terça-feira, 2 de julho de 2013

A guerra é feita de muitas batalhas: A luta em defesa do nosso petróleo vai continuar!

por Emanuel Cancella Hoje está mais do que evidente, diante da enxurrada de privatizações que se vê no Brasil, que a disputa entre os grandes partidos é apenas de poder. Não é de projetos. A gota d´água foi a 11ª rodada de leilão, na terça-feira (14), realizada no Hotel Royal Tulip, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Enquanto, simbolicamente, no interior do hotel se batia o martelo, do lado de fora cerca de 800 pessoas protestavam contra a entrega do nosso petróleo à exploração de empresas multinacionais e nacionais, no maior leilão da história. A ANP comemorava a arrecadação de bônus de assinatura (valor pago pelas empresas na assinatura do contrato), que alcançou R$ 2,8 bilhões. Já os ativistas denunciavam o roubo das riquezas nacionais e as consequências de explorar a toque de caixa as reservas de petróleo, o que acarretará, dentre outras consequências, graves riscos ao meio ambiente. Pode parecer pouco que apenas cerca de 800 pessoas tenham se deslocado para a Zona Sul do Rio, enfrentando o infernal trânsito das grandes cidades, num dia de semana, para registrar o seu protesto contra a 11ª Rodada de Leilão do Petróleo. Mesmo sabendo que o jogo já estava dado. Mesmo sabendo que o eco das nossas vozes pouco soariam nos meios de comunicação de maior audiência do país. Pode parecer pouco, diante do tamanho da riqueza leiloada. Mas é um número significativo quando se sabe que as elites dominantes que controlam a mão de ferro os poderes institucionais (como o Legislativo, o Executivo, o Judiciário, a Imprensa, as Forças Armadas) querem fazer a maioria silenciosa acreditar que está tudo bem, que o Brasil está no rumo certo e a única porta de saída são as privatizações. Remando contra a maré do conformismo, a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, que tem no Sindipetro-RJ um de seus principais atores, mas não o único nem o mais importante, busca sem cessar a unidade entre os trabalhadores e demais movimentos sociais Nesse leilão, conseguimos agregar forças importantes. Vale registrar o Seminário do Observatório do Petróleo, ligado ao Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.), que aprovou por unanimidade resolução contrária a realização do 11º leilão. O Colégio Pedro II, através dos seus Conselhos Superiores, também. No seminário do Ibase, a maioria dos participantes era ambientalista, preocupada com a produção acelerada e desnecessária do petróleo em nosso país, voltada principalmente para exportação. A participação do Sindipetro-R J nesse seminário foi fundamental para informar que o país já é auto-suficiente na produção de petróleo e que precisamos tratar nossas reservas de forma estratégica. Inclusive usando dinheiro do petróleo para investirmos em produção de energias limpas e renováveis. Além disso, conseguimos junto com o movimento social ocupar a sede do Ministério da Fazenda em Brasília e a ANP no Rio de Janeiro para chamar a atenção da sociedade. No dia do leilão, a realização do ato de protesto em frente ao hotel um salto de qualidade na construção da nossa unidade. Antes do leilão, também merece registro, nessa luta de resistência, a nossa participação no seminário da ANP, no Hotel Windsor em Copacabana. Então, o Sindipetro-RJ, ao lado de representantes do movimento social e estudantil, interrompeu o evento e disse a todos os participantes, em sua maioria estrangeiros, que nós, da campanha “O petróleo tem que ser nosso!”, criaríamos toda a insegurança jurídica e política para impedir o roubo de nossas riquezas. Nunca é demais repetir que quando o petróleo era apenas um sonho o povo brasileiro foi as ruas e realizou a maior campanha cívica que esse país já viu: O petróleo é nosso! Resultando na criação da Petrobrás e foi instituído o Monopólio Estatal do Petróleo. Nessa época não existia a categoria petroleira. Agora que o petróleo é uma realidade não podemos permitir a sua entrega através dos leilões. A ANP o governo Dilma e sua base parlamentar dizem que o leilão vai desenvolver as regiões mais pobres do país, gerando emprego e renda: mentira! Estamos na 11º rodada dos leilões da ANP até hoje as empresas vencedoras, em sua maioria multinacional, não construíram sequer uma refinaria, plataforma, sonda de perfuração ou navio em nosso país. O campo de Bijupira e Salema, na Bacia de Campos, foi arrematado pela Odebrecht no leilão zero da ANP e depois vendido a Shell produz mais de 60 mil barris por dia de petróleo, esse petróleo sai da plataforma direto para os navios rumo ao estrangeiro. A Shell paga 10% de royalties e nada mais, a Lei Kandir isenta de imposto as exportações e disso se beneficia a Shell. Esse petróleo é mais que o consumo diário da Bolívia. Já a Venezuela e a Noruega taxam em 80% as exportações de petróleo. Além de zero de investimentos as empresas que vão aumentar sua atuação no Brasil, a partir de agora, certamente irão gerar um enorme passivo ambiental para o país. A nossa luta vai continuar, até mudar essa triste realidade. Vamos dizer ao povo brasileiro e a esses entreguistas que é possível mudar. Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia revisaram as leis do setor petróleo em benefício da sociedade. O povo brasileiro também pode reverter essa história, com organização e luta permanente. RIO DE JANEIRO, 16 de maio de 2013

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