
Essa relação com os empregados resulta em greve todo ano, que
acarreta um transtorno fenomenal a toda a sociedade. Com a greve, os banqueiros
aumentam seus lucros, já que, com os dias parados,os bancários não são remunerados, além disso há o excesso de
procura pelos saques eletrônicos, que são tarifados de forma nada generosa.
E então, se o banqueiro não é ladrão, de que devemos
chamá-lo?
Rio de Janeiro, 17 outubro de
2015
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
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