por Emanuel Cancella
Na ditadura prevalecia “O sabe com quem está
falando”? Ninguém investigava ninguém! A afirmação, por exemplo, sendo falsa ou
verdadeira, contra qualquer autoridade, imaginem! Contra o ex-presidente, Lula e
a presidente Dilma, que sabiam da corrupção na Petrobrás, resultaria em
perseguição, prisão, desaparecimento, tortura e morte.
Mas os militares não foram os mais corruptos
desta República, já que fortaleceram as empresas públicas e jamais fariam a Privataria
Tucana. E também tem que ser dito que muitos militares se insurgiram, exigindo
respeito à Constituição Federal, e sofreram o mesmo tratamento dos civis.
Existia divisão entre os militares!
Depois enfrentamos dois governos de Fernando Henrique
Cardoso, onde a corrupção explodiu. Corrupções incontestes como a compra de
votos para reeleição e a Privataria Tucana foram simplesmente engavetadas. A
reeleição para FHC chegou a alterar a Constituição Federal, a lei maior do
país. E a Privataria Tucana faz escândalos como Zelotes, Wikleaks e Petrolão
virarem troco, tais os valores envolvidos.
FHC foi sagaz, pois paralisou os órgãos investigatórios,
fazendo com que a Justiça, PF e MP ficassem
simplesmente sucateados por falta de concursos públicos. A imprensa divulgava
que os carros da PF estavam parados por falta de gasolina e os telefones
cortados por falta de pagamento! E FHC colocou à frente do PGR um aliado,
Geraldo Brindeiro, denominado pela imprensa como Engavetador Geral da República.
Esse engavetamento e sucateamento com certeza não eram por acaso, mas para não
se investigar as falcatruas gritantes em seu governo!
Na época,
um grupo de procuradores fazia oposição veemente ao procurador- engavetador. O
grupo se denominava “Tuiuiús”, que é um pássaro do Pantanal que não consegue
levantar voo, e eles se autodenominavam assim porque não conseguiam investigar já que Brindeiro
engavetado tudo. Esses mesmos procuradores estão hoje na Lava Jato e agora que poderiam
investigar tudo principalmente a era FHC na Petrobrás, transformam-se em camaleões,
pois blindam o partido do “engavetador”, o PSDB, apesar das provas gritantes.
Esses procuradores, que se apresentam como
paladinos da justiça, vivem a dar entrevistas e a participar de palestras
Brasil afora. Eles deveriam priorizar a explicação para essa súbita mutação,
caso contrário podem ser taxados de vigaristas.
Hoje há
uma gigantesca conspiração no sentido de destruir a ordem brasileira, ditada
pela Constituição Federal, e para isso há uma total cumplicidade dos órgãos investigatórios,
justiça, MPF, STF e PF, com a mídia. Essas
distorções superam a época da ditadura e o período do engavetador, quando
tornavam reféns o povo. Agora engabelam a sociedade para tornar refém o governo
federal. Chegam ao absurdo de quererem
cassar o PT e fazer o impeachment de Dilma com argumentos sem nenhuma base jurídica.
E mais que prender Lula, querem torná-lo inelegível, para que não possa
disputar a eleição em 2018.
Para atacar a reputação de Lula, coisa que a mídia
faz desde a primeira eleição, perdida, e nas duas que se reelegeu, como eles
não têm o que falar, apelam para a nora, filho, amigo, o apartamento que Lula
não comprou e o sítio que Lula usava mas que não é dele.
Esperamos que a reserva moral das
entidades investigatórias se manifestem e isso tem acontecido, como com o juiz João
Batista Damasceno: “Tenho vergonha de ser juiz, mas não perco a garra e nem me dobro ao
cansaço”.
E o juiz Siro Darlan por criticar
o auxílio-educação dos juízes, sendo por isso afastado do cargo de coordenador das comissões de adoção internacional e
articulação das varas da infância e juventude.
Outra surpresa boa
da justiça também não foi na Lava jato: “Justiça
aceita denúncia sobre corrupção na Petrobras desde 1999”, publicada na Folha de 20/01/16: “O juiz
substituto da 3ª Vara Federal do Rio, Vitor Barbosa Valpuesta, aceitou a
denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa
holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras de 1999 a 2012.”
Como também a denúncia descrita no Artigo no jornal GGN de
18/01/16, pelo Delegado da PF Armando R. Coelho Neto: “Pra não dizer que não falei do Moro”. (...) Agora, quem
sabe, fique claro, que não existe combate à corrupção. Existe guerra contra o
Partido dos Trabalhadores, por razões que não podemos especular, posto que vão
desde bravatas sobre o tal “Fórum de São Paulo” à tentativa de transformar o
Brasil numa Venezuela.”
Também não foi na Lava Jato: G1, 16/12/2015
: “Justiça condena Azeredo a 20 anos de
prisão por mensalão tucano”. Isso pela juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Melissa Pinheiro
Costa Lage.
O mais vergonhoso foi o acontecido ao delegado
Protógenes de Queiroz da Polícia Federal. Ele ousou prender o banqueiro, Daniel
Dantas, liberado pelo ministro Gilmar Mendes, que concedeu 2 habeas
corpus, em menos de 24h. O banqueiro que Protógenes chamava de ladrão foi solto,
mas delegado foi condenado e afastado da policia Federal por ter vazado
informação sigilosa do processo. Estranho que na Lava Jato há vazamento seletivo
toda semana, mas ninguém pune ninguém.
Nessa hora, vale a
pena lembrar da frase do senador americano, que foi assassinado na luta contra
o racismo nos EUA: “O que
me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons!”
Rio de Janeiro, 29 de janeiro de
2015
OAB/RJ
75
300
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário