por Emanuel Cancella

A história está cheia de anúncios
dos que já se achavam vitoriosos, mas que acabaram sendo derrotados. Michel
Temer gravou um discurso vitorioso para depois do golpe, que “vazou”. Aécio
Neves gravou o vídeo da vitória que não aconteceu e até hoje ele não se
conforma. Também FHC que, em 1984, sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo,
antes da apuração, a qual Janio Quadros desinfetou para, como prefeito eleito, ocupar.
É bom deixar claro que, da parte
dos brasileiros que lutam contra o golpe, a votação do impeachment é apenas uma
etapa na luta pelo Brasil que queremos. Vamos depois garantir, nas ruas, Lula como
ministro de Dilma, simplesmente por ser o homem que saiu no segundo governo com
mais de 80% de aprovação; que tirou 39 milhões de brasileiros da pobreza e que
levou o Brasil ao pleno emprego. Depois vamos garantir, nas ruas, Lula
candidato à presidência em 2018.
Lula, quando presidente, afastou a
ameaça de privatização da Petrobrás, retomou a indústria naval e, em seu
governo, a Petrobrás desenvolveu tecnologia inédita no mundo, propiciando a
descoberta do pré-sal. E a lei da Partilha também foi obra do governo Lula e agora,
como ministro, Lula tem que garantir a integridade da lei da Partilha e pedir a
presidente Dilma que vete a lei de José Serra, 4567/16, que flexibiliza a
partilha. Pedir também que seja retirado o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine,
como Dilma fez com o ministro Joaquim Levy, pois ambos são neoliberais. Ao contrário
de Bendine, que quer reduzir a participação da Petrobrás na economia, os
sindicatos dos petroleiros querem ampliá-la, construindo as duas refinarias no
Ceará e Maranhão, o que vai nos levar a auto-suficiência no refino, bem como
concluir no Comperj o braço petroquímico da Petrobrás. Com isso, a Petrobrás,
que representa 13% no PIB brasileiro, vai dobrar sua participação.
Dilma tem que esquecer a reforma
da previdência e trabalhista, de acordo com o que Lula pregou na Lapa, para
militantes do PT, PC do B, PDT, Psol, PCB e PCO e governar para os
trabalhadores, não para o mercado. Lula também disse que R$100,00 na mão de uma
dona de casa vai servir para comprar carne, arroz, feijão, movimentando assim a
economia. Mas na mão do rico vai para o sistema financeiro e assim como os juros
altos da Selic servem para enriquecer mais ainda os banqueiros.
Essa história de responsabilidade
fiscal, de não gastar mais que arrecada, é muito bom para banqueiro que garante
o pagamento dos juros, indo para o bolso deles. Se o endividamento for para
financiar casas para os pobres, colocar mais filhos dos trabalhadores nas
universidades e escolas técnicas, gerar mais emprego para os brasileiros, botar
mais comida na mesa do povo, que o
governo aumente a dívida pois a maioria da sociedade irá aplaudi-lo.
Se o golpe é uma coisa temerária e
vamos lutar muito para barrar os golpistas, pelo menos eles acordaram a sociedade
para o fato de que o Brasil que queremos, nós só vamos conquistar nas ruas, com
a participação popular! Não vai ter golpe, vai ter luta!
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2016
OAB/RJ 75
300
Emanuel Cancella é
coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
(Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo
enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja,
Época entre outros órgãos de comunicação.
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