por Emanuel Cancella

Não podemos
esquecer que , quando o petróleo era apenas um sonho, na década de 40/50, a sociedade brasileira organizou
a maior campanha que este país conheceu que foi O Petróleo é Nosso!. Dessa
campanha, resultou a criação da Petrobrás e do monopólio estatal do petróleo. O
petróleo hoje já é uma realidade, já que o pré-sal garante nossa autossuficiencia
no mínimo nos próximos 50 anos, produzindo mais de um milhão de barris por dia,
o suficiente para abastecer todos os países do Mercosul juntos. Será que agora,
depois de tanta luta, tanto investimento e com toda essa riqueza à disposição
do povo brasileiro, vamos permitir a entrega do nosso petróleo?
A Petrobrás nunca foi tão ameaçada como agora, no governo
golpista, pela Globo, PSDB e Lava Jato.
A Globo, já na década de 90, no governo de
Fernando Henrique Cardoso, fez campanha pela privatização da Petrobrás
comparando a Petrobrás a um paquiderme e chamando os petroleiros de marajás. A
mesma Globo que, mesmo com o sucesso inconteste do pé-sal, lança um editorial
em 20 de dezembro de 2015, com o título: “ O pré-sal pode ser patrimônio inútil”.
Fica clara
a ligação entre a Lava Jato e a Globo já que todos os vazamentos de delação
premiada da Operação Lava Jato são divulgadas primeiro na Globo, parecendo um
reality show. Além disso a Globo, que a todo custo prega a privatização da
empresa, premia o juiz Sérgio Moro como
homem que faz a diferença. Justamente o
juiz Sérgio Moro que chefia a operação Lava Jato, investigando a Petrobrás há
mais de um ano e meio, e, dizendo querer acabar com a corrupção, tudo faz para
acabar é com a Petrobrás. Não por acaso Moro, como um legítimo agente da CIA,
convoca os procuradores americanos para investigarem a Petrobrás e não convoca
nossos procuradores para investigarem a petroleira americana Chevron, que foi
denunciada em 2009 pelo Wikleaks na troca de correspondência onde o candidato derrotado
a presidência, José Serra, quando prometia favores a Chevron em prejuízo da
Petrobrás. Como reconhecimento aos serviços prestados, o governo americano
também premia o juiz Moro, e as principais revistas americanas, Fortune e Time,
homenageiam o juiz.
E por que a
Lava jato quer destruir o PT? Simplesmente porque os governos do PT afastaram o
perigo de privatização da Petrobrás e desenvolveram tecnologia inédita que
permitiu a descoberta do pré-sal. E ainda retomaram a indústria Naval, antes
desativada por FHC! A grande mídia esconde, mas a Petrobrás hoje responde por
13% do PIB e, com os impostos que paga, viabiliza 80% das obras no país, sendo
o Brasil a 2ª nação que mais realiza obras no mundo, só perdendo para a China. Aliás,
também na sina de prejudicar o governo, a Lava Jato tem proporcionado a
interrupção de várias dessas obras, dificultando os acordos de leniência, o que
permitiria que os donos de empresas evolvidas continuassem respondendo na
Justiça, mas as obras avançariam, não prejudicando assim nem os trabalhadores
nem a economia do país. Blog Conversa Afiada, 04/02/16: “Eu não acho que exista um combate à corrupção, existe
uma guerra declarada ao Partido dos Trabalhadores”. Quem diz a frase,
dita com a ressalva de que “não sou PT” e “não gosto de muita coisa no
PT” é o delegado aposentado Armando Coelho Neto, ex-presidente da Associação de
Delegados da Polícia Federal.”
E a lava Jato que quer destruir o PT que fortaleceu a
Petrobrás, por outro lado protege descaradamente o PSDB, que sempre quis entregar a Petrobrás. Pois apesar
das inúmeras delações premiadas contra senadores tucanos como Antonio
Anastasia, Aluysio Nunes e Aécio Neves,
este cinco vezes delatado, Moro nada faz contra eles. Como também, o governo de
FHC na Petrobrás que já foi varias vezes denunciado na lava Jato e Moro faz
vista grossa, nem com o próprio FHC revelando em seu livro, Diários da
Presidência, que havia corrupção na Petrobrás no seu governo. Ora, quem quer
acabar com a corrupção não protege corruptos!
Na verdade, todos os vazamentos da Lava Jato são no
sentido de destruir o PT e desmoralizar a Petrobrás, não para acabar com a
corrupção como querem fazer parecer, mas sim para desmoralizar a Petrobrás,
viabilizando assim sua entrega, como fizeram com a Vale do Rio Doce, a maior
mineradora do mundo, vendida a preço de banana, na gestão do PSDB, partido que
está ao lado do Temer agora.
O governo interino de Michel Temer já declarou que vai
privatizar tudo, principalmente a Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa econômica.
E já começou com o anúncio de Temer do fim do Fundo Soberano e a flexibilização
do pré-sal. Na Petrobrás Temer indicou para presidi-la, Pedro Parente, ex-ministro
do governo de FHC, que comandou o apagão e a tentativa da privatização da
Petrobrás.
O mundo tem repudiado o golpe no Brasil e a sociedade
brasileira tem respondido fortemente contra o golpe. A ocupação das escolas, em
vários estados, em busca de uma educação de qualidade, e a ocupação do
Ministério da Cultura, o que fez Temer desistir de acabar com o ministério, são
exemplos a serem seguidos! A greve dos petroleiros já está decidida pelas duas
federações que dirigem os petroleiros. Creio que os partidos políticos que
estão contra o golpe, PT, Pc do B, PCR, Psol, PCB, PDT, os movimentos sociais, principalmente,
MST, MTST, UNE e as centrais sindicais têm que, na greve dos petroleiros,
ocupar as unidades da Petrobrás.
Com retomada da participação de
civis, militares, comunistas, conservadores e estudantes, podemos renascer a
campanha “O Petróleo é Nosso!” e impedir a entrega da Petrobrás!
Rio de Janeiro, 03 de junho de 2016
Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ 75
300
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do
Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros
(FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia,
Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
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