segunda-feira, 18 de julho de 2016

Resposta dos petroleiros à entrevista de Pedro Parente

por Emanuel Cancella
A nova diretoria da Petrobrás aos poucos vai revelando sua verdadeira face, e coloca em prática seus reais objetivos através do desmonte da empresa e entrega do Pré-sal. 
Por Emanuel Cancella*
 Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo publicada na edição desta segunda-feira (18), o presidente Pedro Parente disse: “Sou contra falar em privatização da Petrobrás”. Mas vale dar uma relembrada no passado para entendermos de fato o que o atual chefão da Petrobrás pensa na verdade.
Na entrevista concedida, Pedro Parente desfia seu rosário: “O nosso trabalho é deixar absolutamente evidente que fomos vítimas dessa quadrilha” – falou se referindo aos escândalos da Lava Jato.
Porém, é preciso que a sociedade saiba de que quadrilha o presidente está falando? Da quadrilha que implantou a “Privataria Tucana”, que tentou privatizar a Petrobrás dando o pré-sal como bônus? Que fizeram da mesma maneira como na Vale do Rio Doce, e que hoje tentam fazer com a Petrobrás, ao desmoralizar a empresa e seus funcionários para depois vendê-la por preço um aviltado. Se dependesse do governo de FHC, que Parente fez parte, a festa do descobrimento do pré-sal seria realizada no Texas ou em algum país Europeu!
Não dá para aceitar Senhor Parente, a sua afirmação na entrevista à Folha: “E, em razão dessas metas irrealistas, precisamos construir mais refinarias, fazer mais contratos disso e daquilo... Veja, por exemplo, o Comperj, no qual a empresa investiu US$ 13 bilhões, mas não obteve nenhum retorno”.
Ora bolas, o Brasil gastou em seis anos cerca de R$ 80 bi para importar gasolina e diesel para suprir o mercado interno que expandiu. Vendia mais barato no Brasil para não impactar a inflação. Se tivéssemos construído as duas refinarias não seria necessário importar, pelo contrário, poderíamos estar exportando derivados. O Comperj é a retomada do braço petroquímico, a parte mais lucrativa da indústria do petróleo: são mais de 3.000 produtos de derivados que resultam em smartphones, tablets, celulares toda linha de eletros eletrônicos, tênis, etc.
Por isso, parar o braço petroquímico do Comperj é crime lesa pátria! As dividas da Petrobrás e o valor da corrupção não chegam a um porcento das reservas de petróleo da empresa que são de 100 bilhões de barris. Sem contar as 11 refinarias, mais de 100 plataformas marítimas, mais de 8.000 km de dutos, etc. Isso demonstra claramente que a Petrobrás está longe de estar falida.
Pedro Parente fala sobre o conteúdo local da Lei de Partilha: “O que não acho aceitável, nem possível, é que seja uma política de reserva de mercado” - criticou.
Mas foram com esses argumentos que FHC levou a Indústria Naval para o exterior. Construímos navios, plataformas, sondas no exterior, gerando empregos e renda para os gringos.  
E continua Parente na entrevista: “Tem projeção recente das perdas com ações nos EUA?” – indaga.
Bom, a Operação Lava Jato convocou os procuradores americanos para investigarem a Petrobrás, isso equivale a legitimar a espionagem. Todos os membros da força tarefa da Lava Jato são funcionários públicos que têm como função precípua defender o Patrimônio Público. Mas fica evidente que a Lava Jato quer arrebentar com a Petrobrás. O Interessante que a operação não mandou nossos procuradores investigarem a Chevron, petroleira americana, denunciada pelo Wikileaks em lobby contra a Petrobrás.
Parente, na entrevista, fala sobre os petroleiros: “Não é da sua equipe, é de uma minúscula minoria. Em um grupo de 80 mil indivíduos, 20, 30 são desonestos” – diz.
O executivo da Petrobrás, Hugo Repsold Júnior, diretor executivo de Recursos Humanos, SMS e Serviços, falou em entrevista que existiriam mais de 1.000 funcionários envolvidos em corrupção na companhia.
É bom lembrar que o Sindipetro-RJ entrou com denúncia junto ao Ministério Público, querendo saber o nome desses funcionários.
Na verdade, o que se percebe é que no governo de FHC eles tentaram privatizar a Petrobrás chamando os petroleiros de marajás, e agora da mesma forma faz a Globo.
Senhor Pedro Parente, a Lava Jato tenta passar para a sociedade que os petroleiros são corruptos para justificar a entrega da Petrobrás aos gringos. Não se esqueça de que quando o petróleo era um sonho os petroleiros foram às ruas no maior movimento cívico, “O Petróleo é Nosso!”, que resultou na criação da Petrobrás em 1953.
Era Fernando Henrique: os vendilhões do templo
Na década de 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso, do qual ficou conhecido como o “ministro do apagão”, com apoio das Organizações Globo, Parente e sua trupe tucana tentou privatizar a Petrobrás. Os petroleiros responderam com uma greve de 32 dias, em 1995, e com apoio da sociedade organizada, conseguiram derrubar a privatização. Mas antes, no mesmo ano, os tucanos já tinham dado um jeito com a quebra do monopólio, com sua aprovação através de uma emenda constitucional.
Frustrados na privatização, os tucanos dividiram a Petrobrás em unidades de negócios com o objetivo de vendê-la de forma fatiada. Dado a resistência da categoria, venderam só 30% da Refinaria Alberto Pasqualini -REFAP, refinaria do Sul do Brasil, que depois foi recomprada no governo Lula. E agora de novo, o Sr. Pedro Parente quer retomar o mesmo processo com a venda fatiada da Petrobrás.  
Não custa lembrar que na década de 1990, o governo tucano, principalmente com ajuda das Organizações Globo, comparava a Petrobrás a um paquiderme, e chamavam o petroleiro de Marajá.
Mas a grande resposta dos petroleiros não foi somente a greve de 32 dias, e sim veio, em 2006, com o desenvolvimento da tecnologia inédita no mundo que permitiu a descoberta do pré-sal.
Mas como recordar é viver, a Globo cuja sua afiliada, a RBS, teve como vice-presidente, Pedro Parente, publicou um editorial em dezembro de 2015, dizendo: “O pré-sal pode se tornar patrimônio inútil”.
É sabido que os governos do PT afastaram a ameaça de privatização, aumentaram o efetivo da companhia de 33 mil para 85 mil, retomaram a indústria naval, descobriram o pré-sal, estavam construindo duas refinarias no Nordeste (Ceará e Maranhão) para dar ao país a autossuficiência no refino. E ainda temos o Comperj em construção em Itaboraí-RJ.
E agora que o petróleo é uma realidade nos vamos permitir a sua entrega, a preço de banana?   

*Emanuel Cancela é diretor do Sindipetro-RJ e secretário geral da Federação Nacional do Petroleiros – FNP
Rio de Janeiro, 18 de julho de 2016 

Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ 75 300              
       
OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.









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