Sindipetro-RJ, Surgente editorial de 11/08/2016

Em 1994, o governo FHC, com apoio da
Globo, tentou privatizar a Petrobrás. Alegava que “a Petrobrás era um
paquiderme e os petroleiros marajás”. Foram 32 dias de greve, 100 demissões,
inclusive a do coordenador da FUP, Antonio Carlos Spis, e multa de cem mil
reais por dia de greve. Dr. Clotário, então chefe do RH da Petrobrás, não
resistiu à baixaria aplicada pelo governo e pela direção da empresa e morreu subitamente.
Quatro acordos foram assinados. O
primeiro ainda em novembro de 1994, em Juiz de Fora, com a presença do
presidente Itamar, que, junto com o ministro Ciro Gomes, celebrou o acordo
salarial. Na época, disse Itamar que, na condição de presidente, sua palavra
era lei. Mas, com a troca de presidentes, não teve tempo de formalizar o
acordado.
Esqueceu Itamar que seu sucessor não
era um sujeito digno de confiança. É de Fernando Henrique a célebre frase:
“Esqueçam tudo o que escrevi”. Ora se FHC não soube honrar a própria obra,
imaginem a palavra do seu antecessor! A princípio, a greve teve motivação
salarial. Já com FHC, empenhado em destruir e privatizar a Petrobrás, tornou-se
uma greve política, de defesa da companhia.
Durante a greve, outros acordos foram
firmados e invalidados. O desrespeito à nossa categoria levou ao acirramento do
embate.
Hoje Pedro Parente, colocado na presidência da Petrobrás pelo
mesmo grupo FHC-Serra, recorre às velhas falcatruas e mentiras. Diz que vai
salvar a Petrobrás entregando o pré-sal e vendendo ativos como a BR. Outra
balela é dizer que “em sua gestão não existem indicações políticas”, omitindo
sua própria indicação.
Com uma greve dura, naquele momento
derrotamos os entreguistas. FHC “quebrou” o monopólio, mas não conseguiu
privatizar a Petrobrás. A nossa resistência trouxe de volta todos os demitidos.
A multa aplicada arbitrariamente pela justiça para punir os sindicatos foi
resgatada e o dinheiro foi usado para reformar a sede sindical da Avenida
Passos, no Rio.
No entanto, ainda assim FHC não
desistiu de seus propósitos entreguistas e transformou a Petrobrás em unidades
de negócios para vendê-la fatiada. Chegou a vender 30% da Refap , mas as ações
foram recompradas no governo Lula.
Braço do PSDB, se antes a Globo taxava
os petroleiros de “marajás”; hoje tenta passar à opinião pública a imagem de
que somos todos “corruptos”. Na greve de 95, também enfrentamos a guerra com a
mídia entreguista. Fizemos um grande ato na porta da Globo, no Jardim Botânico,
e ocupamos a Rede Manchete, no Flamengo, conseguindo direito de resposta.
Hoje, depois do golpe político-judiciário-midiático,
estamos vivenciando um novo capítulo da mesma política neoliberal da era
FHC, embora mais acirrada. Trouxeram o “ministro do apagão” , Pedro Parente,
para presidir a Petrobrás. Logo quem!
Nos governos Lula-Dilma, o país superou
o risco de apagão, graças aos investimentos nas termoelétricas da Petrobrás. O
retorno da política privatista e entreguista, porém, deve trazer de volta o
pesadelo dos racionamentos.
Em 62 anos de existência, a Petrobrás
jamais deixou faltar combustível em todo o território nacional. Ultimamente,
respondia por 13% do PIB e financiava, com seus impostos, mais de 80% das obras
do PAC. A Petrobrás, mesmo sob ataques, é a empresa que mais cresce. A produção
do pré-sal bate recordes e já produz mais de um milhão de barris/dia.
Com o pré-sal, o Brasil tem
abastecimento garantido por, no mínimo, mais 50 anos. A cobiça
sobre essa imensa riqueza está no cerne do golpe em curso no país.
Só uma nova greve nacional dos
petroleiros, que está prevista para começar no próximo dia 16 de agosto, poderá
reverter a destruição da Petrobrás e a entrega do nosso petróleo aos
gringos. Essa é a lição que a história recente nos ensinou.
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