sexta-feira, 22 de maio de 2015

A farsa contra José Dirceu

por Emanuel Cancella

Jose Dirceu, ex -ministro chefe da Casa Civil do governo Lula,  é vítima de linchamento político. Não conheço pessoalmente Dirceu, não sou filiado ao PT, não tenho nenhuma procuração dele, mas como “homem livre e de bons costumes” não posso me calar diante dessa montagem que já destruiu sua reputação e tenta destruir o PT. Talvez a grande descoberta de toda investigação é que Dirceu é empresário bem sucedido, mas isso não é crime.  Eu prefiro os trabalhadores, mas Infelizmente grande parte dos políticos é empresário.
Os dois principais protagonistas da condenação de Dirceu são os juízes ex-ministro do STF, Joaquin Barbosa, e o juiz Sérgio Moro. Sem contar a ajuda mirabolante da mídia! Joaquim Barbosa julgou a AP 470, conhecida como Mensalão, e o juiz Sérgio Moro é o chefe da operação Lava jato da Polícia Federal. Nenhum desses dois juízes, nos processos contra Dirceu, apresentou qualquer prova material contra ele. E a prova material é a base para condenação no nosso direito penal. 
Por que esse linchamento de Dirceu? Porque Dirceu seria o sucessor natural de Lula, era a segunda estrela do PT, por isso apontaram os canhões contra ele. Destruir Dirceu seria limitar a trajetória da estrela do PT. O principal algoz político de Dirceu foi o deputado federal Roberto Jeferson, do PTB/RJ, apontado em vídeo pelos seus afilhados nos Correios, de que recebiam propina em seu nome. Na história do mensalão, Roberto Jeferson foi o único que comprovadamente recebia mensalão. Os outros condenados do mensalão foram com base em outras motivações e algumas até pertinentes.
Roberto Jeferson, através da mídia, acusou Dirceu como o chefe da quadrilha do mensalão, mas também não apresentou nenhuma prova. Jeferson foi pego com a boca na botija, como diz o ditado, e queria que o governo de Lula, do qual fazia parte da base de apoio, o salvasse, como se isso fosse possível, e como isso não aconteceu Roberto Jeferson virou-se contra Dirceu e o PT.
Na trajetória do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ficou a mácula de condenar Dirceu e outros pelo “Domínio dos Fatos”, sem prova material, e de não ter julgado o mensalão do PSDB e do DEM, que foram anteriores ao do PT. E o juiz Sergio Moro, na AP 470, foi autor da tese cujo trecho divulgamos abaixo, serviu de base para a condenação de Dirceu  e que norteou o voto da ministra Rosa Weber, da qual era assistente:” ...  Não tenho prova cabal contra Dirceu  mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”... Sergio Moro é acusado na justiça do Paraná de montar uma indústria de “delações premiadas”, que tem como principal operário, o doleiro Alberto Youssef, que é seu colaborador desde o caso Banestado. Muitos consideram detalhe, mas creio ser relevante, que Rosangela Wolff de Quadros Moro, mulher de Sérgio Moro, que investiga a Petrobrás, advoga para o PSDB do Paraná. Essa relação de sua mulher com o PSDB torna-se importante quando, na operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro considera as delações contra Dirceu e desconsiderou, dentro da mesma operação, as delações contra o senador Aécio Neves do PSDB e de Antônio Anastasia do PSDB, ex-governador de Minas gerais. Outra coisa muito inquietante é que, segundo o Wikipédia, a mulher de Moro é advogada de empresas petrolíferas concorrentes da Petrobrás, empresa que o juiz está sendo acusado de tentar paralisar. 
A armação contra Dirceu teve até bengaladas de um ancião nos corredores do Congresso Nacional, com ampla cobertura na imprensa, que depois a sociedade tomou conhecimento de que se tratava de um ator contratado pelo PSDB para desmoralizar Dirceu.
O imperador Romano, Pôncio Pilatos, preferiu lavar as mãos e deixar o povo julgar Jesus. Dirceu está longe de ser um santo, não é Deus, mas é filho dele. É justa nossa omissão diante do seu linchamento?


Rio de Janeiro, 22 de maio de 2015


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