por Emanuel Cancella

A Constituição Federal brasileira garante a todos brasileiros
a presunção da inocência, cabendo o ônus da prova a quem acusa. Entretanto,
para a direção da Petrobrás, todo o petroleiro é suspeito! O Clima dentro da
companhia é de terror, eles estão trazendo gente de fora para administrá-la. E,
ao que parece, pessoas que têm juízo de valor contra a Petrobrás e os
petroleiros. E o pior está ainda para chegar que será o presidente, que indicado
por Temer, Pedro Parente, do PSDB, foi o ministro do apagão e integrante do
governo de FHC, que fez de tudo para privatizar a Petrobrás.
Na época de FHC, a propaganda pela privatização era comparando
a Petrobrás a um “Paquiderme” e chamando os petroleiros de “Marajás”. Eles estão de volta agora e consideram
todos os petroleiros corruptos! Pelo menos quatro petroleiros, demitidos pela
direção da empresa no ultimo período, foram reintegrados pelo sindicato do Estado
do Rio à Petrobrás. Isso mostra os equívocos dos administradores da companhia,
causando prejuízo financeiro e psicológico aos funcionários e dilapidando o
patrimônio público.
Diante do clima de
caça às bruxas dentro da companhia, o Sindipetro/RJ e a FNP vão discutir, na
próxima semana, quando se reúnem, a responsabilização pessoal dos diretores e
gerentes pelos prejuízos causados aos funcionários por conta das punições e
demissões, tanto financeiro como de saúde. É muito cômodo para eles punindo
erradamente, às vezes por perseguição pessoal ou assédio moral, e a Petrobrás pagando
a conta. Assim eles ficam na zona de conforto!
Estamos falando de uma empresa que, além de abastecer o país
de derivados de petróleo, ininterruptamente, há mais de 60 anos, responde por 13% do PIB. E ainda financia, com
os impostos que paga, 80% das obras no país que é o 2º canteiro de obras do
mundo, só perdendo para a China. Nossa empresa também ganhou pela terceira vez
o “Oscar” da indústria do petróleo e o prêmio da OCT e desenvolveu tecnologia
inédita no mundo, permitindo a descoberta do pré-sal.
E a Petrobrás é a única empresa que tem uma investigação permanente
há mais de um ano e meio, a Lava Jato.
E os sindicatos dos petroleiros, em momento
algum, nunca propuseram calar a Operação, como vem a público agora, através de
gravações, que o ex-ministro Romeró Jucá, o presidente do senado Renan Calheiro
e o próprio presidente interino, Michel temer, querem o fim da lava Jato, para
que eles e seus pares fiquem impunes. E fica claro que o impeachment de Dilma,
segundo a gravação, foi principalmente porque ela não aceitou interferir na
Lava Jato!
Os petroleiros da Petrobrás não temem investigação, muito
pelo contrário, sempre denunciaram os desvios de conduta, e fizeram isso muito
antes da Lava Jato. Enterros simbólicos, em frente à sede da empresa, de
diretores e do alto escalão da companhia. Inclusive com denúncias ao Ministério
Público e à Policia Federal, tudo com fotografias e documentos comprobatórios. Ao invés de prêmios, como ganha a Lava Jato, o
Sindicato dos petroleiros do Estado do Rio e Caxias foram processados e seus
diretores ameaçados de prisão.
Temos críticas a Lava Jato em cima de fatos, como a
seletividade, já que não prenderam ninguém do PSDB. E não venham com a ladainha
de que vão pegar todos, pois o mensalão, que teve a participação do juiz Sérgio
Moro, como assistente da ministra Rosa Weber, não julgou o mensalão tucano,
anterior ao do PT, que está prescrevendo sem julgamento! Senadores tucanos, citados
em delação na Lava Jato, como Antonio Anastasia, Aluysio Nunes e Aécio Neves, este
cinco vezes delatado, estão soltos. Como também o governo de FHC na Petrobrás
que foi citado várias vezes na Lava Jato e nada, nem mesmo o próprio FHC
reconhecendo em seu livro, Diários da Presidência, que havia corrupção em seu
governo na Petrobrás. Nada disso sensibilizou o juiz Moro!
Além dessa proteção a alguns, impossível também acreditar na
Justiça de um país onde criminosos como os envolvidos em escândalos muito
maiores do que o da Petrobrás, como Zelotes e Swssleaks, corrupção na FIFA, Panamá
Papers e desvio da merenda das escolas de São Paulo, não são sequer investigados
por nenhuma operação da policia Federal, não se vê nenhuma prisão de diretor e
muito menos devolução do produto da
corrupção aos cofres públicos. Então por que ainda querem considerar todo o
petroleiro suspeito, depois de todos os serviços prestados à nação e a
Petrobrás sendo investigada há mais de ano e meio, com diretores e gerentes
presos e o dinheiro roubado voltando aos cofres públicos? Só existe uma
explicação para isso, e não é melhorar a gestão!
Querem fazer com a
Petrobrás o mesmo que fizeram com a Vale do Rio Doce, a maior mineradora de
ferro do mundo, que é desmoralizá-la para vendê-la a preço de banana!
Rio de Janeiro, 25 de maio de
2016
Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ
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Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
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