por Emanuel Cancella
Veja o vídeo desta
matéria em: https://www.youtube.com/watch?v=k-DTH6qMhis
Sou um dos milhares de petroleiros aposentados da Petrobrás,
depois de pagar por 42 anos o fundo de pensão e simultaneamente o INSS. Sendo
que o INSS paguei por um tempo ainda maior, trabalhando no comércio, Light,
hotelaria, etc., até chegar à Petrobrás.
Quando entrei na Petrobrás, através de concurso público, no
dia 10/07/1974, na Replan, em Paulínia, São Paulo, colocaram na minha mesa a
proposta da Petros.
Pedi para levar a proposta para casa, ler e estudar o
contrato. E alguém me avisou que se você não assinar não entra na Empresa. E eu
assinei.
Conto minha história que não é muito diferente dos milhares
de aposentados ligados ao fundo de pensão das estatais.
O fundo de pensão Previ do Banco do Brasil foi criado no
início do século e o da Petrobrás, a Petros, foi em 1970, no governo do general
Ernesto Geisel. Os demais fundos de estatais vieram após a Petros.
Os principais fundos de pensão estão sendo alvos de
investigação através da Operação Greenfield da Polícia Federal, principalmente
por investimentos de forma temerária ou fraudulenta.
Funcef (fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica
Federal), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios)
esses fundos seriam responsáveis por 62,6% do rombo bilionário acumulado de todo
o sistema em 2015. Não podemos esquecer que a Lava Jato, dizendo combater a
corrupção, destruiu a economia nacional em poucos meses. Veja o vídeo
(11).
Agora os golpistas estão querendo enfraquecer os fundos das
estatais somente para entregar seus patrimônios na mão dos bancos
privados e o mercado.
Esses fundos, os das estatais, possuem a maior poupança do
estado brasileiro, algo em torno de hum trilhão de reais. Esse patrimônio
pertence, em grande parte, aos trabalhadores ou seus mantenedores.
Além do patrimônio, os fundos ligados às estatais fazem parte
de um dos mercados mais promissores de nossa economia, que é o de aposentadoria
complementar.
Com as sucessivas reformas da Previdência, o teto das
aposentadorias fica insignificante, para os trabalhadores de
classe média, principalmente os profissionais liberais, tais como médicos,
engenheiros, advogados, etc. Estes trabalhadores já estão sendo assediados
pelos bancos privados para contratarem aposentadorias complementares.
Os fundos das estatais pagam aposentadorias e pensões, desde
suas existências e em dia.
Já bancos privados nunca pagaram as aposentadorias
complementares que contrataram.
O empresário Silvio Santos, em cuja emissora, o SBT, divulga:
“Você sabia que se não for feita a reforma da Previdência, você pode deixar de
receber o seu salário?”
Saiba que Silvio Santos lançou uma aposentadoria complementar
chamada Aposentec que não pagou aposentadoria a ninguém e nem devolveu o
dinheiro aos participantes (1). E Silvio Santos está aí rindo à toa!
Os militares também lançaram, durante a ditadura militar, a
Capemi e Geboex, que deveriam pagar complemento de aposentadoria e deram o cano
nos participantes (7,8).
Paulo Guedes, futuro superministro da Economia, que diz que
vai privatizar tudo, está sendo processado. Guedes é suspeito de cometer crimes
de gestão fraudulenta ou temerária num rombo de hum trilhão de reais em fundos
de pensão de estatal(9,10).
Além da investigação nos fundos de pensão, os petroleiros,
ativos e aposentados, ligados a Petros, estão sendo obrigados a pagar 13% de
seus salários, por 18 anos, para cobrirem o rombo da Petros.
Pergunta que não quer calar: os petroleiros estão pagando por
18 anos pelo rombo que não fizeram e o Silvio Santos, o Paulo Guedes e os
militares vão pagar quando?
7- https://www.esmaelmorais.com.br/2012/08/a-ditadura-militar-no-brasil-era-corrupta-diz-pesquisadora/
11
- https://jornalggn.com.br/noticia/documentario-mostra-como-a-lava-jato-destruiu-a-economia-em-poucos-meses
Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2018.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente
do Sindipetro-RJ, fundador e ex- diretor do Comando Nacional dos Petroleiros,
da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do
Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser
adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
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