terça-feira, 2 de julho de 2013

Discutir só o royalties é enganar o povo

por Emanuel Cancella A mídia, a justiça, a presidenta, os governadores: parecem todos unidos num jogo de faz de conta, para enganar o povo. Segundo o professor da USP e ex diretor da Petrobrás, Ildo Sauer, “discutir os royalties é discutir o rabo do elefante”, ou seja, é disputar 10% dos rendimentos da indústria do petróleo. Ninguém esta discutindo os outros 90%. Parece uma grande trama para enganar a sociedade. Estamos brigando entre nós, estados, municípios e União, enquanto se prepara o terreno para entregar o ouro negro às transnacionais, sem brigas e sem protestos. A próxima rodada de leilão do petróleo, promovida pela Agencia Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) está prevista para os dias 14 e 15 de maio. A não ser que os setores organizados contrários aos leilões preparem uma surpresa. A audiência pública, prevista em lei, que deve preceder esses leilões, de pública não teve nada: foi realizada na Praia Vermelha, no Rio, dentro de uma base militar. Além disso, foi divulgada na véspera. O que estarão escondendo do povo? Depois da audiência – que teve acesso restrito e não público – quando foram anunciados os blocos a serem licitados, mais de cem outros blocos foram introduzidos nos lotes, o que se não for ilegal é, no mínimo, imoral. Segundo informações, a 11a Rodada está atraindo mais empresas e consórcios que as licitações anteriores, principalmente estrangeiros. Nos demais leilões, a Petrobrás arrematou o maior número de blocos, diminuindo o prejuízo da nação. Mas desta vez a estatal brasileira entraria na disputa como um boxer que entra no ringue de mãos atadas, a julgar pela depreciação da empresa, alardeada pela grande mídia. Dizem que o valor da empresa caiu para R$ 200 BI. Mas há motivos para duvidar desses números, pois só os 50 bilhões de barris de petróleo estimados do pré-sal valem U$ 5 trilhões de dólares (considerando o preço do barril a U$ 100). Nos dias 18 e 19, segunda e terça-feira, a ANP vai realizar um seminário, no Hotel Windsor (esquina da Av. Atlântica com Av. Princesa Isabel), em Copacabana, Rio. O objetivo é apresentar os blocos de petróleo que vão a leilão. Algo comparável ao que acontecia na época do Brasil-colônia. Quando os barões do café e do açúcar iam aos mercados para escolher, entre os escravos africanos, os de melhor dentição, mais fortes e mais bonitos. Enquanto em outros países da América Latina os governantes resistem ao entreguismo; enquanto em países como o Iraque, que foi invadido, povo, governo e exército se organizam e resistem; enquanto o Irã está desenvolvendo a bomba atômica para proteger seu petróleo; enquanto o presidente da Líbia, Amuar Kadafi, morreu lutando e defendendo o petróleo do seu país..... Pasmem: o Brasil pretende entregar o nosso petróleo sem luta, através dos leilões. Sem que governos e políticos sequer se pronunciem. Apesar de termos um passado de resistência e de vitórias, conquistadas na Campanha o Petróleo é Nosso. Quando muitos brasileiros foram perseguidos, presos e até mortos. Mas a Petrobrás foi criada, sob controle do estado. As novas gerações se acovardaram? As reservas de petróleo só se renovam em milhões de anos. Os leilões não representam nada na contabilidade da companhia, como diz Ricardo Maranhão, ex-presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros e Profissionais da Petrobrás). O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo. Só o pré-sal é suficiente para abastecer o país por 62 anos, considerando um consumo de 2.2 milhões de barris por dia, então para que fazer leilão? Os leilões só se justificam pela subserviência do nosso país ao capital internacional. Presidente Dilma! V. Excia. ainda não realizou nenhum leilão em seu governo. A sua trajetória é muito bonita para ser manchada com esse entreguismo exacerbado. Para aplacar a fúria daqueles que utilizam até da guerra para se apossar do petróleo alheio, o Brasil pode ser fornecedor de derivados de petróleo, principalmente de produtos petroquímicos, que é a cadeia mais lucrativa do petróleo. Mas, entregar o petróleo in natura de “mão beijada”, para depois comprar de volta com valor agregado, isso não! O Brasil, a sociedade as próximas gerações não merecem! RIO DE JANEIRO, 15 de março de 2013 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário