Jornal do Sindipetro-RJ, Surgente, nº 1393, de 07/07/16

Os tucanos são blindados e os petistas massacrados pela Lava Jato e pela
mídia golpista. Por que será?
Enquanto os primeiros querem entregar todo o patrimônio público e o
pré-sal às petrolíferas estadunidenses, os governos do PT, mesmo cometendo
erros, tentaram preservar minimamente as riquezas brasileiras, por exemplo,
através da Lei de Partilha. Também criaram empregos e tentaram aquecer a
indústria nacional, por meio de investimentos na Petrobrás e da lei do
“conteúdo nacional”. Esse é um divisor de águas. Diante dos fatos, fica fácil
entender a que interesses servem o juiz Moro e seu braço partidário, o PSDB,
agora aliado aos traidores do PMDB.
O que estamos assistindo é um
aprofundamento das políticas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso, ditadas
por Washington. FHC tentou privatizar a Petrobrás, inclusive fez campanha
na mídia, comparando a Petrobrás a um paquiderme e chamando os
petroleiros de marajás. A resposta dos petroleiros veio em 2006 com o
desenvolvimento de tecnologia inédita no mundo, através do Cenpes e a
descoberta do pré-sal, que já produz mais de um milhão de barris por dia. O
jornal O Globo, porta-voz da direita golpista, em editorial publicado
em dezembro de 2015, escreveu: ‘O pré-sal pode ser patrimônio
inútil’.
A Globo premiou o ministro Joaquim
Barbosa que comandou no STF a AP 470, também conhecida como mensalão. Barbosa
usou o ‘”domínio dos fatos”, ao invés das provas materiais que são o padrão no
direito brasileiro, para condenar vários parlamentares, a maioria
do PT. No entanto, a justiça deixou prescrever o mensalão tucano,
anterior ao do PT, e a mídia oportunista se omite.
O mesmo prêmio que deu a Joaquim
Barbosa, a Globo também deu ao juiz Sérgio Moro, que foram chamados de “homens
que fazem a diferença”. Uma das diferenças é a indecente blindagem dos tucanos
na apuração dos atos de corrupção, como o senador Aécio Neves, já sete vezes
citado em envolvimentos para lá de suspeitos, mas até agora intocado.
A tarefa destinada ao juiz Moro,
provavelmente por seus patrões do hemisfério norte, é prender petistas.
Assim ele desmoraliza os trabalhadores no imaginário da população e inviabiliza
qualquer possibilidade de rompimento com os projetos entreguistas que o
golpista interino está encaminhando, a toque de caixa.
Moro mandou prender o tesoureiro e o
ex-tesoureiro do PT. Mas não mandou prender os tesoureiros do PMDB, do PSDB, do
PSB, do DEM e de outros partidos aliados no projeto de destruição da Petrobrás
e do Brasil, apesar do evidente envolvimento nos atos de corrupção apurados
pela Lava Jato.
Depois de um ano e meio de
investigações na Petrobrás, a Lava Jato continua vazando informações de forma
seletiva. Há um criminoso silêncio em relação a escândalos maiores, como o
Zelotes, que envolve bilionária sonegação de impostos de bancos
(Santander, Safra e Bradesco); companhias de cimento; e Boston Negócios, J.G.
Rodrigues, Café Irmãos Julio E Mundial-Eberle; montadoras Ford e Mitsubishi;
Grupo Gerdau; e a maior afiliada da Rede Globo, a RBS. Os valores sonegados no
Zelotes superam, de longe, os da Lava Jato.
A Globo teve a petulância de
apresentar uma matéria mentirosa no Fantástico, sobre o Benefício Farmácia.
Trata-se de uma conquista dos trabalhadores, firmada em acordo coletivo, que
permite retirar, nas farmácias credenciadas, parte dos medicamentos, através do
receituário médico. Insinuando que os petroleiros são privilegiados, a
reportagem omite, de forma sórdida, que os beneficiários e seus dependentes
sofrem descontos em seus salários em troca do benefício. Além disso, mais de
40% são funcionários novos que pouco uso fazem dos medicamentos.
A reportagem do Fantástico chegou a
relatar a compra de remédio para um cachorrinho, no mais patético exemplo de
“imprensa marrom”. Ora, o benefício farmácia não inclui o atendimento a
animais! Tem gente na categoria denunciando que o próprio Pedro Parente pagou
matéria para prejudicar ainda mais a imagem dos petroleiros e da Petrobrás.
Nós, empregados da Petrobrás,
exigimos que todos os corruptos e corruptores vão para a cadeia e o
dinheiro roubado seja devolvido aos cofres públicos, mas não concordamos que o
Lava Jato receba 10% dos acordos de leniência, até por que nenhum petroleiro
será premiado se desenvolver alguma patente ou fizer alguma descoberta: para o
petroleiro isso é dever de oficio.
A Rede Globo apoiou três golpes: o
primeiro contra Getulio Vargas, depois que em seu governo foi anunciada a
criação da Petrobrás, pela Lei 2004/53; o segundo, contra o governo João
Goulart, depois que estatizou a distribuição e as refinarias privadas. A
emissora apoiou e cresceu à sombra da ditadura empresarial-civil-militar; o
terceiro golpe que têm na Globo uma de suas articuladoras está acontecendo
agora, contra o governo da presidenta Dilma, eleito pela maioria do povo
brasileiro.
Nosso compromisso é com a defesa
intransigente do caráter estatal da Petrobrás que abastece o país de
derivados de petroleiros há 62 anos, participa com 13% do PIB nacional e vinha
financiando o crescimento do país, com os impostos que paga, sendo responsável
por 80% das obras do PAC. A descoberta do pré-sal garante a
autossuficiência do país por, no mínimo, 50 anos. Não vamos aceitar de
braços cruzados o projeto entreguista de destruição dos direitos, dos empregos,
muito menos dessa empresa gigante que ajudamos a construir, por várias
gerações.
Rio de Janeiro, 06 de julho de 2016
Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ
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Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Muito bom.
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