segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sidney Resende, O Direito de Resposta, Petrobrás e Miriam Leitão.

 por Emanuel Cancella

Depois de o jornalista Sidney Resende ser mandado embora da Globo pelo chefe de jornalismo, Ali Kamel, Diretor Geral de jornalismo e Esportes da TV Globo, por ter postado em seu facebook  “ Chega de notícias ruins”, a Globo finalmente, em 15/11, dá uma noticia boa:
“Miséria no Rio cai à metade... De acordo com o estudo, a parcela de miseráveis no estado caiu de 4,1% em 2013 para 2,3% em 2014. Deixaram a miséria 256 mil pessoas...” Em plena crise, que a mídia diz ser alarmante, alguma coisa positiva acontece e, com certeza, não é a única.

Outra notícia ruim é o anúncio, com grande estardalhaço, pela mídia, principalmente a Globo, do prejuízo da Petrobrás, mas o mesmo é desmistificado em artigo de Fernando Brito no blog Tijolaço: “Prejuízo da Petrobrás é barulho para enganar trouxa. Empresa trabalha com alto lucro.” (http://tijolaco.com.br/blog/prejuizo-da-petrobras-e-barulho-para-enganar-trouxa-empresa-opera-com-alto-lucro/).
Paralelamente à rebelião do jornalista Sidney Resende, foi sancionado pela presidente Dilma o Direito de Resposta. Isso vai ser muito importante para barrar os vazamentos mentirosos e vindos principalmente da operação Lava Jato, como a que disse que o Filho de Lula recebeu dinheiro de Fernando Baiano, operador do PMDB. Como sempre vazou para a Globo, que depois, de forma bastante discreta, anunciou que a denúncia do filho de Lula era mentira.

A nova lei estabelece ritos sumários, dá prazos fatais aos juízes, estabelece que o “ofendido" pode exigir reparação, no mesmo espaço e na edição seguinte do jornal, noticiário de rádio e televisão.   Agora a mídia está protestando contra a lei do Direito de Resposta, já que uma das principais jornalistas da Globo, Miriam Leitão, em artigo, classifica a lei como ameaça à imprensa.

É justo então o que a imprensa fez com o filho de Lula acusando-o mentirosamente? Agora é Lula que, através de vazamento da Lava Jato, como sempre, está sendo acusado por um delator que cita outro delator que acusa Lula de ter favorecido a uma empresa. Brasil 247 noticia (...) Segundo relatos de Salim Schahin, um dos acionistas do grupo, a procuradores da Lava Jato, o contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória 10.000, obtido pelo com a Petrobras em 2007, foi uma compensação em troca do perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco Schahin; de acordo com ele, foi o empresário José Carlos Bumlai que mencionou o apoio de Lula a executivos do grupo durante as negociações, que teria ocorrido no fim de 2006, após sua reeleição; o advogado do Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, de pronto desmentiu que seu cliente teria dito isso(...) Essa acusação é requentada e não é a primeira vez que a mídia noticiou essa inverdade,

Segundo Sidney Resende, (...) não é só a Globo tem essa postura com o governo. Há uma má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo(...)

Aquelas coisas que muitos de nós desconfiávamos incomodam a muitos jornalistas que acabam virando reféns para manterem o emprego, ou seja, noticiam só o que o patrão deixa. Já Sidney Resende se rebelou e confessou:”(...) Em todos os lugares que compareço para realizar minhas palestras, eu sou questionado: Por que vocês da imprensa só dão 'notícia ruim?(...)
Em seu desabafo, Sidney Resende disse: (...) Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a "má vontade" e o "ódio", como princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na "igrejinha", ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaiszinhos (...)

O jornalista Sidney Resende pode até perder salário por essa atitude corajosa de denunciar a imprensa, mas ele cresce muito aos olhos da sociedade, que se já acreditava pouco na imprensa brasileira, agora vai acreditar menos ainda.

 Segundo o saudoso e brilhante jornalista Millôr Fernandes: “...Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados...”
É isso que Sidney Resende cobra da imprensa, a crítica e o sentimento de oposição, porém ele não aceita a manipulação!
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2015 
            
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.





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