Petroleiros de todo o Sistema
Petrobrás farão uma greve de advertência, de 24 horas, nesta sexta, 24 de
julho. A greve é em
protesto contra a anunciada venda de ativos da empresa. Nesse mesmo dia estará
reunido o Conselho de Administração da companhia. A principal pauta será o
Plano de Negócios e Gestão para
2016. Já foi anunciada a venda de cerca de 13,7 bilhões de dólares (cerca de R$
45 bilhões) em ativos, incluindo BR, navios, dutos, termoelétricas, campos de
petróleo.
Os petroleiros dos 17
sindicatos, representados por suas duas federações – FNP e FUP – estão unidos e
irredutíveis. Nos congressos da categoria aprovaram que, se o Conselho de
Administração mantiver a proposta da venda de ativos, vão desencadear uma greve
por tempo indeterminado, com ocupações de unidades, parada de produção e trancaço dos prédios administrativos.
Como em 1995, quando a categoria
realizou uma greve de 32 dias contra a privatização da Petrobrás, também desta
vez a principal motivação será a defesa da estatal brasileira e da soberania
nacional.
A Petrobrás sempre foi o motor
do desenvolvimento do país. Sem ela, o Brasil pára. Sozinha, a empresa financia, através de
seus impostos, cerca de 80% das
principais obras do PAC. A paralisação das refinarias que estão em construção e
do Comperj já desempregou cerca de 85 mil trabalhadores. A venda dos principais
ativos da empresa pode ser comparada a um verdadeiro “tsunami”. Avalia-se em
cerca de um milhão o número de desempregados: é isso que deseja a sociedade?
Privatização é sinônimo de desemprego em massa e achatamento de salários.
Se confirmada, a venda de ativos
da Petrobrás também vai reduzir drasticamente as verbas que seriam destinadas à
educação e a saúde públicas, já tão sacrificadas no Brasil. Em 2013 foi aprovada uma lei que
destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde.
Defender a Petrobrás e o Brasil
é uma tarefa para todos os brasileiros e não apenas para os trabalhadores da
empresa. O povo cumpriu o seu papel nas décadas de 1940-50, na campanha “O Petróleo é nosso!”,
garantindo a criação da Petrobrás. Depois,
na década de 1990, conseguiu impedir que Fernando Henrique Cardoso (FHC), do
PSDB, com apoio da grande
mídia, principalmente da Globo, privatizasse completamente a Petrobrás. Algum
estrago foi feito, com a Lei 9478/97, que institui os leilões e desmontou parte
do Sistema Petrobrás. Mas a greve de maio de 1995, com amplo apoio dos
movimentos sociais organizadores, sobretudo dos professores, estudantes e
trabalhadores da universidades, conseguiu deter a privatização.
Hoje, usando o pretexto da
corrupção, estão de volta ao ataque aqueles que nunca desistiram de destruir a
Petrobrás. São os vendilhões instalados em cargos de governo e no parlamento
que escolheram trair o povo em favor dos banqueiros nacionais e internacionais
e das petrolíferas estrangeiras. Eles estão desafiando os trabalhadores à luta
e terão a resposta que merecem.
Os petroleiros exigem cadeia
para todos os corruptos e confisco dos bens desses ladrões. Não só os que vêm
dilapidando a Petrobrás mas também os que estão envolvidos em escândalos ainda
maiores, embora silenciados pela mídia: Zelote, Swsslikes, Trensalão, corrupção
na FIFA, dentre outros. Por que apurar os desvios apenas na Petrobrás?
Certamente para manchar a imagem da empresa diante da população e facilitar a
destruição da companhia. Queremos a Petrobras e demais empresas livres de
corruptos e corruptores, mas a serviço do país e do povo brasileiro.
A Petrobrás é maior que seus
detratores. Em 2006, desenvolveu tecnologia inédita no mundo e descobriu o
pré-sal que já produz hoje cerca de 800 mil barris, o suficiente para
abastecer, juntos, países como Uruguai, Paraguai, Peru e Bolívia.
Os “abutres” estão dispostos a
tudo para meter a mão nessa riqueza que é do povo brasileiro e deve ser
destinada a sanar os graves problemas sociais do país. Além da ameaça de venda
de ativos, outra frente de ataque se instalou no Senado. José Serra (PSDB)
pressiona pela aprovação do seu projeto (PLS 131/15), retirando a Petrobrás da
condição de operação única do pré-sal e impedindo que detenha o mínimo de 30%
de cada campo, como está previsto na atual Lei de Partilha.
O senador Serra estaria a
serviço da petroleira estadunidense Chevron, segundo denuncia do Wikilleaks,
publicada na Folha de São Paulo, em 2009. Na época, Serra não conseguiu se
eleger e não pode cumprir sua promessa. Agora, em seu desespero servil para
agradar os gringos, repete sandices como a publicada no blog Brasil 247,
dizendo que “o dinheiro do pré-sal é imaginário.
A insistência em aprovar, a
qualquer custo, o PLS 131, revela que ele estaria na condição de lobbista da Chevron,
o que é uma vergonha nacional. Como senador da República, Serra foi eleito para defender
os interesses de São Paulo e do Brasil e não dos Estados Unidos!
A sociedade brasileira foi para
as ruas e garantiu a criação da Petrobrás quando o petróleo era apenas um sonho
(décadas de 1940-50). Impediu, com a greve, a privatização da empresa na década
de 1990. Hoje, com a
descoberta do pré-sal, as nossas reservas de petróleo são uma realidade que
desperta a cobiça de outros países. O desafio é enorme. Só uma grande
mobilização popular poderá deter o golpe e impedir que essa riqueza escoe pelo
ralo.
*Emanuel Cancella
é coordenador do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
OBS.: Artigo enviado
para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época
entre outros órgãos de comunicação.
Rio de Janeiro, 23 de
julho de 2015
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