sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

2015 - O ano em que a justiça deu um passo para frente e dois para trás

por Emanuel Cancella
                                                
A justiça avançou quando, pela primeira vez, corruptos e corruptores foram para a cadeia. Na Lava Jato, apesar de seletiva, do grampo, do vazamento e da indústria da delação; banqueiros, senadores, juízes e grandes empresários foram presos e parte do dinheiro desviado foi  recuperado.
Mas ficamos tristes quando constatamos que escândalos como o Zelote está totalmente parado, mesmo que envolva valores oito vezes maiores que o Lava Jato, referente à sonegação fiscal e previdenciária. Esse escândalo inclui os bancos Santander, Safra e Bradesco; as companhias Cimento Penha, Boston Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio e Mundial-Eberle;  as montadoras Ford e Mitsubishi; o grupo Gerdau; e a maior afiliada da rede Globo, a RBS. E a sociedade nem sequer sabe quem são essas empresas e quem são seus dirigentes que, como da Petrobrás, deveriam ir para a cadeia. Quem viu algumas dessas empresas, do Zelote, terem suas imagens atacadas como fazem com a Petrobrás, chamada pela operação Lava jato como “Petrolão”?   
E o mensalão tucano, anterior ao do PT, está prescrevendo sem julgamento. O Trensalão, vinte anos depois do escândalo que envolve vários governadores tucanos (Mario Covas/falecido, José Serra e Geraldo Alckmin), até agora só atingiu os executivos do metrô. Quantas décadas serão necessárias para atingir os governadores, os principais culpados?   
A justiça anda também para trás, principalmente, quando bandidos incontestes, como Aécio Neves e Eduardo Cunha, vão passar a passagem de ano com a família, e pessoas como o Amirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, pai do nosso primeiro submarino atômico, está preso e as obras da embarcação paralisadas. A principal tarefa do submarino é proteger o pré-sal. A prisão do almirante e a convocação dos procuradores americanos para fiscalizar a Petrobrás mais parecem um pacote da CIA americana, implementada pela Lava Jato. Não por acaso a Lava Jato foi premiada pelo governo dos EUA. E os americanos é dos poucos países que não reconhecem nossas águas internacionais onde se localizam grande parte do pré-sal.
E o Procurador Geral da República, Rodrigo janot, ainda diz que vai analisar o caso, de mais uma denúncia de recebimento de propina de Aécio Neves, depois do recesso. Aí, é dose!
Imaginar que eu que moro no Rio de Janeiro e posso esbarrar no revelion de Copacabana com Aécio Neves, quem sabe junto com Eduardo Cunha, tomando um chope na esquina!
Fico pensando no pedido de mais verbas feito pela associação dos delegados da Policia Federal, que alega que o corte de verba pode ser retaliação por conta da operação lava Jato. O que está faltando para o juiz Moro e sua força tarefa para prender Aécio e Eduardo Cunha? É verba também?
 E o Ministério Público Federal busca milhões de assinaturas para o combate a corrupção! Será que foi a ausência das dez medidas que fez o Ministério Público de Minas arquivar, por duas vezes, o escândalo da construção do aeroporto de Claudio pelo governador Aécio Neves, construído em terras da própria família, e com dinheiro público?
O MP, que é fiscal da lei, tinha que vir a público cobrar da Justiça providências imediatas como no caso de Aécio Neves, Eduardo Cunha e da prisão do Almirante! O MPF deve estar esperando as milhões de assinaturas para efetivar o combate a corrupção. Melhor acreditar em papai Noel!
E o juiz Moro cobra agilidade da justiça. Será que é isso que está faltando para manter o Aécio Neves e Eduardo Cunha soltos?
Gente,  relaxe,  vamos curtir o início do ano de 2016! Neste ano, a justiça, o PGR, STF, a PF e o MPF, quem sabe, venham aplicar a máxima que diz que a justiça tem que valer para todos! 
 Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2015 

OAB/RJ 75 300              
              

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.



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