quarta-feira, 15 de junho de 2016

Querem destruir a empresa dos sonhos dos brasileiros: a Petrobrás

por Emanuel Cancella
                                  

A Petrobrás é a única empresa brasileira que nasceu nas ruas, nos braços do povo, quando o petróleo era apenas um sonho dos brasileiros. Esse foi o maior movimento cívico que este país conheceu, intitulado de “O Petróleo  é Nosso!”. Isso aconteceu na década de 40/50, quando não existia televisão, internet, mas a campanha uniu brasileiros de norte a sul, de leste a oeste, militares, civis, comunistas, conservadores, estudantes, movimentos sociais inclusive As Ligas Camponesas, a voz que vem dos campos. É bom lembrar de Francisco Julião, mentor das ligas camponesas, que muito influenciou o Movimento dos Sem Terra. A ligação do MST com a campanha do petróleo é histórica!

Na ocasião, brasileiros foram perseguidos, presos e mortos na campanha, isso quando não se sabia da existência de petróleo no Brasil, era apenas uma hipótese. Houve defensores ilustres do nosso petróleo como o General Horta Barbosa, general Bux Ball,  General Felicíssimo Cardoso, tio de Fernando Henrique Cardoso, apelidado de “General do Petróleo”. Como também Monteiro Lobato, um dos maiores escritores brasileiros, cuja obra invadiu o mundo. Lobato chegou a ser preso!

O “Petróleo é Nosso!” resultou na criação da Petrobrás e do monopólio estatal do Petróleo. A médica Maria Augusta Tibiriça, coordenadora da campanha  escreveu o livro O Petróleo é Nosso, em 1983. No livro, a visionária Maria Augusta dizia que a luta do petróleo não termina nunca! Realmente, pois a luta pela cobiça de nosso petróleo se intensificou agora, com a descoberta do pré-sal, que já produz um milhão de barris de petróleo por dia.

Tem que ficar claro que nenhuma empresa brasileira chega perto do que a Petrobrás faz por nosso país: nossa empresa de petróleo, além de abastecer ininterruptamente o país de derivados de petróleo por mais de 60 anos; representa 13% do PIB brasileiro e financia 80% das obras do país, com os impostos que paga. E o Brasil é o segundo canteiro de obras do mundo, só perdendo para a China, representando assim milhões de empregos!

O pré-sal  eleva nossas reservas de petróleo para no mínimo de 100 bilhões de barris e garante a nossa autossuficiencia em hidrocarboneto, pelo menos para os próximos 50 anos. Qual a outra empresa oferece isso ao Brasil?

A mídia e setores retrógrados do Brasil enganavam a sociedade dizendo que queriam acabar com a corrupção, na verdade era só para dar o golpe, tanto que tudo resultou no governo interino de Temer, o mais corrupto da República. No caso da Petrobrás, os petroleiros já denunciavam esses corruptos há muito tempo e ninguém se interessava em apurar nada. Hoje, quando se apura, há vazamento seletivo no intuito de derrubar o governo Dilma e principalmente manchar a imagem da Petrobrás com o claro intuito de permitir sua privatização, como fizeram com a Vale do Rio Doce, a maior mineradora do mundo, vendida a preço de banana! Muito bom que os corruptos sejam presos e que haja devolução dos valores desviados, mas de forma alguma que isso leve à destruição da empresa!

Os golpistas queriam tirar Dilma não por conta dos erros, mas pelos acertos, para estancar os programas sociais, fazer a reforma previdenciária e trabalhista que, na verdade, é para tirar direito dos trabalhadores! E porque, tanto Dilma quanto Lula, sempre valorizaram a Petrobrás, então, para entregar o petróleo aos gringos, teriam primeiro que derrubá-la.

Os governos de Lula do PT, quando assumiram, afastaram o perigo de privatização, fizeram a recomposição do quadro técnico que, com o FHC chegou a 33 mil funcionários, e hoje já chegou a 85 mil, além de terem retomado a indústria Naval. E principalmente por desenvolver em seu governo, na Petrobrás, tecnologia inédita no mundo que resultou na descoberta do pré-sal.

Lamentavelmente no governo golpista de Michel Temer quem está comandando a Petrobrás é o ex ministro de FHC, Pedro Parente, gerente do apagão e participou do governo que tentou, de todas as maneiras, privatizar a Petrobrás. Só não conseguiram privatizar porque a categoria petroleira se mobilizou, na época, senão tinha sido entregue, como a Vale do Rio Doce!

Quando eles falam em flexibilizar o pré-sal é para engabelar o povo, pois isso significa, na verdade, a entrega de nosso ouro negro. Como também é entrega a venda de ativos da Petrobrás, como a BR, termoelétrica, dutos, as fábricas de fertilizantes, terminais, navios petroleiros. A frota de navios da empresa é de 49 navios uma das maiores do mundo! Tudo conseguido com dinheiro do povo! Querem acabar também com o conteúdo local da Lei de Partilha, que representa, na verdade, fechar os estaleiros no Brasil, coisa que FHC fez em seu governo, construindo navios, plataformas, sondas, em Singapura. Os tucanos, aliados aos golpistas, querem transferir a industria naval para o estrangeiros para exportar empregos e renda para os gringos.

Ao invés de diminuir o tamanho da Petrobrás, de empresa de energia para empresa somente de petróleo, a União teria que pagar a dívida que tem com a Petrobrás, que outrora bancou a conta de importação de diesel e gasolina para suprir o mercado. A Petrobrás, por seis anos, comprou a gasolina e o diesel  mais caro e vendeu mais barato para os consumidores para evitar impacto na inflação. Se a União pagar a conta, a Petrobrás volta ao patamar de antes da crise, que começou em outubro de 2014.

Concomitantemente, a Petrobrás precisa concluir a obra das duas refinarias do Ceará e Maranhão, o que nos daria a autossuficiência no refino, inclusive com a exportação do excedente refinado. Como também, terminar o braço petroquímico do Comperj. O setor de petroquímico é o mais lucrativo do setor petróleo. Com essa medidas a Petrobrás, no mínimo, dobraria sua participação no PIB.  Mas o governo interino quer é entregar a empresa!

Quando o petróleo era apenas um sonho o povo brasileiro foi para as ruas e garantiu a criação da Petrobrás! Será que agora, que o petróleo é uma realidade, nós vamos permitir a sua entrega aos gringos?             

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2016 

Autor: Emanuel Cancella, - OAB/RJ 75 300              
               
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.



 

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