Por Emanuel Cancella
Leia, na íntegra, a
denúncia formalizada ao MPF, em novembro de 2016, e até hoje sem resposta.
Veja o vídeo dessa matéria: https://www.youtube.com/watch?v=VQKfZSknpdk
A única manifestação do MPF foi, em dezembro do mesmo ano,
intimando o autor, a pedido do juiz Sergio Moro, por possível crime
contra a honra do servidor público (1ª).
“EXMO(A). SR(A). PROCURADOR FEDERAL PROCURADORIA DA
REPÚBLICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - RJ.
EMANUEL JORGE DE ALMEIDA CANCELLA, brasileiro, industriário,
RG 75.300 OAB/RJ, CPF: 255.264.137-72, com endereço comercial na Avenida
Passos, 34, Centro, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ, 20051-040 como cidadão
brasileiro e empregado da sociedade de economia mista Petróleo Brasileiro S.A.
Petrobrás, integrante da administração federal indireta e controlada pela
União, funcionário da Petrobrás, dirijo-me a essa instituição para fazer
as seguintes denúncias:
O Ministério Público (MP) é uma instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, CF/88).
A Petrobrás é uma empresa estatal vinculada à administração
federal indireta, motivo pelo qual, como patrimônio público, deveria ser objeto
de defesa, por parte dos órgãos estatais, dentre os quais o Ministério
Público.
Nesse contexto, causa estranhamento que na denominada
Operação Lava Jato, na qual concorrem juízes, procuradores e agentes da Polícia
Federal, se tenha extrapolado o objeto central da investigação, vale dizer,
desvios na gestão da Companhia, atuação que vem causando imensos danos à imagem
e patrimônio da própria Petrobrás.
A Lava Jato, cujo objeto central de investigação deveria ser
a gestão da Petrobrás, investiga, no mesmo contexto, a Eletronuclear (4),
Transposição do Rio São Francisco (3), a construção do estádio de futebol do
Corinthians (2), e até o assassinato do prefeito de Santo André, Celso
Daniel (1).
Se a Lava Jato vai além de investigar a Petrobrás, atingindo
obras públicas, assassinato de prefeito e outras empresas estatais desvia o
foco de sua missão principal, que é investigar a gestão da Petrobrás, quando
não investiga, por exemplo, o governo Fernando Henrique Cardoso na Petrobrás
apesar de inúmeras denuncias, inclusive quando o próprio ex-presidente da
República revelou, em seu livro Diários da Presidência, que havia corrupção na
Petrobrás durante seu governo.
E agora, muito estranhamente, a Lava Jato, que sumariamente
determinou a prisão do ex governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral não
demonstra a mesma firmeza em relação por exemplo ao ex- governador de Minas
Gerais, Aécio da Cunha Neves, por mais de 5 vezes delatado na Lava Jato.
E o pior, a Lava Jato não investiga os atos do atual
presidente da Petrobrás, Sr. Pedro Pullen Parente, que está alienando ativos da
Companhia sem a necessária licitação, em uma liquidação.
Foi assim que a atual gestão da empresa vendeu a mais rica
malha de dutos da Transpetro, subsidiária integral da Petrobrás, qual seja, a
malha de dutos do sudeste, o que obrigará a Companhia a pagar para utilização
de um ativo que anteriormente lhe pertencia.
No mesmo sentido, e sem a necessária licitação, a Petrobrás,
como acionista majoritária, vendeu a Liquigás e quer vender a
BR-Distribuidora, a empresa de maior faturamento do Brasil.
Vendeu, também sem licitação, o petróleo do campo gigante do
pré-sal de Carcará, ao preço de um refrigerante o barril, quando preço do
petróleo, no mercado internacional, beira US$ 45 o barril (7).
Ignorando a legislação de conteúdo nacional, suspendeu ou
cancelou encomendas de navios e plataformas a estaleiros nacionais, causando
enorme desemprego e ameaçando a própria sobrevivência da indústria naval
brasileira.
A Gestão do Sr. Pedro Pullen Parente tirou a Petrobrás de
setores estratégicos da economia e altamente lucrativos, tais como o Petroquímico,
de fertilizantes, gás e de biocombustíveis.
Outra grande preocupação que externo na presente denúncia é
o fato da Lava Jato ter convocado os procuradores estadunidenses para
investigar a Petrobrás (6). Segundo noticias veiculadas pela imprensa nacional
e internacional, esta movimentação tem por objetivo subsidiar a Justiça de
outro país para impor pesadas multas e condenações judiciais à Petrobrás, em
flagrante prejuízo para seu acionista majoritário (União) e demais acionistas
minoritários, notadamente os pequenos acionistas nacionais, muitos dos quais se
utilizaram, inclusive, de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -
FGTS.
