Postagem Emanuel Cancella - Por Reynaldo José Aragon Gonçalves, no Brasil 247
Clube de Engenharia e AEPET: estudo confirma a viabilidade ambiental da exploração de petróleo na Margem Equatorial (1, 2).
Boletim Outras Palavras
Defender o meio ambiente é imperativo. Mas enquanto a estatal brasileira se tornava vilã ambiental, o país entregou à Chevron, ExxonMobil e Shell direitos de exploração da Margem Equatorial. Sinal de que além de ecológica, a questão é geopolítica
A Petrobras passou mais de uma década bloqueada por
exigências técnicas, pareceres contraditórios e campanhas ambientais seletivas.
Enquanto isso, empresas estrangeiras como Chevron e ExxonMobil conseguiram
acesso à Margem Equatorial sem resistência. Este caso não é sobre preservação
ambiental. É sobre quem realmente decide o futuro do Brasil. E, neste episódio,
quem decidiu não foi o Brasil.
No dia 17 de junho de 2025, o Brasil entregou à Chevron, ExxonMobil, Shell e outras multinacionais o controle sobre uma das regiões mais estratégicas de sua matriz energética: a Margem Equatorial.
O leilão promovido
pela ANP ofertou 192 blocos exploratórios, sendo 63 nessa região, arrecadando
R\$ 1,2 bilhão. O que a mídia tratou como sucesso financeiro foi, na verdade, a
culminância de uma longa operação de deslegitimação simbólica da Petrobras e de
esvaziamento da capacidade do Brasil de decidir soberanamente sobre seus
recursos energéticos.
Durante mais de 13 anos, a Petrobras tentou, sem sucesso, obter licença ambiental para perfurar um poço exploratório na região. Apesar de ter cumprido exigências técnicas e apresentado estudos robustos, a estatal foi sistematicamente bloqueada por pareceres ambíguos, entraves regulatórios e uma campanha pública que a transformou em vilã ambiental.
O Ibama, por exemplo,
indeferiu o pedido da Petrobras com base na ausência de uma Avaliação Ambiental
de Área Sedimentar (AAAS) que, tecnicamente, não era obrigatória.
Em paralelo, ONGs ambientalistas, muitas delas financiadas por fundações internacionais, atuaram com intensidade contra o projeto da Petrobras, ampliando o discurso do “risco à Amazônia” em editorias, redes sociais e pareceres públicos.
Mesmo com evidências técnicas indicando que os
blocos estavam a centenas de quilômetros da foz do Amazonas e que o impacto
sobre os biomas seria controlado, a narrativa dominante foi a da destruição
iminente.
O curioso é que o discurso ambiental evaporou quando empresas estrangeiras demonstraram interesse. Durante o processo que antecedeu o leilão da ANP, não houve protestos relevantes, notas de repúdio ou mobilização digital contra a participação da Chevron, da ExxonMobil ou da Shell.
A mesma Margem
Equatorial que era intocável para o Estado brasileiro tornou-se, subitamente,
uma nova fronteira de oportunidade para o capital estrangeiro. Sinal de que o
problema nunca foi apenas ambiental — era geopolítico.
Após o leilão, com os contratos assinados, algumas ONGs
voltaram a se manifestar contrariamente à exploração. Mas o estrago já estava
feito. A omissão estratégica durante o período crítico permitiu que o leilão
ocorresse com fluidez e sem pressão social. Essas idas e vindas não revelam
incoerência, mas método: o objetivo foi bloquear a Petrobras, não
necessariamente o projeto de exploração.
O caso escancara uma das formas mais sofisticadas de guerra do século XXI: a guerra informacional. Trata-se da ocupação do campo das ideias, da percepção e das narrativas que moldam o senso comum. A opinião pública brasileira foi lentamente induzida a rejeitar qualquer iniciativa de soberania energética que envolvesse o Estado.
A Petrobras passou a ser tratada
como uma empresa obsoleta, burocrática, ineficiente e poluidora. Esse processo
não foi espontâneo: foi articulado por um ecossistema formado por editorias
econômicas, ONGs transnacionais, influenciadores digitais, consultorias
regulatórias e plataformas tecnológicas.
A erosão simbólica da Petrobras foi essencial para que o
leilão não gerasse repúdio. Quando a população já não reconhece sua estatal
como ferramenta de soberania, não há resistência organizada à sua exclusão. O
Estado foi convencido a agir como despachante do capital externo, e a
sociedade, treinada a acreditar que qualquer alternativa nacional é
automaticamente ineficaz.
Essa é a dimensão mais perigosa da guerra híbrida: o inimigo
não precisa mais invadir; basta convencer. E o convencimento se faz com mídia,
métricas, pareceres, hashtags e relatórios. O que se perde não é apenas a
capacidade de explorar um bloco de petróleo. O que se perde é a capacidade de
existir como sujeito político autônomo.
Defender o meio ambiente é imperativo. Mas permitir que essa
causa seja instrumentalizada por interesses que não respondem à população
brasileira é um erro grave. A Margem Equatorial é apenas um exemplo. A
verdadeira disputa é pela soberania informacional. E nenhum país soberano
entrega sua narrativa e seu petróleo ao mesmo tempo. A menos que já tenha
perdido os dois.
Sem publicidade ou patrocínio, dependemos de você. Faça parte
do nosso grupo de apoiadores e ajude a manter nossa voz livre e plural: apoia.se/outraspalavras
Tags
agência nacional do petróleo, ANP, crise ambiental, crise climática, exploração de petróleo, exploração do bloco 59, leilão do petróleo, Margem Equatorial, Petrobrás, petróleo na foz do amazonas, soberania nacional
Em tempo: estou suspenso no Facebook porque, segundo eles,
minha matéria não contempla os interesses da comunidade. Recorri ao MPF.Entendo
que qualquer matéria está protegida pela Constituição Federal de 1988, quanto
ao direito à liberdade de expressão. E quanto ao “interesse da comunidade”,
estou me lixando (3)!
3 - https://emanuelcancella.blogspot.com/2024/09/emanuel-cancella-denuncia-ao-mpf-do.html
Rio de Janeiro 10 de outubro de 2025.
Em tempo, se você quiser e puder me ajudar, faça um depósito
diretamente na conta de uma dessas entidades filantrópicas, podendo abater no
imposto de renda, elas estão listadas em
http://emanuelcancella.blogspot.com/2020/07/aviso-importante.html
Pode ajudar por pix, é o que estou fazendo. No RJ, pode
solicitar a presença de um mensageiro que irão buscar a doação.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, em abril de 2023,
pós graduado em Direito Constitucional, pela Universidade Pitágoras Unopar
Anhanguera.
Ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex diretor
do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP ,
ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra
Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em:
https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1519072214-livro-a-outra-face-de-sergio-moro/
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
Meus endereços eletrônicos:
http://emanuelcancella.blogspot.com.
Youtube:
https://www.youtube.com/channel/UC9UUcJBWKgDte00tTF4FsHA
Tik Tok: https://www.tiktok.com/@emanuelcancella
Instagram: https://www.instagram.com/emanuelcancella/
Facebook: https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella
Nenhum comentário:
Postar um comentário