sábado, 7 de abril de 2012

Eduardo Paes e a derrocado do JB

Por Emanuel Cancella*


O Jornal do Brasil divulgou um editorial vergonhoso sobre o prefeito do Rio, Eduardo Paes, nesta terça (3). Apontar o prefeito como exemplo de funcionário público vai custar caro à imagem de um jornal que tem passado tão respeitado. Deve ter custado caro também aos cofres da Prefeitura tamanha bajulação. Esse tipo de manipulação não costuma sair barato nem moralmente, nem monetariamente.


A população já paga a conta do desgoverno de Paes. O JB foi além da conta, além de cacifá-lo para um segundo mandato, lançou Paes à presidência da República.


Esqueceram o descaso da fiscalização da Prefeitura que resultou nas explosões de bujões de gás no prédio da Praça Tiradentes; no desabamento dos prédios na Cinelândia; as sucessivas explosões de bueiros; o fiasco dos transportes urbanos; nada funciona no Rio de Janeiro a não ser as obras dos megaeventos (Copa do Mundo e Olimpíadas).


Obras que segundo o deputado federal Romário (PSB-RJ) serão superfaturadas: “Não posso assistir calado aos mesmos abusos que já vimos tantas vezes no Brasil, inclusive na organização de eventos esportivos. Como tenho dito em diversas oportunidades, sei que o dinheiro despejado em obras superfaturadas, em elefantes brancos (o TCU já denunciou que 4 das 12 arenas se tornarão elefantes brancos, como eu suspeitava), vai fazer falta na saúde, na educação, na segurança, na acessibilidade, etc. Não podemos aceitar.”


Essas obras, além de supostamente superfaturadas, excluem os pobres moradores da cidade. Paes retoma o projeto do primeiro prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, que quis transformar o Rio de Janeiro numa Paris, só que tinha que expulsar os pobres do centro da cidade.


Pereira Passos demoliu no centro do Rio cerca de 1.600 velhos prédios residenciais. O Porto Maravilha de Paes, é exatamente isso, embelezamento para inglês ver. Estamos nos preparando para receber os estrangeiros que aqui chegam a turismo nos transatlânticos e também para assistir à copa do mundo, às Olimpíadas etc.


Essa região do centro da cidade do Rio abrigava, na época, a maior população escrava das Américas. Os moradores dos bairros da saúde, Gamboa e Santo Cristo estão fora do projeto “Porto Maravilha”.


A Pequena África como era conhecida a região no centro do Rio próximo ao cais do porto, adorada e freqüentada por grandes figuras negras do mundo musical carioca, como Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Heitor dos Prazeres, que se reuniam na casa da iyalorixá Tia Ciata para as rodas de batuque africano, está sendo literalmente apagada do mapa.


Na verdade, existe um rolo compressor para reeleger Paes na prefeitura, até o Partido dos Trabalhadores (PT) está brigando para ser vice de Paes. Agora o JB, manchando sua história de jornalismo crítico, entra na disputa chutando o “pau da barraca”, pregando Paes de novo no governo municipal e quiçá na presidência do Brasil. Os cariocas e os brasileiros não merecem!


RIO DE JANEIRO, 04 de abril de 2012

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