quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A tragédia anunciada: Vazamento no campo de Frade

Por Emanuel Cancella

O derramamento de óleo da Chevron no campo de Frade na Bacia de Campos mostra os riscos e a fragilidade da nossa legislação e dos nossos órgãos fiscalizadores. O acidente no Golfo do México, grande marco negativo da indústria do petróleo no mundo, e o do o campo de Frade envolvem situações idênticas. É uma tragédia anunciada.

A TransOcean que operava no campo de Frade é a mesma operadora envolvida no vazamento do Golfo do México. A Agência Nacional de Petróleo, Natural e Biocombustivel poderia ter barrado a empresa e nos poupado desse acidente. Uma das causas do acidente no Golfo do México foi a contenção de despesas para aumentar a lucratividade levado a cabo pela Britsh Petroleum. No Brasil, as falhas da Chevron levam a ANP a suspender os trabalhos até que sejam identificadas as causas e os responsáveis pelo vazamento.

Em outros acidentes, a BP já tinha dado desculpas acusando falhas humanas e nos projetos de engenharia para se eximir de culpa. No Golfo do México, a petroleira alega principalmente a falha humana, até porque morto não fala.

Existe um conhecido método de prevenção de acidentes chamado Triângulo de Acidentes ou Triângulo de Risco, que diz o seguinte: "O controle das situações de baixa gravidade permite reduzir a base do triângulo limitando a ocorrência de incidentes mais gravosos e contribuindo para a prevenção de acidentes catastróficos."

O governo brasileiro, se não quiser transformar o pré-sal num Golfo do México, tem que se aproveitar do acidente do campo de Frade para garantir que todos os campos da Amazônia Azul sejam entregues a Petrobrás. Não faltam argumentos para aplicar essa brecha presente no novo marco regulatório do petróleo. Para que a partilha se o risco no pré-sal é zero? Todos os furos feitos pela Petrobrás deram óleo. Assim, não faltarão linhas de crédito para financiamento dado a imensidão das reservas. E mais do que isso, para que a partilha se as petroleiras estrangeiras tem apresentado tantas falhas com consequências ambientais dramáticas. Com o fortalecimento da Petrobrás e o monopólio estatal podemos eliminar a possibilidade de novos acidentes acarretado pela produção predatória ou a qualquer custo como no campo de Frade.

Se os EUA e a Europa são grandes consumidores e dependentes do petróleo que o Brasil tem em abundância, podemos até atender a essa demanda. Vamos, porém, exportar derivados de petróleo para eles, produtos com valor agregado. Temos que parar de fornecer matéria-prima para o mundo. Com isso, além de diminuirmos a possibilidade de um novo acidente, vamos gerar emprego e renda para o nosso povo.

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2011

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