por Emanuel Cancella
Quando Zé Dirceu, ex-ministro da Casa
Civil do governo Lula, foi citado, acusado, condenado e preso, o parecer que
deu base a todo o processo foi dado pelo
juiz Sérgio Moro que, no “Mensalão”, era assistente da ministra Rosa Weber.
Veja a íntegra da tese do juiz Moro: ”Não tenho prova cabal contra Dirceu, mas vou condená-lo
porque a literatura jurídica me permite”.
Registro
a pergunta do filósofo e teólogo Leonardo Boff, em artigo no blog Brasil 247: ...Qual literatura jurídica? A dos nazistas
ou do notável jurista do nazismo Carl Schmitt? ... Agora novamente Zé Dirceu foi preso. Ele foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha,
falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Na conclusão dos inquéritos, o delegado da
PF Márcio Anselmo afirmou que há "fartos indícios de que José Dirceu de
Oliveira e Silva e outras pessoas a ele relacionadas foram beneficiários
diretos de valores, objeto de desvios no âmbito da Petrobras, apurados na
Operação Lava Jato". A filha e o irmão de Dirceu estão na lista de
indiciados. Enquanto Zé Dirceu é indiciado por “fartos indícios”, o juiz Moro
deixa de fora os senadores tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia. Contra
ambos não há só indicio, há delação premiada, com detalhes, na operação Lava Jato, em que ambos receberam
propina.
Esse juiz Moro atuou no mensalão, AP 470, e os tucanos ficaram de
fora. Agora na Lava Jato, o chefe Moro blinda não só os parlamentares tucanos como
também o governo de FHC, na Petrobrás, citado várias vezes em delação premiada.
Se esse juiz quisesse realmente combater a corrupção, prenderia qualquer
corrupto, independente de partido, daí conclui-se que a prisão de Zé Dirceu é política
e visa principalmente atingir ao PT.
E tem que ser dito que não se critica a
Policia Federal, o Ministério Público Federal ou a Justiça, que são
instituições compostas por muitos homens e mulheres respeitáveis, mas a
operação lava Jato se transformou num
tribunal de exceção, o que é condenado pela Constituição Federal.
Talvez os negócios de Zé Dirceu não teriam
progredido se ele não fosse o ministro, mas isso não é crime, poderíamos chamar
de falta de ética, infidelidade partidária, já que a sociedade não aceita isso,
mas repito, isso não é crime, caso contrário grande parte dos políticos estariam
condenados.
A Atuação do juiz Sérgio Moro, conforme
previsto no Código de Direito Civil, é passível de argüição de suspeição na chefia da operação Lava Jato pelo
fato de a advogada, sua esposa, trabalhar para o PSDB e para empresas de petróleo
estrangeiras, concorrentes diretas da Petrobrás. Isto no mínimo é antiético, a
sociedade também não aceitaria isso! Ainda mais que o PSDB, que contrata sua
esposa, é protegido na operação Lava Jato. E as empresas de petróleo estrangeiras
são as possíveis beneficiadas nessa operação pois são concorrentes da Petrobrás.
Com isso não se quer condenar o juiz Sérgio Moro mas afastá-lo do processo por
interesses familiares na operação. Para Zé Dirceu ficaria nossa reprovação mas
condená-lo e prendê-lo é demais!
Aliás, Jesus Cristo, quando enfrentou a
multidão enfurecida em defesa da prostituta Maria madalena, deixou um grande
recado para humanidade: “Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra!”
Aliás, a Petrobrás está parando por conta
dessa investigação, que parece ir além da prisão de corruptos e corruptores. A
sociedade aplaude a prisão de corruptos, mas a Petrobrás tem que ter
continuidade, posto que é a principal impulsionadora de nossa economia.
Não podemos aceitar a seletividade em
nenhuma investigação de corrupção e nem vingança pessoal contra quem quer que
seja. Estão jogando a água suja da bacia junto com o bebê!
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Rio de Janeiro, 02 de setembro de
2015
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
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