por Emanuel Cancella
A Petrobras já enfrentou e derrotou todo o tipo de inimigo,
desde as lutas das décadas de 1940-50, passando por FHC e a Revisão
Constitucional, nos anos de 1990. Mas os atuais parecem cada vez mais ferozes.
Eles não se contentam apenas em vender e fatiar a empresa. Fazem de tudo para
reduzir seu valor de mercado.
No Brasil, os principais inimigos
da empresa estão representados pela mídia golpista, tendo à frente as
Organizações Globo, o PSDB e os artífices da Operação Lava Jato. Esses agentes
dos interesses privatistas usam a corrupção como mote para facilitar a entrega
do pré-sal, que deveria ser o nosso passaporte para o futuro.
Em matéria publicada no dia 3 de julho de 2015, o jornal O Globo
afirma que a corrupção na Petrobrás envolve R$ 19 bilhões! Na mesma matéria do
jornal, informa que Paulo Roberto Costa
teria recebido mais de 1,7 milhão de dólares; Renato Duque, quase 1,9 milhão de
dólares; e Pedro Barusco, 1,1
milhão. Na cotação atual, com o dólar em alta, seriam 5 milhões de dólares,
arredondando a conta para cima. Isso
equivale a R$ 19 milhões (e não bilhões).
O valor estimado pelo Globo, supostamente
baseado em dados da Polícia Federal, exorbita. Mesmo que ainda não estejam
computados os dólares surrupiados pelo diretor da área internacional, preso na
15ª fase da Operação Lava Jato, Jorge Luiz Zelada.
Sem subestimar a gravidade da corrupção, é preciso que se diga
que ela está sendo apurada e o montante desviado está voltando aos cofres da
empresa. A investigação desse tipo de crime na Petrobrás, desde março de 2014, é
algo inédito.
Por outro lado, mesmo durante a investigação, os petroleiros e a
Petrobrás melhoraram todos os indicadores da companhia. A capacidade de refino aumentou.
A estatal brasileira chegou a ultrapassar a Americana Exxon Mobill, tornando-se
a primeira do mundo na produção de óleo. Em meio as investigações, a Petrobrás
ganhou, pela terceira vez, prêmio equivalente ao Nobel da indústria do
petróleo.
Mas as conquistas e realizações da empresa não interessam aos
seus inimigos, que apenas ressaltam os fatos negativos. Mentem sem nenhum
constrangimento. Chegaram a noticiar que o pré-sal era uma “farsa eleitoral”.
Depois disseram que estava perdido no fundo do mar. No entanto, o pré-sal já produz um milhão de barris
por dia, o suficiente para abastecer todos países do Mercosul, juntos.
Na década de 1990, no governo tucano de Fernando Henrique
Cardoso, aliado à mídia, principalmente a Globo, tentou de tudo para entregar a
Petrobrás: mudança do nome para Petrobrax, privatização, quebra do monopólio ou
venda fatiada. Conseguiu quebrar o monopólio e vender 30% da REFAP, recomprada
pelo governo Lula. Em 2006, também no governo Lula, foi anunciado o pré-sal.
Esse tesouro, cuja descoberta só foi
possível com desenvolvimento de tecnologia inédita pelos petroleiros, contém
reservas de, no mínimo, 100 bilhões de barris. A cada novo estudo essa
estimativa aumenta. Além disso, a produção em larga escala reduz o custo de
extração. Mas, se dependesse dos tucanos, a festa da descoberta do pré-sal
seria no Texas ou em qualquer outro país da Europa.
O mundo conhece e respeita a
Petrobrás. Em 2010, a Petrobras fez
a maior capitalização de todos os tempos. Em 2015, foram vendidos em tempo
recorde US$ 2,5 bilhões em
títulos da empresa, na Bolsa de Nova York, a serem resgatados em 100 anos. Mas
o que é bom, quando se trata da Petrobrás, a mídia brasileira prefere esconder
da sociedade.
Nós, petroleiros, queremos todos os corruptos da Petrobrás na
cadeia e o dinheiro roubado devolvido aos cofres públicos. Nós, trabalhadores,
nunca nos sentimos incomodados com a investigação, e nem permitimos que esses
fatos prejudicassem o desempenho da companhia, que continuou batendo recordes.
No entanto, superestimar os valores da
corrupção, para desvalorizar a empresa, já é demais. E ainda que os R$ 19
bilhões fossem um dado da realidade, representariam 0,13 %, do valor das
reservas da Petrobrás no pré-sal. Elas estariam estimadas em 100 bilhões de barris,
calculando-se o valor do barril na
baixa em 50 dólares, chegamos a US$ 5 trilhões. Não estão incluídos
nesses cálculos as 15 refinarias, as mais de cem plataformas marítimas, os
quase 50 navios petroleiros, os 14 mil quilômetros de dutos etc.
Em síntese, usar o pretexto da
corrupção para vender a Petrobrás é o cúmulo do oportunismo e da má fé. Seria
como jogar fora a água suja da bacia, junto com o bebê.
Rio de Janeiro, 18 de novembro de
2015
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
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