domingo, 20 de março de 2016

Delegado da federal foi condenado e demitido porque vazou na Operação Satiagraha. E os vazamentos da Lava Jato, como ficam?

por Emanuel Cancella
                               
A polêmica está estabelecida, porque a lei diz que não pode haver vazamentos de delação, pois esta, só no final do processo poderá ser validada ou não, já que ainda terá que ser comprovado o que o delator disse. Entretanto a Lava Jato vaza e, pior, de forma seletiva, já que o senadores tucanos, Antonio Anastasia,  Aloysio Nunes Ferreira, Aécio Neves, este citado cinco vezes, não teve nenhum vazamento, enquanto a operação, de forma criminosa, vaza a todo momento, sempre prejudicando o governo, e agora grampeou e vazou até um diálogo entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma.
Vazamento é tão grave para a Justiça que o delegado Protógenes de Queiroz foi condenado e destituído da PF porque vazou conteúdo do processo da operação que chefiava. E o processo não era contra qualquer autoridade, mas  contra o banqueiro Daniel Dantas, que o delegado Protógenes denominou de banqueiro ladrão.  Daniel Dantas foi  condenado pela justiça a dez anos de prisão, entretanto foi liberado através de 2 habeas corpus, expedidos em menos de 24 horas, pelo ministro Gilmar Mendes. O mesmo ministro também libertou o médico estuprador, Roger Abdelmassin, que violentou 37 mulheres. Esse ministro mais parece aqueles advogados de porta de cadeia, cuja a prioridade é $ocorrer bandidos.
O novo ministro da justiça, Eugênio Aragão já mandou recado que não aceita vazamento de delação. Será que o crime de vazamento só valeu para o delegado Protógenes de Queiroz?  O ministro da justiça falou com base no Código Penal Brasileiro, no qual grampo é crime inclusive sujeitando o infrator à prisão. Em outras palavras, o ministro da Justiça mandou o aviso não só para os delegados da PF, como para juízes, procuradores e delegados de que a lei é dura mas é lei e vale para todos.
O delegado presidente da Associação de delegados, Carlos Eduardo Sobral, respondeu ao ministro da Justiça distorcendo o que disse o ministro da Justiça, falando em afastamento preventivo. O ministro da Justiça disse  que vai afastar da operação lava Jato o delegado que vazar delação premiada.
Aliás, seria bom o presidente da Associação dos delegados responder a afirmação de seu antecessor na Associação, Armando Coelho Neto, que divulgou nota dizendo que: “Eu não acho que exista um combate à corrupção, existe uma guerra declarada ao Partido dos Trabalhadores”. Aliás, seria bom o ministro da Justiça mandar os delegados da PF baterem ponto, como todo funcionário público, e trabalhar mais para o país e menos para a politica. Esses delegados são funcionários públicos, recebem dinheiro público, e em suas atribuições não consta perseguir ou proteger partidos políticos, veja as atribuições no endereço abaixo.
Se o vazamento serviu para condenar e destituir o delegado da PF Protógenes Queiros tem que valer para todos delegados, aliás, a Associação dos Delegados deveria defender isso!
Já dizia Stanislaw Ponte Preta: “- Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos! “


Rio de Janeiro, 20 de março de 2016 

OAB/RJ 75 300              
               
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.


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