por Emanuel Cancella
Eu sou antiimperialista, mas não sou antiamericano. Vejo
coisas boas nos EUA, mesmo tendo participado por exemplo da luta, no Brasil, do
movimento social e político que impediu no primeiro governo Dilma do presidente
americano Barack Obama de discursar na Cinelândia, o que seria uma ofensa ao
nosso “Palco político maior”, e o colocou dentro do teatro Municipal no Rio de Janeiro.
Reconheço que Obama vale mais que os dois Bush e vou torcer
para a vitória de um democrata na sucessão de Obama. Contudo prefiro a aliança
do Brasil com os BRICS do que continuar a ser quintal dos EUA.
Por exemplo, aplaudi quando
os EUA, em 2008, injetaram US$ 7 trilhões de dinheiro público em empresas
privadas para salvar, entre outras, o Citybank e a GM, mas principalmente para impedir
o desemprego, inclusive incentivaram o contrato de leniência possibilitando que
as empresas, mesmo envolvidas em corrupção na chamada “Bolha Imobiliária” ,
continuassem a operar enquanto seus donos respondiam na Justiça.
Por outro lado, não podemos nos esquecer que os EUA são os
principais culpados pelas guerras que geram esses milhares de refugiados que
buscam abrigos no mundo.
Aqui no Brasil a Petrobrás que tem um papel social para o país
superior a qualquer empresa americana para os EUA; já que, sozinha, a Petrobrás,
com os impostos que paga, financia 80% das obras do país e o Brasil é o segundo
maior canteiro de obras do mundo só perdendo para a China, respondendo por
milhões de empregos diretos e indiretos. Entretanto a Lava Jato parece
deslumbrada em manchar a imagem da Petrobrás e em desempregar trabalhadores,
cujas empresas estão sendo investigadas na operação.
A operação Lava Jato cujo chefe, o Sérgio Moro, ganha R$ 77 mil por mês,
o dobro do que ganha um ministro do STF. Com o discurso de combate a corrupção,
que para muitos juristas é uma investigação seletiva, pois apesar de inúmeras denúncias
nenhum tucano foi preso, como os senadores como Aécio Neves e Antonio Anastasia,
várias vezes citados por delação premiada. A investigação também não chegou ao
governo tucano de FHC, na Petrobrás, apesar de várias vezes citado pelos
delatores. Na mesma operação, só o tesoureiro do PT está preso, apesar de
delações contra o PSDB, PP, PSB e PSDB. E não podemos esquecer o governo tucano
de FHC tentou privatizar a Petrobrás.
Na campanha o “Petroleo é Nosso”, na década de 40 e 50, que
resultou na criação da Petrobrás e do Monopólio Estatal do Petróleo, os maiores
inimigos eram as multinacionais de petróleo, principalmente empresas de
petróleo americanas. 62 anos depois a Petrobrás que abastece ininterruptamente
de petróleo o país, descobriu em 2006 o pré-sal que, sozinho, já produz hum
milhão de barris de petróleo, o suficiente para abastecer juntos todos os
países do Mercosul. E ainda, o pré-sal garante nosso abastecimento de petróleo
nos próximos 50 anos e não podemos esquecer que os EUA só têm petróleo para os
próximos três anos.
Outro ataque americano ao nosso petróleo ocorreu em 2009, quando
o Wikileaks denunciou a troca de telegramas entre a executiva da petroleira
Americana Chevron e o então candidato tucano, José Serra, este se comprometendo
a mudar a lei de Partilha de Lula, para a de FHC de concessão, o que representaria
a entrega do nosso petróleo. Serra, para felicidade do Brasil, perdeu as eleições.
Mas se os americanos não desistem, Serra muito menos, já que Serra
é autor da PLS 131/15, que tem o mesmo cunho de favorecimento a Chevron, e mais
uma vez tenta entregar nosso ouro negro impondo agora essa lei no Congresso
Nacional.
Como se não bastasse, a Lava Jato pediu ajuda aos americanos
para apurar melhor a corrupção. Logo eles, os americanos que estão sempre
tentando abocanhar nosso petróleo!
Agora a Folha de 25/9 divulga a convite da Lava Jato: “Promotor dos EUA virá ao Brasil negociar com delatores da Lava Jato.” Isso é só ingenuidade?
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de
Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Rio de Janeiro, 25 de setembro de
2015
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
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