sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Lava Jato bota a raposa para tomar conta do galinheiro

por Emanuel Cancella 



Eu sou antiimperialista, mas não sou antiamericano. Vejo coisas boas nos EUA, mesmo tendo participado por exemplo da luta, no Brasil, do movimento social e político que impediu no primeiro governo Dilma do presidente americano Barack Obama de discursar na Cinelândia, o que seria uma ofensa ao nosso “Palco político maior”, e o colocou dentro do teatro Municipal no Rio de Janeiro.
Reconheço que Obama vale mais que os dois Bush e vou torcer para a vitória de um democrata na sucessão de Obama. Contudo prefiro a aliança do Brasil com os BRICS do que continuar a ser quintal dos EUA.
Por exemplo, aplaudi  quando os EUA, em 2008, injetaram US$ 7 trilhões de dinheiro público em empresas privadas para salvar, entre outras, o Citybank e a GM, mas principalmente para impedir o desemprego, inclusive incentivaram o contrato de leniência possibilitando que as empresas, mesmo envolvidas em corrupção na chamada “Bolha Imobiliária” , continuassem a operar enquanto seus donos respondiam na Justiça.
Por outro lado, não podemos nos esquecer que os EUA são os principais culpados pelas guerras que geram esses milhares de refugiados que buscam abrigos no mundo.
Aqui no Brasil a Petrobrás que tem um papel social para o país superior a qualquer empresa americana para os EUA; já que, sozinha, a Petrobrás, com os impostos que paga, financia 80% das obras do país e o Brasil é o segundo maior canteiro de obras do mundo só perdendo para a China, respondendo por milhões de empregos diretos e indiretos. Entretanto a Lava Jato parece deslumbrada em manchar a imagem da Petrobrás e em desempregar trabalhadores, cujas empresas estão sendo investigadas na operação.
A operação Lava Jato cujo  chefe, o Sérgio Moro, ganha R$ 77 mil por mês, o dobro do que ganha um ministro do STF. Com o discurso de combate a corrupção, que para muitos juristas é uma investigação seletiva, pois apesar de inúmeras denúncias nenhum tucano foi preso, como os senadores como Aécio Neves e Antonio Anastasia, várias vezes citados por delação premiada. A investigação também não chegou ao governo tucano de FHC, na Petrobrás, apesar de várias vezes citado pelos delatores. Na mesma operação, só o tesoureiro do PT está preso, apesar de delações contra o PSDB, PP, PSB e PSDB. E não podemos esquecer o governo tucano de FHC tentou privatizar a Petrobrás.
Na campanha o “Petroleo é Nosso”, na década de 40 e 50, que resultou na criação da Petrobrás e do Monopólio Estatal do Petróleo, os maiores inimigos eram as multinacionais de petróleo, principalmente empresas de petróleo americanas. 62 anos depois a Petrobrás que abastece ininterruptamente de petróleo o país, descobriu em 2006 o pré-sal que, sozinho, já produz hum milhão de barris de petróleo, o suficiente para abastecer juntos todos os países do Mercosul. E ainda, o pré-sal garante nosso abastecimento de petróleo nos próximos 50 anos e não podemos esquecer que os EUA só têm petróleo para os próximos três anos.
Outro ataque americano ao nosso petróleo ocorreu em 2009, quando o Wikileaks denunciou a troca de telegramas entre a executiva da petroleira Americana Chevron e o então candidato tucano, José Serra, este se comprometendo a mudar a lei de Partilha de Lula, para a de FHC de concessão, o que representaria a entrega do nosso petróleo. Serra, para felicidade do Brasil, perdeu as eleições.
Mas se os americanos não desistem, Serra muito menos, já que Serra é autor da PLS 131/15, que tem o mesmo cunho de favorecimento a Chevron, e mais uma vez tenta entregar nosso ouro negro impondo agora essa lei no Congresso Nacional.
Como se não bastasse, a Lava Jato pediu ajuda aos americanos para apurar melhor a corrupção. Logo eles, os americanos que estão sempre tentando abocanhar nosso petróleo!

Agora a Folha de 25/9 divulga a convite da Lava Jato: “Promotor dos EUA virá ao Brasil negociar com delatores da Lava Jato.” Isso é só ingenuidade? 


Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2015 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
             


 

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