A principal acusação contra a Petrobrás é que a corrupção
seria o principal motivo da queda nos valores da ações nas bolsas de valores,
em especial a de NY - EUA.
Nesse particular,é importante destacar que as ações de
empresas petroleiras de todo mundo tiveram queda, essencialmente por conta da
substancial queda do preço do barril de petróleo.
Outro relevante motivo para a desvalorização desses papeis
seria uma ação provocada pelo governo dos EUA junto a Arábia Saudita, principal
produtor de Petróleo no mundo, para prejudicar os países produtores,
principalmente: Rússia, Irã, Venezuela e Brasil.
Aliás, não é a primeira vez que o governo dos EUA faz
isso.
E nesse sentido que causa perplexidade que a Lava Jato
autorize que os corruptos da Petrobrás presos testemunhem nos EUA contra a
empresa (8).
Ora, por uma questão de reciprocidade indago, como cidadão
brasileiro e funcionário da Petrobrás, se não seria o caso dos procuradores
brasileiros irem aos EUA investigar a petroleira estadunidense, Chevron por
conta de uma denuncia da maior gravidade divulgada pelo Wikleaks, publicada em
vários jornais no mundo, em que, em uma troca de correspondência ocorrida em
2009 entre executivos dessa empresa e o então candidato à Presidência da
República José Serra, este prometia favores a petroleira estrangeira em
prejuízo da Petrobrás (5). Contudo, certamente as regras processuais
norte-americanas, dificilmente permitiriam esse tipo de ofensa à soberania
daquela nação.
E por último, é importante destacar que o Exmo. Juiz
Sérgio Moro declarou nos EUA que “ ...não julgou casos relacionados ao
PSDB porque investigações, sobre o partido não chegaram a
ele... (9)“
Conclusão:
Por tudo que por mim foi exposto, requeiro que este
MPF adote as medidas necessárias para que as distorções acima indicadas sejam
corrigidas, e, ainda, que as investigações sejam estendidas, de forma a apurar
todas as irregularidades ocorridas no âmbito da Petrobrás que guardem
pertinência como o objeto original das investigações da Lava Jato, para que
prevaleça o interesse público, que sejam observados os princípios norteadores da
administração pública e que não ser tenha a falsa impressão de seletividade,
pelo que, confia na justa e firma atuação deste r. órgão.
Termos em que Pede Deferimento.
EMANUEL JORGE DE ALMEIDA CANCELLA
OAB/RJ 75.300
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2016”.
Fonte:
1
- https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=Lava+jato+investiga+o+assassinato+do+prefeito+de+Diadema%2C+Celso+daniel
2
- http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/03/lava-jato-investiga-propina-na-construcao-do-estadio-do-corinthians.html
3 - http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-deflagra-operacao-contra-desvios-na-transposicao-do-sao-francisco-com-doleiros-da-lava-jato/
4
- http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/07/pf-cumpre-mandados-da-operacao-lava-jato-no-rio-e-porto-alegre.html
5
- http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/wikileaks-as-conversas-de-serra-com-a-chevron-sobre-o-pre-sal
6
- http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/lava-jato-tera-cooperacao-dos-eua-para-chegar-a-operador-da-odebrecht/
7 - http://www.tijolaco.com.br/blog/venda-de-carcara-petrobras-perdeu-hoje-tanto-quanto-com-lava-jato-inteira/
8
- http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/11/paulo-roberto-costa-assina-acordo-de-colaboracao-com-justica-dos-eua.html
9 - http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/08/nos-eua-sergio-moro-explica-por-que-nao-julga-politicos-do-psdb.html
Emanuel Cancella que é da coordenação do Sindipetro-RJ e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)”
Fonte:
Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2017.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do
Sindipetro-RJ, fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da
FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese,
sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser
adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
Meus endereços eletrônicos:
http://emanuelcancella.blogspot.com.
https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
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Choro cada vez que leio esse importante inventário dos desmandos da justiça, feito bravamente pelo Cancela. Sou dominada por um sentimento de impotência contra tantas atrocidades lesivas à nossa soberania!
ResponderExcluirAlém disso, me pergunto por que os artistas globais que foram ao Congresso lutar pela Amazônia, não incluíram a PetroBrás em seus protestos.
Companheira Tânia temos que insistir: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!
ResponderExcluirEmanuel, amigo de longa data da frentes de batalha na PEROBA, urge que façamos uma campanha ferrenha contra o canalha maior da VAZA JATO, que se pretende a um cargo eletivo público. Falo da pulha que dá o título de seu magistral livro, A OUTRA FACE DE SÉRGIO MORO, pendente de um autógrafo pra abrilhantar minha biblioteca.
ResponderExcluirSó neste País um candidato à prisioneiro se projeta como futuro político.
Saudações.