por Emanuel Cancella
Foi preciso que muitos trabalhadores perdessem seus
empregos, que muitos juristas, trabalhadores e outras autoridades protestassem
para que o juiz Sérgio Moro agora admita os contratos de leniência. Pelo
acordo, mesmo os responsáveis pelas empresas respondendo processo, ou mesmo
preso, a sua empresa continua a funcionar, principalmente para manter os postos
de trabalho, pratica rotineira no mundo. O juiz Moro estudou nos EUA, onde se
pratica esse contrato e sabe da importância social dele.
Lamentável a demora da operação para admitir esses
contratos o que fez muitos inocentes perderem seus empregos. Agora o mais
lamentável é a postura dos procuradores, Carlos
Fernando de Lima e Deltan Dallagnol: "A
depender do modo de celebração desse tipo de acordo (com a CGU), ele pode ser
prejudicial ao interesse público", disse Dallagnol. "Embora
legítima a preocupação do governo com consequências econômicas e sociais, a maior
preocupação deve ser com as consequências econômicas e sociais da corrupção
praticada e em desenvolvimento", afirmou.
É preciso que esses procuradores e a
sociedade saibam que quem sancionou a lei da Delação Premiada foi a presidente
Dilma, base de praticamente toda a operação Lava Jato. A presidenta sempre veio
a público apoiar as investigações. E pela primeira vez corruptos e corruptores
estão indo para a cadeia e o dinheiro da corrupção está voltando aos cofres
públicos.
Agora o que não dá para entender é que
esses procuradores que são duros com os trabalhadores. “A CGU foi feita para
controlar corrupção de funcionários públicos, não para ser a salvadora do
emprego. Se o governo quer criar um PROER, que faça no lugar certo, que é o
Congresso” afirmou Lima. O desprezo pelo emprego dos trabalhadores por parte
desses procuradores é chocante.
O que causa espanto é que esses
procuradores fizeram parte do grupo conhecido como “Tuiuiús” eles combateram no
governo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso - FHC o então Procurador Geral da
República - PGR, Geraldo Brindeiro, na época conhecido pela imprensa, como
Engavetador Geral da República.
Estranho que esses procuradores que
combateram o PGR no governo tucano de FHC, que jogam duro com os trabalhadores
na operação Lava Jato, que prendem empresários e políticos de vários partidos, se
omitam em relação aos ex governadores de Minas Gerais, tucanos, citados em
delação premiada no Lava Jato, Aécio Neves e Antonio Anastasia.
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos
Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional
dos Petroleiros (FNP).
Rio de Janeiro, 21 de
julho de 2015
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