por Emanuel Cancella
FHC, na década de 90 para implantar o neoliberalismo no
Brasil, sabia que teria que enfrentar os petroleiros. FHC imitava a Dama de
Ferro, Margaret Thatcher, que, para implantar as políticas neoliberais na
Inglaterra, precisava enfrentar os trabalhadores mineiros, considerados a
categoria mais forte entre os trabalhadores ingleses. Margaret derrotou-os
financiando uma greve, de mais de ano, contra os operários das minas.
No Brasil, os petroleiros, unidos numa única federação,
depois de uma greve de 32 dias e com apoio da sociedade civil organizada,
impuseram uma derrota fragorosa aos tucanos. Na época, a palavra de ordem era
“Somos todos petroleiros”
Barramos parte das privatizações principalmente a da
Petrobrás, não deixamos trocar o nome da Empresa para Petrobrax. FHC conseguiu
quebrar o monopólio estatal do Petróleo. Derrotado na privatização, FHC ainda
dividiu a companhia em Unidades de Negócios para vendê-la fatiada. Os tucanos
venderam somente 30% da refinaria do su, Refapl; anos depois, o governo de Luiz
Inácio Lula da Silva a recomprou.
Hoje a categoria petroleira está dividida em duas federações,
FUP e FNP, e essa divisão persiste mesmo diante do atual quadro de
destruição criminosa da Petrobrás. Eu fui um dos que abandonou a FUP e
participei da criação da FNP, mas por motivos pontuais. Entretanto sempre achei
e acho que, em questões fundamentais, como a defesa da Petrobrás, deveríamos
estar unidos.
Fica claro que o juiz Moro é o cabeça do desmonte da
Petrobrás. E se isso não ficou transparente para a categoria petroleira é
devido à omissão tanto da Federação Nacional dos Petroleiros- FNP, como da
Federação Única dos Petroleiros – FUP, já que não tiveram ainda a coragem de
apontar Moro como o grande articulador do desmonte da Petrobrás.
Os artigos que existem na página eletrônica do Sindipetro-RJ
e da FNP contra Moro são somente de minha autoria. Nas duas entidades o espaço
era livre, não somente a direção, como a base, tinha direito de expor suas
ideias. Não acredito hoje, que no Sindipetro-RJ e no Sindipetro- AL/SE exista
essa liberdade.
FUP e FNP se limitam a criticar a Lava Jato e nada falam de
Moro.
Até entendo a preocupação, dada a truculência do Moro, que
pessoalmente pediu ao MP para que eu, enquanto Coordenador da FNP, fosse
intimado por criticá-lo. Mas o momento exige instinto de luta!
Aliada a essa omissão, há também a presença do PSTU (Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado), compondo a FNP e presente em
dois sindicatos poderosos da FNP, RJ e SE/AL, que defende Moro e a Lava
Jato.
O PSTU diz mais, já que afirma que não teve golpe no Brasil e
concorda com Moro e Pedro Lalau Parente, de que tudo de ruim no país e na
Petrobrás é culpa do PT, Lula e Dilma. Inclusive o PSTU é a favor da prisão de
Lula, mesmo sem provas (1).
Enquanto FNP e FUP não se unirem nesta luta contra o governo
ilegítimo e apontarem o juiz Moro como um dos principais articuladores do golpe
e do desmonte da Petrobrás, a categoria petroleira vai ficar inerte.
E a sociedade vai continuar perguntando: Cadê os petroleiros?
Fonte:
Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2017.
Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ,
fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e
coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também
autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
(Esse relato pode ser reproduzido livremente)
Meus endereços eletrônicos:
http://emanuelcancella.blogspot.com.
https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella
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