por Emanuel Cancella
Bolsonaro alfineta a Lei Rouanet após a vitória de Fernanda Torres. “Ainda Estou Aqui”, que rendeu a estatueta a Torres, não foi um dos beneficiados pelos recursos da Lei Rouanet. A legislação não permite que verbas sejam destinadas a longas-metragens (9).
Os ditadores de extrema direita odeiam o teatro, o cinema, a música e a arte em
geral, porque os artistas nunca se calaram diante da violência do Estado.
Muitos pagaram com a vida; outros foram presos e torturados.
Charlie Chaplin enfrentou Hitler no cinema com O Grande
Ditador.
O filme recebeu cinco indicações ao Oscar em 1941, nas categorias de Melhor
Filme, Melhor Ator para Charlie Chaplin, Melhor Roteiro Original, Melhor Trilha
Sonora e Melhor Ator Coadjuvante para Jack Oakie (6).
Ainda Estou Aqui, com Fernanda Torres e Selton Mello,
dirigido por Walter Salles, trouxe a público o cruel assassinato do deputado
Rubens Paiva e seu corpo insepulto. “‘Ainda Estou Aqui’ é um filme que precisa
ser contado”, disse a ministra sobre a vitória de Fernanda Torres no Globo de
Ouro.
“Nós precisamos, de uma vez por todas, acabar com esse fantasma da ditadura no
nosso país”, afirmou Margareth Menezes (7).
Essa, por exemplo, foi a luta de Zuzu Angel, que teve seu
filho, o estudante Stuart Angel, preso, torturado e morto dentro de uma unidade
das Forças Armadas Brasileiras. Sua mãe, desesperada, procurou por ele
incansavelmente.
Saudosa Zuzu Angel, estilista de fama internacional, largou tudo à procura do
filho, até descobrir que ele estava morto.
Foram milhares, civis e militares, perseguidos, presos, torturados e mortos.
O capitão Carlos Lamarca virou “terrorista” porque, além de
não concordar com a ditadura militar, decidiu combatê-la com armas (8).
Sérgio Macaco, o capitão que evitou um atentado da ditadura
(1). Morto há 30 anos, o militar negou-se a cumprir ordens para executar uma
operação em 1968 que deixaria pelo menos 10 mil mortos no Rio de Janeiro, entre
eles o arcebispo Dom Helder Câmara e o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
“Não, não concordo. E, enquanto eu estiver vivo, isso não acontecerá.” Estas
teriam sido as frases ditas pelo capitão paraquedista Sérgio Ribeiro Miranda de
Carvalho, conhecido como Sérgio Macaco, ao seu superior, o brigadeiro João
Paulo Burnier, em 12 de junho de 1968.
Na mesa de Burnier estava um ousado plano que deixaria pelo
menos 10 mil mortos no Rio – e a culpa seria atribuída “aos comunistas”.
Conforme denunciou o capitão – e inquéritos posteriores confirmaram –, o
brigadeiro queria que o esquadrão paraquedista de resgate Para-Sar organizasse
uma série de atentados. Carvalho comandava esse grupo.
Burnier previa a explosão de bombas em alvos específicos,
como lojas, agências bancárias e a sede da embaixada americana. Ele também
tinha uma lista de 40 personalidades de oposição que deveriam ser sequestradas
e lançadas, de avião, no meio do oceano. Entre os nomes estavam o arcebispo Dom
Helder Câmara, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o ex-governador da
Guanabara Carlos Lacerda.
Por fim, o plano incluía ainda a explosão do hoje desativado
Gasômetro do Rio – na época, fornecedor de gás para a cidade – e da represa de
Ribeirão das Lajes. Isso seria feito na hora do rush, o que causaria a morte de
pelo menos 10 mil pessoas – algumas estimativas calculam dez vezes mais.
Na época, Carvalho foi transferido para Recife e, no ano
seguinte, com a promulgação do Ato Institucional nº 5, foi compulsoriamente
reformado.
Bolsonaro, no voto pelo impeachment de Dilma Rousseff no
Congresso Nacional, fez elogios ao torturador da ex-presidente, o coronel
Brilhante Ustra. Na ocasião, Bolsonaro havia descrito Ustra como “o pavor de
Dilma Rousseff” (3).
Lembrando que Dilma, segundo o ministro do STF Luís Barroso, foi vítima de um
golpe. Juristas afirmam que Dilma não cometeu nenhum crime (4,5).
E o então capitão Jair Bolsonaro, na década de 80, num ato
terrorista, queria explodir o Guandu e quartéis. Ele apresentou à revista Veja
o croqui de sua autoria. O protesto, segundo a revista, era por aumento de
salário (2)!
Gostaria de prestar uma homenagem ao ator e diretor Amir
Haddad, na época diretor da Escola de Teatro Martins Penna. Por volta de 78/79,
nos anos de chumbo, ele reuniu os alunos da escola, entre eles eu, em um
bar-restaurante no Flamengo, RJ, para buscar refúgio para perseguidos da
ditadura militar, fugitivos por lutar contra o regime por democracia e
liberdade!
2 - https://veja.abril.com.br/coluna/reveja/o-artigo-em-veja-e-a-prisao-de-bolsonaro-nos-anos-1980
4 - https://www.brasil247.com/brasil/barroso-admite-que-dilma-foi-vitima-de-um-golpe-de-estado
6 - https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grande_Ditador
8 - https://memoriasdaditadura.org.br/personagens/carlos-lamarca/
9 - https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-alfineta-lei-rouanet-apos-vitoria-de-fernanda-torres/
Rio de Janeiro 6 de janeiro de 2025.
Em tempo, se você quiser e puder me ajudar, faça um depósito diretamente na conta de uma dessas entidades filantrópicas, podendo abater no imposto de renda, elas estão listadas em http://emanuelcancella.blogspot.com/2020/07/aviso-importante.html No RJ, pode solicitar a presença de um mensageiro que irão buscar a doação.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, em abril de 2023, pós graduado em Direito Constitucional, pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera.
Ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1519072214-livro-a-outra-face-de-sergio-moro/
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
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