Por Emanuel Cancella e Fatima Lacerda

Quando o pré-sal foi anunciado, em fins de
2006, no governo Lula, os Estados Unidos reativaram a 4ª Frota e miraram na
direção do Brasil e da Venezuela. Os militares brasileiros, cumprindo dever
cívico – preservar e defender o território – aceleraram a construção de um
submarino nuclear. Apenas para um detalhe não atentaram: os maiores inimigos da
soberania e da nação brasileira estavam dentro do território nacional.
Hoje eles estão por cima, prontos para entregar o nosso ouro
negro. Michel Temer, José Serra, Pedro Parente, José Carlos Aleluia, Romero
Jucá, Fernando Henrique Cardoso. Outro que cumpre esse desserviço à nação é o
juiz Sérgio Moro. Segundo a filósofa Marilena Chauí, “o principal operador da
Lava Jato foi treinado pelo FBI — o equivalente à Polícia Federal nos EUA —
para conduzir o caso”.
Sob às vistas das Forças Armadas
brasileiras, ao lado de uma campanha sórdida para desmoralizar e implodir a
Petrobrás, foi instaurada a investigação do programa de construção do submarino
nuclear brasileiro, que estava sendo tocado pelo almirante Othon
Luiz Pinheiro da Silva. O renomado cientista chegou a ser preso por
ordem de Moro e o programa foi paralisado. Informa o jornalista Mauro Santayana
que também “o controlador da empresa responsável pela construção do míssil
A-Darter da Aeronáutica encontra-se detido”.
Ainda citando Santayana: “Essa situação está abrindo
caminho para a entrega da indústria bélica brasileira a controladores
estrangeiros, depois de anos de esforço da iniciativa privada e das Forças
Armadas, para evitar que isso ocorresse”.
No âmbito da economia nacional, a
Lava-Jato é responsável direta pela
paralisação e reversão de grandes obras, sobretudo tocadas pela Petrobras:
refinarias, plataformas e todo o Programa de Acelaração do Crescimento (PAC),
que era financiado em sua maior parte pelos impostos pagos pela principal empresa brasileira. O
Brasil até bem pouco tempo, antes da Lava Jato, orgulhava-se de ser o segundo
maior canteiro de obras do mundo”, só perdendo para a China. Navios, obras de
irrigação e saneamento, ferrovias, rodovias, plataformas, moradias. Há quantos
anos o país não surfava nessa onda de crescimento?
A Lava-Jato, em nome de
uma suposta moralidade, inviabilizou
o país. A criminalização da política, a pretexto
do combate à corrupção, já foi utilizada contra Getúlio e Jango no Brasil, na
Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler. Em época mais recente, já nos anos
de 1990, jornais do mundo inteiro noticiaram a Operação Mãos Limpas, na Itália,
num cenário que em muito se parece com o Brasil de hoje: deu em Berlusconi. E a corrupção
não foi varrida da Itália, ao contrário.
Ora, todo cidadão sonha com o fim da
corrupção e a punição dos seus agentes, públicos e privados. Mas o argumento do
combate à corrupção tem sido utilizado para outros fins. Em geral nos períodos
de crise do capitalismo, para intimidar governos mais democráticos e justificar
medidas de arrocho sobre o trabalhador. Ou coisa pior.
Hoje o Brasil estaria no “epicentro de uma
guerra híbrida”, conforme analisa Pepe Escobar. O jornalista e cientista
político explica que, nos manuais norte-americanos, “guerra híbrida” são as
ações não-convencionais contra “forças hostis” a Washington. Ele destaca a
centralidade da disputa em torno do pré-sal na origem do impeachment e analisa
como se dá a cooptação dos super-ricos e das classes médias.
O fato é que o golpe comandado por
Washington e executado pelas elites mercenárias do país está roubando o nosso
futuro. De dimensão continental, dono de recursos naturais e de uma
biodiversidade única, o Brasil reúne todas as condições para se tornar uma das
mais importantes nações do mundo. Mas está tomando o rumo do neocolonialismo
e abrindo mão do seu destino histórico.
Nas décadas de 1940-50, o papel de
militares nacionalistas como o General Horta Barbosa e Edgar Buxbaum foi
crucial para a vitória da Campanha O Petróleo é Nosso” – que resultou na
criação da Petrobrás, empresa estatal que sempre teve papel relevante na
industrialização do Brasil e na transformação do país numa grande potência.
A descoberta do pré-sal atesta a
excelência da Petrobrás. Ao anunciar a construção de um submarino atômico para
proteger o país do inimigo externo, os militares brasileiros tinham a dimensão
dessa riqueza. Portanto é um achincalhe e um deboche imperdoável que o
entreguista José Serra, Ministro interino das Relações Exteriores, afirme
publicamente que derrubar a Lei de Partilha “é uma medida patriótica”. Ora, a
Wikeleaks já denunciou sua ligação com a petrolífera estadunidense Chevron.
Boa parte da classe política já entregou a
alma ao diabo. Diz o Senador Roberto Requião que “convencer alguém de que o
impeachment é uma asneira entreguista é fácil. Difícil é mudar um o voto que já
foi negociado”.
Resta aos verdadeiros brasileiros as ruas.
Façamos a nossa parte.
Fonte: Emanuel
Cancella é petroleiro, coordenador-geral da Federação Nacional dos Petroleiros
(FNP) e do Sindipetro-RJ. Fatima Lacerda é jornalista.
Rio de Janeiro, 15 de julho de
2016
Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ
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OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos
de comunicação.
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