por Emanuel Cancella
A verdade é que quem propiciou as condições para que corruptos e
corruptores, pela primeira vez, fossem para a cadeia, e que os bens roubados
fossem confiscados, foram os governos do PT, Lula e Dilma. Principalmente
porque a lei de delação premiada foi sancionada por Dilma! E o ministro Joaquim
Barbosa, nomeado por Lula, foi quem dirigiu o julgamento da AP 470, o mensalão,
entretanto não julgou o mensalão tucano, que foi anterior ao do PT e está
prescrevendo.
Na ditadura militar nada foi investigado, prevalecia o “Sabe com quem
está falando?”. Porém os governos militares
não foram os maiores corruptos da República, inclusive defendiam a Petrobrás e
o patrimônio público.
Já no governo de Fernando Henrique Cardoso todos os órgãos
investigativos estavam sucateados, justiça,
Ministério Público e Polícia Federal. A
imprensa denunciava que os carros estavam parados por falta de gasolina e os
telefones cortados por falta de pagamento. Escândalos generalizados aconteceram
no governo do PSDB, como a compra de votos para reeleição e a “Privataria Tucana”. Será que esse sucateamento era falta de
dinheiro ou uma defesa do governo corrupto de FHC?
Só nos governos do PT os órgão investigativos, Justiça, MP e PF foram
restaurados através de concursos públicos e com dotação que permitiu a compra de equipamentos dos mais modernos no
mundo. E nem Lula nem Dilma se insurgiram contra qualquer tipo de investigação,
muito pelo contrário, sempre quando vieram a público foi para apoiar todo tipo
de investigação.
Entretanto, de forma maquiavélica o PT é vítima da Lava Jato, dos
vazamentos seletivos e das prisões através de delação premiada. Da mesma forma os
denunciados tucanos como, Antonio Anastasia e Aécio Neves, este denunciado pela
segunda vez na Lava Jato, nada sofrem. E
nem investigam o governo de FHC na Petrobrás que, além de citado em varias
delações, o mesmo reconhece que existiu
corrupção na Petrobrás, em seu governo, no seu livro “Diários da Presidência”. E
a sociedade exige que corruptos e corruptores vão para a cadeia, independente
de partido partidos, do PT, do PSDB ou qualquer outro, depois do amplo direito
de defesa e do processo transitado em julgado.
Existe uma questão política contra a Lava Jato que é o convite a procuradores
americanos para vir investigar a Petrobrás. Seria a legalização da espionagem? Logo os americanos que barganhavam o pré-sal entre
o candidato derrotado José Serra e a petroleira americana Chevron, segundo denúncia
do Wikeleaks de 2009. Logo os americanos que só têm petróleo para três anos e querem
abocanhar nosso ouro negro? Logo os americanos que premiaram à operação Lava
Jato, possivelmente pelos serviços prestados? Mais estranho do que esse favorecimento
aos americanos só a prisão do Almirante, pai do submarino atômico, cuja principal
missão da embarcação é proteger nosso pré-sal e com a prisão as obras estão
paradas. E ainda, os EUA são dos poucos países que não reconhecem nossos
limites de águas internacionais, onde se localizam grande parte do pré-sal.
Entre tantas, a maior armação da lava Jato foi vazar para a revista Veja
e para o Jornal Nacional da Globo, na véspera da eleição, de que Lula e Dilma
sabiam da corrupção na Petrobrás. Fato desmentido, em seguida, pelo próprio
advogado do delator.
A lava Jato, declarou que sua exclusividade era investigar a Petrobrás,
e por isso não podia investigar Furnas, cujo o tucano Aécio Neves, segundo
delação, controlava uma diretoria que
lhe pagava “mensalão” através da irmã. Porém foram investigar a Eletro Nuclear,
a Tranposição do Rio São Francisco e agora os Correios.
Lógico que existem juízes procuradores, delegados e agentes da PF que
merecem todo o nosso respeito, mas a Lava Jato se constituiu num tribunal de
exceção, o que é vedado pela Constituição Federal. Não entendo o silêncio da
OAB?
No mínimo estranho que, segundo a Folha de 05/04/15,
todos os procuradores que
compõem a força tarefa da Lava Jato formavam o grupo conhecido como “Tuiuiús”, isso
no governo de FHC, quando combatiam o PGR da época, Geraldo Brindeiro, nomeado por FHC, também conhecido como
“Engavetador Geral da República”. Se criticavam o engavetamento das denúncias
no governo FHC, por que agora participam da blindagem aos tucanos?
Um absurdo que convivam com
desvios legais dentro da Operação como grampos, vazamentos seletivos e a
chamada indústria de delações premiadas. E convivam com o doleiro Alberto Youssef,
que acompanha estranhamente o juiz Sergio Moro, a tiracolo, desde a
investigação de corrupção na prefeitura de Maringá, no Banestado e agora
na Lava Jato.
Alberto Youssef já é chamado de
operário padrão da indústria de delações do juiz Moro, só falta a Globo, que
premiou o juiz, como personalidade do ano, premiar também Youssef como operário
padrão.
Será que só com essas dez medidas o Ministério Publico vai investigar o
aeroporto de Claudio em Minas Gerais, arquivado pela segunda vez pelo MP do
estado? Vão mandar investigar o governo de FHC na Petrobrás? Vão corrigir os
desvios da Lava Jato? Vão mandar prender os senadores tucanos Aécio Neves e
Antonio Anastasia? Vão exigir a saída imediata de Eduardo Cunha da presidência da
Câmara e sua ida para prisão?
Mas a pergunta que não quer calar: Será que só depois desse abaixado-assinado,
com as dez medidas de combate a corrupção, o MPF vai agilizar a investigação do
Zelote que está zerada e envolve valores oito vezes maiores que o Lava Jato?
Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 2016
OAB/RJ 75
300
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do
Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos
Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o
Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
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