terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Afinal quem vai pagar o pato?

por Emanuel Cancella

Equipamento instalado na Esplanada dos Ministérios, na altura do Museu Nacional da República (Foto: Luciana Amaral/G1)

 A exploração da crise

A mídia usa seu poder de convencimento não para informar corretamente à população, mas para manipular a sociedade e conspirar contra o governo federal, no sentido de defender os interesses dos abastados deste país.  Não estão simplesmente denunciando o desespero dos pacientes nos hospitais e dos funcionários sem o 13º, porque, se o quisessem, mostraria os sonegadores e fiscalizaria o dinheiro público corretamente, já que os verdadeiros corruptos ainda estão soltos e rindo da cara do povo, sabendo que não serão atingidos, pois governaram o país por 500 anos e controlam a comunicação e a Justiça. Não seriam quatro governos populares que os iriam afrontá-los, já que quando não os derrota manipulando o voto,  tenta chegar ao poder através do golpe !

Representante da elite empresarial, o  presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do PMDB, vai para ruas defender o impeachment de Dilma e usa o lema: “Diga não ao aumento de impostos – Não vou pagar o pato”. Primeiro, Skaf é do PMDB, principal partido da base de apoio de Dilma, e ele, propondo a saída de Dilma, no mínimo é antiético, já que o PMDB continua no governo e a ocupar a maioria dos cargos.
O governo federal propôs a volta da CPMF para sanear as contas da União, estados e municípios. Na verdade, não precisaríamos de um novo imposto, já que, nos primeiros três meses deste ano, o  ‘Sonegômetro’ mostra a evasão de R$ 105 bi. O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional estima que o valor sonegado, somente no ano passado, seria suficiente para que o caixa do governo federal fechasse no azul, sem precisar cortar investimentos, aumentar impostos e elevar taxas de juros. O presidente da entidade, o procurador da Fazenda, Heráclio Camargo, disse que os 80% de sonegações estão diretamente envolvidos com a lavagem.  

É preciso também que se diga que os sonegadores são os banqueiros e os grandes empresários. Entretanto, a mídia que vive alardeando a crise, Globo, Band, Folha, Grupo RBS, Editora Abril responsável pela Veja, etc, são possuidoras de conta no HSBC da Suíça para lavagem de dinheiro. Além disso, a Globo sonegou o Imposto de Renda da Copa do Mundo de 2002!

Eles sonegam, e são contra a volta da CPMF, e quem paga o pato são os pacientes dos hospitais públicos e os funcionários públicos, estaduais e municipais.  No esquema conhecido como Zelotes, há  sonegação de impostos à Receita Federal de cerca de R$ 19 BI, quase oito vezes os valores envolvidos na Lava Jato, que investiga a Petrobrás. Mas na área de petróleo, diretores e gerentes estão sendo presos, e parte do dinheiro roubado tem retornado aos cofres da empresa.

No zelotes, a investigação está praticamente zerada e os envolvidos são os bancos Santander, Safra e Bradesco; as companhias Cimento Penha, Boston Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio e Mundial-Eberle; as montadoras Ford e Mitsubishi; o grupo Gerdau; e a maior afiliada da rede Globo, a RBS.
Não haveria necessidade de um novo imposto se os sonegadores pagassem o dinheiro sonegado e com isso pacientes da rede pública e funcionários públicos dos estados e municípios não estariam, eles sim, pagando o pato!

 Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2015 

OAB/RJ 75 300              
               

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.




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