sexta-feira, 26 de junho de 2015

Até quando vamos aceitar, calados, os erros de nossa Justiça?




por Emanuel Cancella

Polícia faz busca na residência do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT. Pela segunda vez, a PF parece errar o endereço e vai fazer busca no endereço trocado. Primeiro a PF foi a casa do casal para buscar informação sobre a mulher e depois do próprio  Pimentel, sobre financiamento de campanha. Se sobre o governador do PT pairam dúvidas sobre o também governador de Minas Gerais, Aécio Neves, do PSDB, a sociedade tem certeza que ele construiu um aeroporto em terras da própria família com dinheiro público. Outro ex- governador de Minas, o Antonio Anastasia, também do PSDB, foi citado em delação premiada, na operação Lava Jato, pelo policial federal Jayme de Oliveira Filho, conhecido como “careca”, por ter recebido propina. Ambos os governadores tucanos nunca foram alvos de operação da Policia Federal e agora, de forma surpreendente, investigam o governador do PT. 
 Não é a primeira vez que a “justiça” age de forma seletiva, já que nessa mesma operação Lava Jato está preso o tesoureiro do PT por ter sido citado em delação premiada. Porém o surpreendente é que outros partidos, também citados na delação premiada, na mesma operação, não tiveram seus tesoureiros presos, partidos como o PMDB e PP. Com o agravante de que no PSDB, o próprio tesoureiro foi citado em delação, e mesmo assim está solto.
Marcio Fortes do PSDB foi tesoureiro de campanha eleitoral de Fernando Henrique Cardoso e de José Serra, inclusive essas campanhas foram alvos de denúncia. Como se não bastasse, Marcio Fortes é citado como correntista no HSBC na Suíça em contas para lavagem de dinheiro. E só o tesoureiro do PT está preso. Erros como esse levam a justiça ao descrédito.
A sociedade já começa a suspeitar das autoridades envolvidas na operação lava Jato. Dizem que as ações da Lava jato são direcionadas e que visam a desgastar o governo Dilma, o PT e a Petrobrás. Estranho que o chefe da operação lava Jato, juiz Sérgio Moro, seja casado com uma senhora que trabalha para o vice-governador do Paraná, que é do PSDB, e também trabalha para empresas de petróleo estrangeiras, concorrentes da Petrobrás. Sem esquecer que o juiz Moro, quando assistente da ministra Rosa Weber na AP 470, mensalão, é autor da célebre frase: “Não tenho prova cabal contra Dirceu  mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”
Agora surge nova denúncia dizendo que o juiz Sergio Moro é da família de Joel Malucelli, que controla a Globo no Paraná. E também Malucelli, que é suplente do Senador Alvaro Dias do PSDB, seria informante do juiz Moro na operação Lava jato. É muita coincidência para ser só coincidência! O representante da Globo, ligado ao PSDB, informante de uma operação que investiga a Petrobrás, ataca o governo Dilma, prende o tesoureiro do PT e livra cara do PSDB.
Sem esquecer que o juiz Sérgio Moro ganhou da Globo o título de personalidade do ano. A mesma Globo que levou ao ar, no Jornal Nacional, na véspera da eleição de 2014, a denúncia mentirosa que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobrás.  A Globo também, na década de 90, foi aliada ao governo tucano de Fernando Henrique Cardoso e fez campanha pela privatização da Petrobrás. Na época, comparavam a Petrobrás a um paquiderme e chamavam os petroleiros de marajás.
 Há também a suspeita de que a operação Lava jato queira paralisar a Petrobrás. Toda a sociedade apóia o combate a corrupção. Agora estamos assistindo a prisão dos executivos das principais empresas que prestam serviços a Petrobrás. Que prendam os dirigentes corruptos dessas empresas, mas permitam que as obras tocadas por eles tenham continuidade. Não podemos assistir com as prisões dos executivos à paralisação das obras e milhares de trabalhadores perdendo seus empregos. O pedido de acordo de leniência na justiça, previsto na lei, é justamente para manter as obras e evitar o desemprego em massa. Os membros do lava Jato são contra esses acordos.

Muito estranho também é que a operação Lava Jato chame os americanos dos EUA  para ajudarem na investigação de corrupção na Petrobrás. Isso é botar a raposa para tomar conta do galinheiro, pois os americanos estão de olho no pré-sal. O wikilikes interceptou telegrama onde o candidato à presidência em 2009, Jose Serra, do PSDB,  prometia à petroleira americana Chevron mudar a lei do pré-sal, para favorecê-la, caso eleito. A Folha de São Paulo divulgou a denúncia. Felizmente Serra perdeu as eleições, mas não desistiu e agora, o senador Jose Serra, em sua saga entreguista, apresenta no Congresso Nacional emenda à lei do petróleo com o mesmo conteúdo prometido a americana Chevron. Temos que levar em conta também que os EUA não reconhecem o mar territorial brasileiro de 200 milhas, onde se situa grande parte do nosso pré-sal.

                                                                                                      

Estamos diante de erros grosseiros de nossas autoridades ou tudo isso faz parte de um plano criminoso para destruir o PT, desestabilizar o governo Dilma e entregar a Petrobrás?
            OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Rio de Janeiro, 26 de junho de 2015





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