por Emanuel Cancella
A nova diretoria da Petrobrás aos
poucos vai revelando sua verdadeira face, e coloca em prática seus reais
objetivos através do desmonte da empresa e entrega do Pré-sal.
Por
Emanuel Cancella*

Em entrevista ao jornal
Folha de São Paulo publicada na edição desta segunda-feira (18), o presidente
Pedro Parente disse: “Sou contra falar em privatização da Petrobrás”. Mas vale
dar uma relembrada no passado para entendermos de fato o que o atual chefão da
Petrobrás pensa na verdade.
Na entrevista concedida, Pedro
Parente desfia seu rosário: “O nosso trabalho é deixar absolutamente evidente
que fomos vítimas dessa quadrilha” – falou se referindo aos escândalos da Lava
Jato.
Porém, é preciso que a sociedade
saiba de que quadrilha o presidente está falando? Da quadrilha que implantou a
“Privataria Tucana”, que tentou privatizar a Petrobrás dando o pré-sal como
bônus? Que fizeram da mesma maneira como na Vale do Rio Doce, e que hoje tentam
fazer com a Petrobrás, ao desmoralizar a empresa e seus funcionários para
depois vendê-la por preço um aviltado. Se dependesse do governo de FHC, que
Parente fez parte, a festa do descobrimento do pré-sal seria realizada no Texas
ou em algum país Europeu!
Não dá para aceitar Senhor
Parente, a sua afirmação na entrevista à Folha: “E, em razão dessas metas
irrealistas, precisamos construir mais refinarias, fazer mais contratos disso e
daquilo... Veja, por exemplo, o Comperj, no qual a empresa investiu US$ 13
bilhões, mas não obteve nenhum retorno”.
Ora bolas, o Brasil gastou em
seis anos cerca de R$ 80 bi para importar gasolina e diesel para suprir o
mercado interno que expandiu. Vendia mais barato no Brasil para não impactar a
inflação. Se tivéssemos construído as duas refinarias não seria necessário
importar, pelo contrário, poderíamos estar exportando derivados. O Comperj é a
retomada do braço petroquímico, a parte mais lucrativa da indústria do
petróleo: são mais de 3.000 produtos de derivados que resultam em smartphones, tablets,
celulares toda linha de eletros eletrônicos, tênis, etc.
Por isso, parar o braço
petroquímico do Comperj é crime lesa pátria! As dividas da Petrobrás e o valor
da corrupção não chegam a um porcento das reservas de petróleo da empresa que
são de 100 bilhões de barris. Sem contar as 11 refinarias, mais de 100
plataformas marítimas, mais de 8.000 km de dutos, etc. Isso demonstra
claramente que a Petrobrás está longe de estar falida.
Pedro Parente fala sobre o
conteúdo local da Lei de Partilha: “O que não acho aceitável, nem possível, é
que seja uma política de reserva de mercado” - criticou.
Mas foram com esses argumentos
que FHC levou a Indústria Naval para o exterior. Construímos navios,
plataformas, sondas no exterior, gerando empregos e renda para os gringos.
E continua Parente na entrevista:
“Tem projeção recente das perdas com ações nos EUA?” – indaga.
Bom, a Operação Lava Jato
convocou os procuradores americanos para investigarem a Petrobrás, isso
equivale a legitimar a espionagem. Todos os membros da força tarefa da Lava
Jato são funcionários públicos que têm como função precípua defender o
Patrimônio Público. Mas fica evidente que a Lava Jato quer arrebentar com a
Petrobrás. O Interessante que a operação não mandou nossos procuradores investigarem
a Chevron, petroleira americana, denunciada pelo Wikileaks em lobby contra a
Petrobrás.
Parente, na entrevista, fala
sobre os petroleiros: “Não é da sua equipe, é de uma minúscula minoria. Em um
grupo de 80 mil indivíduos, 20, 30 são desonestos” – diz.
O executivo da
Petrobrás, Hugo Repsold Júnior, diretor executivo de Recursos
Humanos, SMS e Serviços, falou em entrevista que existiriam mais de 1.000
funcionários envolvidos em corrupção na companhia.
É bom lembrar que o Sindipetro-RJ
entrou com denúncia junto ao Ministério Público, querendo saber o nome desses
funcionários.
Na verdade, o que se percebe é
que no governo de FHC eles tentaram privatizar a Petrobrás chamando os
petroleiros de marajás, e agora da mesma forma faz a Globo.
Senhor Pedro Parente, a Lava Jato
tenta passar para a sociedade que os petroleiros são corruptos para justificar
a entrega da Petrobrás aos gringos. Não se esqueça de que quando o petróleo era
um sonho os petroleiros foram às ruas no maior movimento cívico, “O Petróleo é
Nosso!”, que resultou na criação da Petrobrás em 1953.
Era Fernando Henrique: os
vendilhões do templo
Na década de 1990, no governo de
Fernando Henrique Cardoso, do qual ficou conhecido como o “ministro do apagão”,
com apoio das Organizações Globo, Parente e sua trupe tucana tentou privatizar
a Petrobrás. Os petroleiros responderam com uma greve de 32 dias, em 1995, e
com apoio da sociedade organizada, conseguiram derrubar a privatização. Mas
antes, no mesmo ano, os tucanos já tinham dado um jeito com a quebra do
monopólio, com sua aprovação através de uma emenda constitucional.
Frustrados na privatização, os
tucanos dividiram a Petrobrás em unidades de negócios com o objetivo de
vendê-la de forma fatiada. Dado a resistência da categoria, venderam só 30% da
Refinaria Alberto Pasqualini -REFAP, refinaria do Sul do Brasil, que depois foi
recomprada no governo Lula. E agora de novo, o Sr. Pedro Parente quer retomar o
mesmo processo com a venda fatiada da Petrobrás.
Não custa lembrar que na década
de 1990, o governo tucano, principalmente com ajuda das Organizações Globo,
comparava a Petrobrás a um paquiderme, e chamavam o petroleiro de Marajá.
Mas a grande resposta dos
petroleiros não foi somente a greve de 32 dias, e sim veio, em 2006, com o
desenvolvimento da tecnologia inédita no mundo que permitiu a descoberta do
pré-sal.
Mas como recordar é viver, a
Globo cuja sua afiliada, a RBS, teve como vice-presidente, Pedro Parente,
publicou um editorial em dezembro de 2015, dizendo: “O pré-sal pode se tornar
patrimônio inútil”.
É sabido que os governos do PT
afastaram a ameaça de privatização, aumentaram o efetivo da companhia de 33 mil
para 85 mil, retomaram a indústria naval, descobriram o pré-sal, estavam
construindo duas refinarias no Nordeste (Ceará e Maranhão) para dar ao país a
autossuficiência no refino. E ainda temos o Comperj em construção em
Itaboraí-RJ.
E agora que o petróleo é uma
realidade nos vamos permitir a sua entrega, a preço de banana?
*Emanuel Cancela é diretor do
Sindipetro-RJ e secretário geral da Federação Nacional do Petroleiros – FNP
Rio de Janeiro, 18 de julho de
2016
Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ
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OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
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