por Emanuel Cancella

A Petrobrás é a única
empresa brasileira que nasceu nas ruas, nos braços do povo, quando o petróleo era
apenas um sonho dos brasileiros. Esse foi o maior movimento cívico que este
país conheceu, intitulado de “O Petróleo
é Nosso!”. Isso aconteceu na década de 40/50, quando não existia
televisão, internet, mas a campanha uniu brasileiros de norte a sul, de leste a
oeste, militares, civis, comunistas, conservadores, estudantes, movimentos
sociais inclusive As Ligas Camponesas, a voz que vem dos campos. É bom lembrar de
Francisco Julião, mentor das ligas camponesas, que muito influenciou o
Movimento dos Sem Terra. A ligação do MST com a campanha do petróleo é
histórica!
Na ocasião, brasileiros
foram perseguidos, presos e mortos na campanha, isso quando não se sabia da
existência de petróleo no Brasil, era apenas uma hipótese. Houve defensores ilustres
do nosso petróleo como o General Horta Barbosa, general Bux Ball, General Felicíssimo Cardoso, tio de Fernando Henrique Cardoso, apelidado de
“General do Petróleo”. Como também Monteiro Lobato, um dos maiores escritores
brasileiros, cuja obra invadiu o mundo. Lobato chegou a ser preso!
O “Petróleo é Nosso!”
resultou na criação da Petrobrás e do monopólio estatal do Petróleo. A médica Maria
Augusta Tibiriça, coordenadora da campanha
escreveu o livro O Petróleo é Nosso, em 1983. No livro, a visionária Maria
Augusta dizia que a luta do petróleo não termina nunca! Realmente, pois a luta
pela cobiça de nosso petróleo se intensificou agora, com a descoberta do
pré-sal, que já produz um milhão de barris de petróleo por dia.
Tem que ficar claro que
nenhuma empresa brasileira chega perto do que a Petrobrás faz por nosso país: nossa
empresa de petróleo, além de abastecer ininterruptamente o país de derivados de
petróleo por mais de 60 anos; representa 13% do PIB brasileiro e financia 80% das
obras do país, com os impostos que paga. E o Brasil é o segundo canteiro de
obras do mundo, só perdendo para a China, representando assim milhões de
empregos!
O pré-sal eleva nossas reservas de petróleo para no
mínimo de 100 bilhões de barris e garante a nossa autossuficiencia em
hidrocarboneto, pelo menos para os próximos 50 anos. Qual a outra empresa
oferece isso ao Brasil?
A mídia e setores retrógrados do Brasil enganavam a
sociedade dizendo que queriam acabar com a corrupção, na verdade era só para
dar o golpe, tanto que tudo resultou no governo interino de Temer, o mais
corrupto da República. No caso da Petrobrás, os petroleiros já denunciavam
esses corruptos há muito tempo e ninguém se interessava em apurar nada. Hoje,
quando se apura, há vazamento seletivo no intuito de derrubar o governo Dilma e
principalmente manchar a imagem da Petrobrás com o claro intuito de permitir
sua privatização, como fizeram com a Vale do Rio Doce, a maior mineradora do
mundo, vendida a preço de banana! Muito bom que os corruptos sejam presos e que
haja devolução dos valores desviados, mas de forma alguma que isso leve à
destruição da empresa!
Os golpistas queriam tirar
Dilma não por conta dos erros, mas pelos acertos, para estancar os programas
sociais, fazer a reforma previdenciária e trabalhista que, na verdade, é para
tirar direito dos trabalhadores! E porque, tanto Dilma quanto Lula, sempre
valorizaram a Petrobrás, então, para entregar o petróleo aos gringos, teriam
primeiro que derrubá-la.
Os governos de Lula do PT, quando
assumiram, afastaram o perigo de privatização, fizeram a recomposição do quadro
técnico que, com o FHC chegou a 33 mil funcionários, e hoje já chegou a 85 mil,
além de terem retomado a indústria Naval. E principalmente por desenvolver em
seu governo, na Petrobrás, tecnologia inédita no mundo que resultou na
descoberta do pré-sal.
Lamentavelmente no governo
golpista de Michel Temer quem está comandando a Petrobrás é o ex ministro de
FHC, Pedro Parente, gerente do apagão e participou do governo que tentou, de
todas as maneiras, privatizar a Petrobrás. Só não conseguiram privatizar porque
a categoria petroleira se mobilizou, na época, senão tinha sido entregue, como
a Vale do Rio Doce!
Quando eles
falam em flexibilizar o pré-sal é para engabelar o povo, pois isso significa, na
verdade, a entrega de nosso ouro negro. Como também é entrega a venda de ativos
da Petrobrás, como a BR, termoelétrica, dutos, as fábricas de fertilizantes, terminais,
navios petroleiros. A frota de navios da empresa é de 49 navios uma das maiores
do mundo! Tudo conseguido com dinheiro do povo! Querem acabar também com o
conteúdo local da Lei de Partilha, que representa, na verdade, fechar os
estaleiros no Brasil, coisa que FHC fez em seu governo, construindo navios,
plataformas, sondas, em Singapura. Os tucanos, aliados aos golpistas, querem transferir
a industria naval para o estrangeiros para exportar empregos e renda para os
gringos.
Ao invés de diminuir o
tamanho da Petrobrás, de empresa de energia para empresa somente de petróleo, a
União teria que pagar a dívida que tem com a Petrobrás, que outrora bancou a
conta de importação de diesel e gasolina para suprir o mercado. A Petrobrás, por
seis anos, comprou a gasolina e o diesel
mais caro e vendeu mais barato para os consumidores para evitar impacto
na inflação. Se a União pagar a conta, a Petrobrás volta ao patamar de antes da
crise, que começou em outubro de 2014.
Concomitantemente, a Petrobrás
precisa concluir a obra das duas refinarias do Ceará e Maranhão, o que nos
daria a autossuficiência no refino, inclusive com a exportação do excedente
refinado. Como também, terminar o braço petroquímico do Comperj. O setor de
petroquímico é o mais lucrativo do setor petróleo. Com essa medidas a Petrobrás,
no mínimo, dobraria sua participação no PIB.
Mas o governo interino quer é entregar a empresa!
Quando o petróleo era apenas
um sonho o povo brasileiro foi para as ruas e garantiu a criação da Petrobrás! Será
que agora, que o petróleo é uma realidade, nós vamos permitir a sua entrega aos
gringos?
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2016
Autor:
Emanuel Cancella, - OAB/RJ 75
300
Emanuel
Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
(Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
OBS.:
Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha,
Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
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