sexta-feira, 10 de junho de 2011

CESARE BATTISTI LIVRE

por EMANUEL CANCELLA

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu libertar o italiano Cesare Battisti. Na década de 1970, ele havia participado da luta armada ao lado de outros jovens, contra o estado autoritário italiano. No mesmo período, em nosso continente, jovens também lutaram contra as ditaduras militares.


Uns inspiravam-se nos outros.Todos lutavam por liberdade. No Brasil, a ditadura prendeu, torturou e matou milhares de brasileiros, em sua maioria jovens pobres e de classe média, como o filho de Zuzu Angel, que nem direito a funeral digno teve.

Zuzu passou os últimos anos de sua vida à procura em vão de seu filho Stuart Angel Jones. E muitos dizem que foi a ditadura que, não satisfeita em torturar e matar o filho, matou para calar também a mãe, num suspeito acidente de automóvel.

Battisti foi acusado de praticar crimes por “companheiros” que usaram a delação para se livrar da cadeia, sendo julgado à revelia. Além dessa denúncia sem provas, o acusado sempre negou a autoria dos crimes. Tudo que fez o ex-guerrilheiro, na época, não foi em benefício próprio, assim como nossos jovens na América Latina que lutavam pelas mesmas causas.

Cesare Battisti merece a liberdade! O STF, de forma soberana e imparcial, julgou e libertou o escritor italiano. Aliás, julgou não Battisti, mas a legitimidade do ato do ex-presidente Lula que se pronunciou a favor da sua libertação, no último ato do seu governo. O Supremo resistiu à pressão do governo italiano e da mídia. Entendeu o STF que a interferência do governo italiano, após a decisão tomada por Lula (a quem o próprio Tribunal havia delegado a palavra final sobre o caso) significava um desrespeito à soberania nacional.

Grande parte da mídia que queria extraditar e manter Battisti na cadeia é a mesma que cresceu à sombra da ditadura. E o governo italiano, o mesmo que queria extraditar e colocar Battisti em prisão perpetua, é o de Silvio Berluscone, por “coincidência” grande empresário dos meios de comunicação, e envolvido em constantes escândalos sexuais. Nem essa mídia nem o primeiro ministro italiano têm moral para condenar Cesare Battisti!

RIO DE JANEIRO, 10 de junho 2011

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