por Emanuel Cancella e Francisco Soriano

A Venezuela
tem a maior reserva de petróleo do mundo.
O Brasil fez a
maior descoberta deste ouro negro dos últimos tempos, o pré-sal, localizado ao
longo da nossa vasta costa marítima.
Em 2002, os
EUA também patrocinaram um golpe na Venezuela. Apoiados por militares fascistas
e entreguistas daquele país, assaltaram o palácio presidencial, destituíram e
levaram preso Hugo Chávez para uma distante ilha. A malograda insurreição durou
menos de 48 horas. A ira sagrada do povo venezuelano se acendeu. Ruas e praças
foram ocupadas. Os golpistas ficaram sitiados pelo povo que gritava, como agora
brada o povo brasileiro: “Não Passarão”. Militares legalistas e patriotas não
traíram o povo e os interesses legítimos daquela nação. Retomaram o palácio,
prenderam os entreguistas e libertaram o presidente legítimo. Como no Brasil, o
governo golpista já estava sendo reconhecido por Washington.
Em 1954,
Getúlio Vargas, eleito democraticamente em 1950, por assumir uma postura
nacionalista e promulgar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como Dilma
agora, foi também vítima de uma campanha golpista, encomenda e patrocinada por
Wall Street, pagando os mesmos apóstolos de Judas, destacando as Organizações
Globo, que tiveram sua sede destruída e incendiada, em 24 de agosto de 1954,
pela fúria popular, vingando a morte do grande estadista.
O Brasil, a
partir de 1964, viveu 21 anos de golpe militar patrocinado pelos EUA, com apoio
da Globo e outras “empresas de promoção e divulgação”. Não são órgãos de
imprensa.
Neste
instante, ano 2016, nosso país vive outro golpe. Os apoiadores? Os de sempre,
tendo o governo americano e sua imprensa oficial, The Globe.
Afastaram uma presidente eleita pelo voto de 54,5 milhões de brasileiros que
nenhum crime cometeu. “Pedalada fiscal” é remanejamento ou postergação de um
pagamento. Não constitui crime, seja em nossa legislação ou em nenhum lugar do
mundo! Até porque, se o fosse, Michel Temer assinou também os mesmos
decretos assim denunciados!
O golpe foi
denunciado por todas as agências de notícias internacionais e destacado pelos
principais jornais do mundo, dentre eles o New York Times, com atos
em todo o Planeta e até no Festival de Cannes.
Estranho que
agora a mídia, principalmente a Globo, ignore a presidente Dilma no debate
atual da violência contra a mulher, que inclui o preconceito, o estupro,
homofobia e misoginia. No caso da presidente Dilma, os fatos mostram que o
motivo principal do seu impedimento, foi por nunca ter questionado a Lava Jato,
como mostram as gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mas
foi também por conta do machismo. Não podemos esquecer que Dilma é a
primeira presidente mulher do Brasil. Mulher para os golpistas tem que ser
bela, recatada e do lar e sem capacidade para governar.
A mídia
brasileira, capitaneada pela Globo, o STF e os partidos que compõem o governo
interino de Michel Temer, PMDB, PSDB, PP etc. defendem (até porque participaram
da conspiração) que não houve golpe no país! Inclusive assediam a presidente
Dilma, que chegou a requerer a sua convocação pelo STF para se justificar pelo
emprego da palavra “golpe” para definir seu afastamento. Temer também cortou as
viagens e até os almoços da presidenta. Todavia,
a certeza de que houve sim um golpe fascista, covarde e cruel acha-se
registrada e denunciada pelo mundo afora. Nas ocupações de escolas, órgãos
públicos, os estádios de futebol, ruas, praças, congresso, casa residencial do
“presidente”, todos gritando alto e exigindo “Fora Temer Golpista”.
Não é de se
estranhar que a Globo agora dê todo esse destaque para a “crise” da Venezuela,
que, à semelhança do ocorrido em 2002, são os mesmos golpistas, com apoio dos
EUA, que estão por trás do plebiscito para viabilizar a saída do presidente
eleito pela maioria dos venezuelanos, como fizeram no Brasil, via Congresso
Nacional, com os partidos da base de apoio do governo interino, mídia golpista
e o STF.
Sabe-se hoje
que a maioria daqueles que foi para a rua apoiar a saída da presidente
Dilma já está revendo sua posição, expressada nas recentes pesquisas de
opinião. É que estão entendendo as manobras golpistas e acompanhando o
desemprego no Brasil que continua crescendo, atingindo, no desgoverno Temer 11%
da população economicamente ativa.
A Globo, que
pauta a Venezuela por conta do desabastecimento, deveria se sensibilizar com o
desemprego no Brasil com 11% e na Grécia, que já atinge 25% da população. Com
as desigualdades no Brasil, com a fome que ainda vivenciamos, banalizada pelas
elites como a fome na África.
Apesar de enganar a sociedade, simulando querer debelar a
corrupção, o real motivo de a Globo atacar o governo da Venezuela coincide com
os interesses americanos expressos no golpe frustrado contra Chávez. O pano de
fundo constitui-se no mesmo objetivo do golpe no Brasil: cassar direitos
trabalhistas e se apossar do nosso petróleo e recursos naturais.
Rio de
Janeiro, 06 de junho de 2016
Autores:
Emanuel Cancella, - OAB/RJ 75
300
Emanuel
Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
(Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Francisco
Soriano – Id. 992.213, SSP-MG, economista, autor do livro e documentário: A
Grande Partida: Anos de Chumbo e diretor financeiro do Sindipetro-RJ.
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