terça-feira, 12 de abril de 2011

TRAGÉDIA DE REALENGO

por Emanuel Cancella


Gesto de infinita grandeza e de maturidade foi os próprios moradores e vizinhos limpando as paredes pinchadas da casa de Wellington.


Apesar deste momento de dor e perplexidade diante da morte dos brasileirinhos e o

sentimento de pesar dos familiares e amigos, temos que seguir em frente. Nenhum de nós encontra uma justificativa, uma motivação para tamanha violência que não seja a

insanidade mental.


Muitos de nós entregamos a Deus o destino dessas crianças e do assassino. Outros

buscam outras formas de entendimento do ocorrido. Mas o que não podemos fazer é agir de forma transloucada como agredir os parentes do Wellington, o assassino, tacar fogo em sua casa, apedrejar os parentes, pichar a frente da casa onde moram outros familiares. Perseguir os parentes de Wellington não é nada racional!


Além de refletir sobre o acontecido, temos que pensar no que leva uma pessoa a agir

dessa forma. Quantos wellington´s existem ainda por aí? Com certeza que a falta de

oportunidades e o abandono do bairro de Realengo, e de tantos outros Brasil afora,

contribuem para o surgimento desse tipo de comportamento.


Pessoas como Wellington normalmente tem acesso a um psicólogo, psiquiatra ou outro profissional competente que trate de distúrbios mentais? Não. Wellington até fez tratamento com psicólogo, mas será que completou o tratamento. Duvido que exista hospital em Realengo para atender a esse tipo de paciente. Distúrbio mental é uma doença que tem que ser tratada, com certeza que esse tratamento, na rede publica, é muito precário.


Hospitais como Dr Eiras e Instituto Psiquiátrico Philippe Pinel que prestam um

excelente serviço à sociedade não dão conta e nem têm como identificar na sociedade

pessoas carentes desse tratamento. O que se observa é que esse tipo de comportamento

como o de Welligton, nos bairros e nas comunidades, é taxado de maluco o que não ajuda na recuperação do doente, muito pelo contrário, aprofunda ainda mais a loucura.


É fundamental que em tragédias como a de Realengo a sociedade busque a razão para

evitar que atos descabidos como perseguir parentes do assassino, apedrejar, tacar fogo ou pichar a casa sejam praticadas em nome da sociedade. Gesto de infinita grandeza e de maturidade foi os próprios moradores e vizinhos limpando as paredes pinchadas da casa de Wellington. Nem tudo esta perdido. Precisamos aprofundar o debate e buscar solução para que tragédias como essa nunca mais aconteçam!


RIO DE JANEIRO, 11 de abril de 2011;
Publicado no JB e no o Dia, dia 12/04/2011

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