sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Juiz Sérgio Moro age, na Petrobrás, movido por incompetência ou má fé?

por Emanuel Cancella 



O acordo de Leniência foi criado, nos EUA, em 1978. Por esse acordo as empresas envolvidas em corrupção, formação de cartéis, etc., que colaboram com a justiça, têm redução na pena e outros benefícios.  Vamos entender os outros benefícios.
O mundo assistiu à quebradeira americana em 2008, quando a economia tida como a mais sólida do mundo, e baseada no livre mercado, ruiu, empresas como o símbolo bancário americano, o Citibank,  e a poderosa GM quebraram.
O que fez o governo americano? Interveio e, entre outros procedimentos, injetou trilhões de dólares nessas empresas, dinheiro público para salvar empresas privadas. Fez isso para manter a imagem das empresas símbolos do país e principalmente para salvar o emprego dos trabalhadores ligados a essas instituições.
O mundo se espantou com a mudança de postura do governo americano. Quem sempre pregou que o livre mercado pode tudo,  como injeta dinheiro público para salvar empresas privadas?
 Retornando ao Brasil de 2015. Pela primeira vez, corruptos e corruptores estão indo para a cadeia e o dinheiro adquirido pela corrupção voltando aos cofres públicos. É sabido que a corrupção é irmã siamesa do capitalismo e, lamentavelmente, atinge desde a relação do guarda de trânsito com o motorista até o executivo da mais alta esfera de empresas poderosas como a Petrobrás.

Ninguém tinha dúvida da existência de corrupção na Petrobrás, aliás, já durante a ditadura militar, o ex-ministro de Minas e Energia e também ex-presidente da Petrobrás, Shigeaki Ueki, era apontado como recebedor de propina por cada barril de petróleo que a Petrobrás comprava. Isso nunca foi investigado!

 

No governo de Fernando Henrique Cardoso, a corrupção corria solta, empresa como a Marítima ganhava todas as concorrências para construção de plataformas, apesar de inúmeras denúncias. Só terminou o reinado dessa empresa, em 2001, com acidente na P-36 que resultou na morte de 11 trabalhadores e o afundamento estranho da plataforma, que muitos apontam como criminoso, uma espécie de queima de arquivo. FHC colocou o ex-genro para dirigir a Agencia Nacional de Petróleo, David Zilberstein. Uma das marcas do governo de FHC foi o de engavetar denúncias, não precisa dizer que nesse governo nada foi investigado na Petrobrás.

 

Agora, em 2014/5, assistimos a uma devassa na Petrobrás, em março de 2015 fez um ano a operação Lava Jato que investiga a Petrobrás. Primeiro registramos que escândalos simultâneos como Zelotes, Swssleaks, Fifa, Trensalão, que envolvem valores muito maiores que o da Petrobrás, estão sem investigação. A revista Carta Capital chegou a publicar que o escândalo conhecido como Zelotes envolve valores quatro vezes maior que o da Petrobrás.

 

 No mínimo estranho também que o juiz Sérgio Moro não denuncie os tucanos envolvidos e citados em delação premiada na Operação e nem queira, apesar de inúmeras denúncias, investigar o governo de FHC. Aliás, já no mensalão, AP 470, onde Moro também atuou, os tucanos também não foram sequer julgados e os crimes estão prescrevendo.

 

Com relação à investigação na Petrobrás ela é muito bem vista pelos empregados, que, em sua maioria, acham que todos os corruptos e corruptores têm que ir para a cadeia. Mas pergunta que não quer calar: Por que só a Petrobrás?   Aliás, é preciso que a sociedade saiba que o Brasil é o segundo parque de obras do planeta, só perdendo para a China. E que a Petrobrás, com os impostos que paga, financia 80% dessas obras, conhecidas como Obras do PAC. Estranho que o Lava Jato, que investiga a Petrobrás, não defenda os acordos de leniência que garantiria a continuidade das obras do PAC, como fez o governo Americano. A implementação da leniência impediria o fechamento de estaleiros, de fábricas de sondas, e, principalmente, a manutenção dos empregos e o sustento da família desses trabalhadores.

Muito pelo contrário veja a declaração do principal procurador da força tarefa da operação Lava Jato, Carlos Fernando Lima: “ A CGU foi feita para controlar corrupção de funcionários, não para ser salvadora do emprego. Se o governo quer criar um Proer, que faça no lugar certo, que é o Congresso”.

 Como o Juiz Sérgio Moro estudou nos EUA, ou ele é incompetente e não aprendeu nada, ou age de má fé, pois parar a Petrobrás é parar o Brasil!

 

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Rio de Janeiro, 14 de agosto de 2015

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
          



 

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