quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Moro ainda será sinônimo de Silvério dos Reis

por Emanuel Cancella



Um dia a história recente do Brasil será recontada e, se houver seriedade entre os historiadores, Sérgio Moro, agente do Partido de Silvério dos Reis (PSDB), será sinônimo de traidor da pátria.

É inacreditável que a maior parte da mídia trate com naturalidade:
1) Que procuradores brasileiros, pagos pelos cofres públicos, convidem procuradores do governo dos Estados Unidos para ajudar na investigação de irregularidades numa empresa estatal brasileira, a Petrobras;
2) Que a justiça brasileira, representada por Sérgio Moro, receba os estadunidenses com festa, facilitando a investigação de uma empresa estatal brasileira nos Estados Unidos, oferecendo vantagens irrecusáveis aos delatores (inclusive o perdão), visando a permitir  a aplicação de multas astronômicas sobre a Petrobras, em favor dos abutres estrangeiros;
3) É inacreditável que a sociedade não se indigne com os rumos e as consequências nefastas que a Operação Lava Jato está tomando, a pretexto de combater a corrupção. Pelas contas do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, o país deixará de gerar R$ 62 bilhões em renda até 2019, conforme matéria divulgada pela Revista Exame, em razão da crise na Petrobras.
A crise está orquestrada para derrubar a estatal, implodir a economia brasileira, desmoralizar os nacionalistas e desenvolvimentistas, inviabilizando qualquer possibilidade de resistência contra a entrega do pré-sal às petrolíferas estrangeiras. A principal favorecida deverá ser a Chrevron, a quem o senador José Serra estaria ligado, segundo denúncias publicadas pela WikiLeaks.
Imaginem se fosse o contrário. O governo dos Estados Unidos jamais aceitaria jurisdição estrangeira sobre suas empresas e cidadãos. Isso, aliás, está previsto nas leis de lá. Evidentemente eles não perderam a referência de que são uma Nação. Ao contrário do Brasil onde o sentimento de pertencermos a uma Nação e termos o compromisso de defendê-la parece nulo.
As atitudes de Sérgio Moro e a campanha do PSDB e da mídia – especialmente à Globo – caminham celeremente para prejudicar a Petrobras e entregar a maior reserva de petróleo descoberta na atualidade: o pré-sal brasileiro. Essas riquezas poderiam sanar todos as mazelas e necessidades do povo. Mas os entreguistas travestidos de heróis preferem dar esse oceano de petróleo de mão beijada às empresas petrolíferas e aos abutres do mercado financeiro, que gerenciam seus interesses a partir dos Estados Unidos.
É óbvio que a Operação Lava Jato, o PSDB, grande parte da mídia – liderada pelas Organizações Globo – estão a serviço do imperialismo norte-americano. São seus braços no Judiciário, na política partidária, na imprensa.
Para o PSDB, destruir a Petrobras e entregar o nosso petróleo às petrolíferas estrangeiras tornou-se uma saga. Em seu governo, Fernando Henrique Cardoso fez o que pode, culminando, quase ao final do segundo mandado, com  o fim da Lei 2004/53, que criou a Petrobrás e instituiu o monopólio estatal do petróleo, substituída pela Lei 9478/97, uma afronta à Constituição.

A blindagem dos tucanos nas ações judiciais, com destaque, para os senadores Aécio Neves e Antônio Anastasia (ambos citados em delação premiada), é mais um indício de que a Operação Lava Jato está longe da neutralidade em seus julgamentos. Recentemente o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, também foi citado pelo delator Fernando Baiano (suposto operador do PMDB). Teria recebido R$ 10 milhões para esvaziar a CPI da Petrobras. Mas, alguém acredita que seu nome aparecerá nas manchetes dos jornais ou será seriamente investigado?
Quando a plataforma P-36 afundou, no governo Fernando Henrique Cardoso, há sérias suspeitas de que pode ter sido uma ação criminosa. Mas a investigação foi abafada. Petroleiros já foram chamados de “marajás” em campanhas institucionais do governo FHC.
Um dos capítulos recentes da saga tucana contra a Petrobrás é o PLS 131/15, de autoria do senador tucano José Serra, que acaba com o regime de partilha, retirando a empresa brasileira da condição de operadora única do pré-sal. Com isso, dentre outros prejuízos ao país, retira recursos da União destinados à Educação e à Saúde, por meio dos royalties.
Sem televisão, sem internet, os brasileiros protagonizaram, nas décadas de 1940-50, a maior campanha cívica do país, “O petróleo é nosso!”. Naquela época,  o petróleo era apenas um sonho. Hoje é realidade. Querem que o país retroceda à condição de colônia? Essa mentalidade precisa ser ultrapassada para que nos tornemos uma grande nação. Defender a Petrobras é crucial para a emancipação nacional.


Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2015 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

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