por Emanuel Cancella
O juiz Sérgio Moro ganha R$ 77 mil, o dobro do que ganha um
ministro do STF. E a advogada mulher do juiz Moro trabalha para o PSDB e para
empresas petroleiras estrangeiras, concorrentes diretas da Petrobrás.
Esse juiz Moro participou também do julgamento da AP 470,
conhecida como mensalão, e lá, ele e o presidente do STF Joaquim Barbosa deixaram
de fora o mensalão tucano, cujos crimes estão prescrevendo. Na Lava Jato,
chefiada pelo juiz Sérgio Moro, além da continuada blindagem dos parlamentares
tucanos, o governo de Fernando Henrique Cardoso do PSDB, apontado por vários delatores
como antro de corrupção, também não está sendo investigado.
O juiz Moro ganhou o prêmio de personalidade do ano da Globo.
A mesma Globo que na década de 90, junto com o governo de FHC, fez campanha
pela privatização da Petrobrás, comparando a Petrobrás a um paquiderme e chamando
os petroleiros de marajás. Mas a Petrobrás e os petroleiros responderam com a
descoberta do pré-sal! O senador tucano José Serra que foi denunciado em 2009 pelo
Wikileaks em telegrama que prometia caso fosse eleito favorecer a petroleira
americana Chevron, agora é autor da PLS 131/15 que tramita no senado federal com
o mesmo conteúdo de favorecimento a petroleira americana.
Agora vem a noticia do dia 23, do portal Brasil 247, que
investigadores americanos recolheram cópias de documentos da operação Lava Jato
para embasar uma ação coletiva contra a Petrobrás, que corre na Suprema Corte
de Nova York. Os autores da ação argumentam que a empresa não comunicou o caso
de corrupção adequadamente ao mercado, tendo fugido de sua obrigação. Fazem
isso, mas sabem que a queda das ações de petroleiras não é só da Petrobrás, mas
de todas as empresas de petróleo.
Ora, os americanos enganaram o mundo inteiro com a quebradeira
de 2008, nenhuma agência de risco alertou o mundo e o gigante quebrou. Quantos acionistasno
mundo foram vítimas? A chamada “Bolha imobiliária” que resultou na quebra do
sistema financeiro americano foi obra de corruptos. Aqui o chamado “Petrolão”
gera notícias negativas instantâneas na mídia principalmente na Globo, lá com
certeza corre em segredo de justiça. E tenho certeza de que nos EUA ninguém
quer proteger a imagem de corruptos e corruptores, o que eles fazem, e nos não fazemos,
é proteger os interesses do país.
Enquanto a Globo, o PSDB e a Lava Jato jogam lama na imagem
da Petrobrás, os americanos, na quebradeira de 2008, injetaram cerca de 7
trilhões de dólares, dinheiro público, para salvar os empregos e a imagem de
empresas como GM e Citybank. E é bom
que se diga, nenhuma dessas empresas americanas tem a importância para os EUA
como a Petrobrás para o Brasil. A Petrobrás sozinha financia, com os impostos
que paga, 80% das obras do PAC, as nossas maiores obras, e o Brasil é o segundo
canteiro de obras do planeta só perdendo para a China. Além de a Petrobrás
abastecer ininterruptamente o Brasil de derivados de petróleo há 62 anos.
O Brasil por ter um
grande mercado de consumo pode melhor administrar essa crise. E ninguém
acredita que o preço do barril de petróleo vai prosseguir abaixo dos U$ 60.
Assim como nenhum alquimista conseguiu fazer ouro em laboratório; o “Ouro Negro”,
a despeito de toda a desvalorização, continua sendo centro das principais
guerras contemporâneas no planeta.
Diante de tudo isso, vamos lembrar o
pensamento do americano negro que além pastor protestante, era senador, Martin Luther
King: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos
desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio
dos bons.”
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Rio de Janeiro, 23 de agosto de
2015
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
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