sábado, 2 de janeiro de 2016

Pacote de dez medidas de combate a corrupção do MPF seria uma “cortina de fumaça” para esconder os próprios desvios e também os da Lava Jato?

por Emanuel Cancella
A verdade é que quem propiciou as condições para que corruptos e corruptores, pela primeira vez, fossem para a cadeia, e que os bens roubados fossem confiscados, foram os governos do PT, Lula e Dilma. Principalmente porque a lei de delação premiada foi sancionada por Dilma! E o ministro Joaquim Barbosa, nomeado por Lula, foi quem dirigiu o julgamento da AP 470, o mensalão, entretanto não julgou o mensalão tucano, que foi anterior ao do PT e está prescrevendo.
Na ditadura militar nada foi investigado, prevalecia o “Sabe com quem está falando?”.  Porém os governos militares não foram os maiores corruptos da República, inclusive defendiam a Petrobrás e o patrimônio público.
Já no governo de Fernando Henrique Cardoso todos os órgãos investigativos estavam sucateados,  justiça, Ministério Público e  Polícia Federal. A imprensa denunciava que os carros estavam parados por falta de gasolina e os telefones cortados por falta de pagamento. Escândalos generalizados aconteceram no governo do PSDB, como a compra de votos para reeleição e a  “Privataria Tucana”.  Será que esse sucateamento era falta de dinheiro ou uma defesa do governo corrupto de FHC?
Só nos governos do PT os órgão investigativos, Justiça, MP e PF foram restaurados através de concursos públicos e com dotação que permitiu  a compra de equipamentos dos mais modernos no mundo. E nem Lula nem Dilma se insurgiram contra qualquer tipo de investigação, muito pelo contrário, sempre quando vieram a público foi para apoiar todo tipo de investigação.
Entretanto, de forma maquiavélica o PT é vítima da Lava Jato, dos vazamentos seletivos e das prisões através de delação premiada. Da mesma forma os denunciados tucanos como, Antonio Anastasia e Aécio Neves, este denunciado pela segunda vez na Lava Jato, nada sofrem.  E nem investigam o governo de FHC na Petrobrás que, além de citado em varias delações,  o mesmo reconhece que existiu corrupção na Petrobrás, em seu governo, no seu livro “Diários da Presidência”. E a sociedade exige que corruptos e corruptores vão para a cadeia, independente de partido partidos, do PT, do PSDB ou qualquer outro, depois do amplo direito de defesa e do processo transitado em julgado.
Existe uma questão política contra a Lava Jato que é o convite a procuradores americanos para vir investigar a Petrobrás. Seria a legalização da espionagem?  Logo os americanos que barganhavam o pré-sal entre o candidato derrotado José Serra e a petroleira americana Chevron, segundo denúncia do Wikeleaks de 2009. Logo os americanos que só têm petróleo para três anos e querem abocanhar nosso ouro negro? Logo os americanos que premiaram à operação Lava Jato, possivelmente pelos serviços prestados? Mais estranho do que esse favorecimento aos americanos só a prisão do Almirante, pai do submarino atômico, cuja principal missão da embarcação é proteger nosso pré-sal e com a prisão as obras estão paradas. E ainda, os EUA são dos poucos países que não reconhecem nossos limites de águas internacionais, onde se localizam grande parte do pré-sal.  
Entre tantas, a maior armação da lava Jato foi vazar para a revista Veja e para o Jornal Nacional da Globo, na véspera da eleição, de que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobrás. Fato desmentido, em seguida, pelo próprio advogado do delator. 
A lava Jato, declarou que sua exclusividade era investigar a Petrobrás, e por isso não podia investigar Furnas, cujo o tucano Aécio Neves, segundo delação, controlava  uma diretoria que lhe pagava “mensalão” através da irmã. Porém foram investigar a Eletro Nuclear, a Tranposição do Rio São Francisco e agora os Correios.   
Lógico que existem juízes procuradores, delegados e agentes da PF que merecem todo o nosso respeito, mas a Lava Jato se constituiu num tribunal de exceção, o que é vedado pela Constituição Federal. Não entendo o silêncio da OAB?
No mínimo estranho que, segundo a Folha de 05/04/15, todos os procuradores que compõem a força tarefa da Lava Jato formavam o grupo conhecido como “Tuiuiús”, isso no governo de FHC, quando combatiam o PGR da época, Geraldo Brindeiro,  nomeado por FHC, também conhecido como “Engavetador Geral da República”. Se criticavam o engavetamento das denúncias no governo FHC, por que agora participam da blindagem aos tucanos?
Um absurdo  que convivam com desvios legais dentro da Operação como grampos, vazamentos seletivos e a chamada indústria de delações premiadas. E convivam com o doleiro Alberto Youssef, que acompanha estranhamente o juiz Sergio Moro, a tiracolo, desde a investigação de corrupção na prefeitura de Maringá, no Banestado  e  agora na Lava Jato.
Alberto Youssef  já é chamado de operário padrão da indústria de delações do juiz Moro, só falta a Globo, que premiou o juiz, como personalidade do ano, premiar também Youssef como operário padrão.
Será que só com essas dez medidas o Ministério Publico vai investigar o aeroporto de Claudio em Minas Gerais, arquivado pela segunda vez pelo MP do estado? Vão mandar investigar o governo de FHC na Petrobrás? Vão corrigir os desvios da Lava Jato? Vão mandar prender os senadores tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia? Vão exigir a saída imediata de Eduardo Cunha da presidência da Câmara e sua ida para prisão?  
Mas a pergunta que não quer calar: Será que só depois desse abaixado-assinado, com as dez medidas de combate a corrupção, o MPF vai agilizar a investigação do Zelote que está zerada e envolve valores oito vezes maiores que o Lava Jato?
 Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 2016 

OAB/RJ 75 300              

               
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.




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