segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Independência ou morte!

                                                            por Emanuel Cancella
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Queremos mais que nunca a independência! Não bastou ficar livre de Portugal, queremos expandir esse conceito internamente. Queremos a independência na justiça, no Ministério Público, na Polícia Federal e na procuradoria Geral da República.
É muito desgastante para nossas instituições atitudes como de um procurador “Engavetador Geral Da República”, Geraldo Brindeiro, o procurador do governo de Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião também, a Polícia Federal era sucateada, sem renovação dos quadros, pois praticamente não havia concurso público, nem gasolina e nem carros para o trabalho diário, e os telefones eram cortados por falta de pagamento. Esse sucateamento se expandia para toda serviço público e estatal. Nessa situação, como exercer com independência as funções previstas na Constituição Federal?
Mas hoje, apesar da crise que tanto alardeia a grande mídia, a modernidade de nossas instituições salta aos olhos: juventude, modernidade, eficiência, etc. A polícia federal foi chamada para ajudar na prisão do maior traficante do Rio de Janeiro, o play boy, e deu fim à carreira do bandido.  Isso é credibilidade!
Agora atitudes como a do juiz que se apossou dos bens do Eike Batista; do juiz pego na “lei Seca” que quis dar uma carteirada e respondeu à funcionaria, que lhe dissera que ele não era Deus, com ameaças e recorrendo à justiça. Isso depõe contra nossas instituições. E o pior, a justiça mandou multar a funcionária.
Também não podemos nos esquecer do mensalão, AP 470, comandada pelo ministro do STF, Joaquim Barbosa, ajudado pelo juiz Sergio Moro, que denunciou e prendeu parlamentares do PT  e nem  sequer julgou o mensalão do PSDB, este anterior ao do PT, e os crimes estão prescrevendo e ninguém faz nada.
Aí chegamos ao Lava Jato, onde o juiz, Sérgio Moro chefia a investigação na Petrobrás. A sociedade, pela primeira vez, assiste a empresários dirigentes da estatal sendo presos, porém, apesar de citado por vários delatores, o governo de FHC na Petrobrás não é investigado. E novamente os parlamentares tucanos, apesar de citados na Lava Jato, estão livres leves e soltos. Como acreditar que nossa justiça quer acabar com a corrupção, se só pune alguns partidos?
E é alarmante, enquanto a operação lava Jato, há cerca de um ano e meio, fornece notícias negativas sobre a Petrobrás, na mídia, todo dia e a todo instante, assistimos à inércia ou a impunidade a escândalos muito maiores que o do petróleo! Enquanto, por exemplo, no lava Jato Lula e Dilma foram citados, com divulgação pela Veja e no Jornal Nacional, da Globo, de forma mentirosa, de que eram sabedores da corrupção na Petrobrás, o senador do PSB, Romário, o peixe, agora ensaboado, presidente da CPI da FIFA, não convoca a Globo, que foi monopolista das transmissões esportivas, o tempo todo, para depor na CPI?
A justiça mineira condena o tio do governador tucano Aécio Neves a pagar o dinheiro gasto no aeroporto de Claudio, só que com dinheiro público. Enquanto isso Aécio voa livre!
Em são Paulo, a investigação do Trensalão, escândalo do metrô de São Paulo, anda mais lento que carroça. Acontecido há mais de duas décadas, até agora só atingiu os executivos do metrô. Considerando a velocidade da apuração, quando chegar aos governos tucanos, principais responsáveis, a citação vai ser no mesmo local do governador Mário Covas, no cemitério!
O Swissleaks, lavagem de dinheiro no banco HSBC da Suíça, envolve as empresas de comunicação Globo, Estadão, Band, Folha e Veja,  principais empresas de comunicação do país. Dá até para entender que o escândalo não apareça na mídia, o tempo todo. Mas na justiça tem que parar também?
Temos o escândalo do Zelotes, cuja  investigação está zerada. Segundo matéria da revista Carta Capital, ele equivale a quatro vezes o valor envolvido no Petrolão. E com o agravante de que esse dinheiro da multa iria para a saúde e educação!
Lógico que a sociedade, mesma omissa ou enganada, responde a esses picaretas. Segundo pesquisa da CNT, só 13% da sociedade acredita na imprensa e 26% não acredita de jeito nenhum; e o PSDB, mesmo com apoio da Globo perdeu a quarta eleição para o PT. Isso não deixa de ser uma resposta da sociedade! O problema é que esses picaretas não desistem nunca e agora querem o poder, negado pelo voto, no golpe. 
É preciso que nossas instituições, como Justiça, Ministério Público e Polícia Federal se posicionem contra os tribunais de exceção, como o mensalão e o Lava Jato, e que  exijam de seus membros a independência em relação a grupos, partidos ou governos. Nossa  independência de Portugal foi obra de um português, D. Pedro I. Será que vamos ter que buscar ajuda externa para que nossas instituições sejam independentes?

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

Rio de Janeiro, 07 de setembro de 2015 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
               



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