por Emanuel Cancella
Depois de o jornalista Sidney Resende ser
mandado embora da Globo pelo chefe de jornalismo, Ali Kamel, Diretor Geral de
jornalismo e Esportes da TV Globo, por ter postado em seu facebook “ Chega de notícias ruins”, a Globo finalmente,
em 15/11, dá uma noticia boa:
“Miséria no Rio cai à metade... De acordo com o estudo, a
parcela de miseráveis no estado caiu de 4,1% em 2013 para 2,3% em 2014.
Deixaram a miséria 256 mil pessoas...” Em plena crise, que a mídia diz ser
alarmante, alguma coisa positiva acontece e, com certeza, não é a única.
Outra notícia ruim é o anúncio, com grande
estardalhaço, pela mídia, principalmente a Globo, do prejuízo da Petrobrás, mas
o mesmo é desmistificado em artigo de Fernando Brito no blog Tijolaço: “Prejuízo
da Petrobrás é barulho para enganar trouxa. Empresa trabalha com alto lucro.” (http://tijolaco.com.br/blog/prejuizo-da-petrobras-e-barulho-para-enganar-trouxa-empresa-opera-com-alto-lucro/).
Paralelamente à rebelião do jornalista Sidney
Resende, foi sancionado pela presidente Dilma o Direito de Resposta. Isso vai
ser muito importante para barrar os vazamentos mentirosos e vindos principalmente
da operação Lava Jato, como a que disse que o Filho de Lula recebeu dinheiro de
Fernando Baiano, operador do PMDB. Como sempre vazou para a Globo, que depois,
de forma bastante discreta, anunciou que a denúncia do filho de Lula era
mentira.
A nova lei estabelece ritos sumários, dá prazos fatais aos juízes, estabelece que o
“ofendido" pode exigir reparação, no mesmo espaço e na edição seguinte do
jornal, noticiário de rádio e televisão. Agora a mídia está protestando contra a lei do
Direito de Resposta, já que uma das principais jornalistas da Globo, Miriam
Leitão, em artigo, classifica a lei como ameaça à imprensa.
É justo então o que a imprensa fez com o
filho de Lula acusando-o mentirosamente? Agora é Lula que, através de vazamento
da Lava Jato, como sempre, está sendo acusado por um delator que cita outro
delator que acusa Lula de ter favorecido a uma empresa. Brasil 247 noticia (...)
Segundo relatos de Salim Schahin, um dos acionistas do grupo, a procuradores
da Lava Jato, o contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória
10.000, obtido pelo com a Petrobras em 2007, foi uma compensação em troca do
perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco Schahin; de acordo
com ele, foi o empresário José Carlos Bumlai que mencionou o apoio de Lula a
executivos do grupo durante as negociações, que teria ocorrido no fim de 2006,
após sua reeleição; o advogado do Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, de pronto
desmentiu que seu cliente teria dito isso(...) Essa acusação é requentada e não
é a primeira vez que a mídia noticiou essa inverdade,
Segundo Sidney Resende, (...) não é só a
Globo tem essa postura com o governo. Há uma má vontade
dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no
Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está
sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo(...)
Aquelas coisas que muitos de nós
desconfiávamos incomodam a muitos jornalistas que acabam virando reféns para
manterem o emprego, ou seja, noticiam só o que o patrão deixa. Já Sidney
Resende se rebelou e confessou:”(...) Em todos os lugares que compareço para
realizar minhas palestras, eu sou questionado: Por que vocês da imprensa só dão
'notícia ruim?(...)
Em seu desabafo, Sidney
Resende disse: (...) Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que
escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a "má
vontade" e o "ódio", como princípio do seu trabalho. Tem um
grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na
"igrejinha", ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na
mesma cartilha. Todos iguaiszinhos (...)
O jornalista Sidney Resende
pode até perder salário por essa atitude corajosa de denunciar a imprensa, mas
ele cresce muito aos olhos da sociedade, que se já acreditava pouco na imprensa
brasileira, agora vai acreditar menos ainda.
Segundo o saudoso e
brilhante jornalista Millôr Fernandes: “...Jornalismo é oposição. O resto é
armazém de secos e molhados...”
É isso que Sidney Resende
cobra da imprensa, a crítica e o sentimento de oposição, porém ele não aceita a
manipulação!
Rio de Janeiro, 16 de novembro de
2015
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do
Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos
Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o
Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
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