terça-feira, 2 de julho de 2013

PSDB propõe "estatizar" a Petrobrás

por Emanuel Cancella Imaginar o senador Aécio Neves, do PSDB, propondo a estatização da Petrobrás pode parecer piada. Mas aconteceu. Foi durante o seminário do PSDB sobre a Petrobrás, na terça (12), em Brasília, que reuniu também seus tradicionais aliados, partidários do DEM e do PPS. O senador disse, textualmente: “Queremos estatizar a Petrobrás que foi partidarizada pelo PT”. Os tucanos, que privatizaram tudo que puderam - leiam a “Privataria Tucana” - só não conseguiram privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, porque enfrentou forte pressão popular. Mas em seus oito anos de governo,o PSDB e seus aliados sucatearam a Petrobrás, como fizeram com as outras estatais, para facilitar a privatização. Congelaram as tarifas para que as nossas empresas não tivessem como investir em modernização e suspenderam os concursos públicos, reduzindo número de técnicos. Tudo isto aliado à falta de investimentos, com o objetivo de sucatear para depois vender nossas empresas ao setor privado a preço de banana. Na Petrobrás, os governos do PSDB foram além: todas as encomendas de navios, plataformas, e sondas eram encomendas no estrangeiro, gerando investimento, emprego e renda para os gringos. Enquanto os brasileiros amargavam o desemprego. Através do Repetro (Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados à Exploração e à Produção de Petróleo e Gás Natural) que isentava de impostos de importação os equipamentos da área de petróleo, a indústria nacional foi destruída. Mais de cinco mil pequenas e médias empresas fecharam as portas, sem condições de enfrentar o concorrente estrangeiro. Com a Lei 9478/97, foi “quebrado”, na prática, o monopólio estatal de petróleo. Só não conseguiram mudar o nome da empresa para Petrobrax. O Governo de Luis Inácio Lula da Silva afastou o perigo de privatização, retomou a indústria naval, reabriu os concursos públicos, recompondo o corpo técnico da companhia e em seu governo foi descoberto o pré-sal, a partir de pesquisas que estavam engavetadas há 30 anos na companhia. Se dependesse do PSDB, a comemoração da descoberta do pré-sal seria no estrangeiro. Mas o seminário do PSDB ousou falar “no absurdo da desvalorização da Petrobrás”. Ora, Em 2012, a Petrobrás, foi apontada pela Agência Internacional de Energia - AIE como a mais brilhante empresa de petróleo no mundo, principalmente pelo desenvolvimento de tecnologia inédita no planeta que propiciou a descoberta do pré-sal: Não estariam, por trás dessa sórdida campanha de desvalorização da companhia, os mesmos motivos que levaram outras estatais brasileiras a serem privatizadas, na era FHC? Além dos 14 bilhões de barris – reservas de petróleo reconhecidas – temos pelo menos cerca de 50 bilhões de barris no pré-sal. Apesar disso a imprensa divulga que o valor da Petrobrás despencou. Segundo os tucanos, a Petrobrás teve uma desvalorização de 47,1% entre 2010 e 2013. Seu valor caiu de R$ 380,2 BI no final de 2010 para R$ 200,9 BI em 2013. Mas se forem considerados apenas os cerca de 50 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, calculando-se o preço do barril a U$ 100 o barril, teríamos o equivalente a U$ 5 trilhões em reservas naquela região (sem computar o restante do patrimônio). Os tucanos afirmaram durante o seminário que a Petrobrás vale R$ 200,9 BI. Já estariam depreciando a empresa? Com que propósito? Só as reservas do pré-sal já dariam para abastecer o Brasil durante os próximos 62 anos, levando-se em conta o atual consumo diário, que é de 2.2 milhões de barris. Já os Estados Unidos têm reservas apenas para os próximos dois anos. NÃO AOS LEILÕES Apesar das boas perspectivas da empresa, não é recomendável leiloar o nosso petróleo. Quem tem reservas de petróleo tem um tesouro escondido que vai continuar valorizado. Leiloar as nossas reservas pode comprometer o desenvolvimento futuro do Brasil.Os leilões, assim como a Agência Nacional do Petróleo (ANP), foram uma criação entreguista dos governos do PSDB, infelizmente mantidos. A Presidenta Dilma marcou a 11ª Rodada de Licitação para os dias 14 e 15 de maio. Em 2012 a Petrobrás lucrou mais de R$ 21 BI. Caiu em relação ao ano anterior mas, ainda assim, esse foi o nono maior lucro da história da Petrobrás. A queda no lucro foi conseqüência de uma decisão política O governo federal congelou o preço da gasolina e dos derivados por vários anos para conter a inflação. Ao mesmo tempo, o aumento da renda média do trabalhador aliado a incentivos para a venda de automóveis, como a isenção do IPI, aumentou enormemente o número de carros nas ruas. Cabe ao governo vir a público para defender a Petrobrás. O PSDB defende o alinhamento dos preços dos derivados aos preços internacionais, o que sacrificaria a população e traria de volta a inflação. Só os acionistas ganhariam com o alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional. Com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Petrobrás está retomando a parte mais lucrativa do petróleo, o seu braço petroquímico, que foi destruído pelos governos do PSDB. Também está construindo quatro refinarias que não só vão suprir o mercado interno com gasolina e outros derivados de petróleo como também serão exportados. A atual direção da Petrobrás, seguindo o receituário neoliberal, criou metas de investimentos desnecessárias para a companhia visando a beneficiar principalmente os investidores e voltadas para exportação. A meta é gerar mais de U$ 300 BI até 2020. Parte dos recursos seriam obtidos por meio do “plano de desinvestimento”, que consiste em vender parte do patrimônio da empresa. Penso que a sociedade brasileira só tem a perder com essa política. O Brasil já é auto-suficiente na produção de petróleo. Precisamos tratar nosso óleo de forma estratégica, pensando na atual e nas futuras gerações de brasileiros. RIO DE JANEIRO, 13 de março de 2013 2012

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