por Emanuel Cancella
Os tesouros do Paulão: Além da esposa, dona Regina e filho, a Petrobrás, na foto uma filha e alguns de seus netos!
Era a década de 70, em plena ditadura militar. Eu e meu amigo
Paulo Cesar Pereira, o Paulão, éramos padeiros, vendedores de pão na comunidade
pobre do IAPC do Irajá, Rio de Janeiro. Chegamos
a dormir em cima do forno à lenha da padaria.
Em busca de oportunidade, fui do Rio para são Paulo com a
passagem de ônibus, financiada pelo irmão
de Paulão, Carlos Alberto, que depois não aceitou devolução do dinheiro.
Lá, em 10/07/1974, entrei através de concurso na Petrobrás. Em
1976, voltei transferido ao Rio. Então recebi um telefonema do Paulão
perguntando se havia concurso para soldador na Empresa, por sorte de Paulão, havia.
Ele fez a prova e entrou na Empresa . Não tenho dúvida de que
foi um dos melhores soldadores da companhia.
Mas seu ingresso na Petobrás foi traumático. Primeiro, na
investigação social, queriam lhe barrar o ingresso por conta de uma prisão por
vadiagem, criação da ditadura militar.
Conversei com um oficial da Divin, um militar dos chefes da investigação
da Petrobrás, e expliquei que Paulão nunca foi vadio, muito pelo contrário.
Depois, Paulão teve problema no psicoteste, foi reprovado. Falei com a enfermeira da Petrobrás, Iris. Falei que Paulão tinha saúde de vaca premiada.
Iris, uma espécie de anjo da guarda de Paulão, orientou: mande que ele corte o cabelo estilo Blak Pawer, troque as sandálias havaianas por um sapato e refaça o exame numa clínica que ela me orientou.
Eu me aposentei na Petrobrás, em 2016, e Paulão antes, pelo
fato de seu trabalho ser embarcado na Petrobrás.
Paulão vive me
agradecendo pelo ingresso na Petrobrás, mas, se não fosse o dinheiro da passagem
doada pelo seu irmão, Carlos Alberto, eu não seria petroleiro da Petrobrás!
Paulão ficou órfão de pai e mãe, quando menino. O pai dele
morreu do coração no Maracanã, se não me engano, em 1960, não resistiu à emoção
de ver o América campeão estadual.
Paulão nunca abandonou os irmãos, Selma e Carlos Alberto.
Paulão constitui uma família muito feliz, com a esposa, dona Regina, filhos e
netos. Os filhos se formaram e casaram, lhe dando netos. Paulão não se cansa de
exaltar a família!
É importante focar nesse lado social da Petrobrás, que deu a
oportunidade a milhares de jovens carentes da comunidade.
Lado triste da história, hoje dia 15/12/2021, Paulão agoniza no hospital São Carlos
do Humaitá do RJ. Segundo os médicos, Paulão é paciente terminal de câncer.
Estive com ele nesse hospital, recentemente, para acompanhá-lo
em um exame, a seu pedido. Não sabia que era uma espécie de despedida, talvez o
último encontro.
Quem sabe Paulão sobreviva?
Paulão, temente a Deus, com certeza, já conquistou a eternidade, no Oriente Eterno, quem sabe não fique mas um pouco entre nós?
Viva Paulão!
Rio de janeiro, 15 de dezembro de 2021.
Aviso - Estou monetizando minhas redes sociais, no caso, o
meu canal do Youtube e meu blog. Faço isso para fortalecer a ajuda às 22
entidades sociais e filantrópicas que atendem as mais diversas pessoas
excluídas de nossa sociedade, de forma a aumentar o valor de meus apoios
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Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ,
fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e
coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também
autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido
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ResponderExcluirMuito obrigado Ruth Maranhão, lindo mesmo são suas palavras!
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