Por Emanuel Cancella
Os trabalhadores
estão em greve para defender direitos, empregos e salários, para impedir a
venda da Petrobrás e a entrega do pré-sal que é o nosso passaporte para o
futuro.
A Petrobrás tem sido alvo de uma
campanha difamatória sem precedentes. A campanha cresceu depois de anunciada a
província do pré-sal, maior descoberta de petróleo dos últimos tempos. São
bilhões de barris que podem garantir o abastecimento do país nos próximos 50
anos.
A descoberta do pré-sal só foi possível
graças à retomada dos investimentos pelo governo federal, desde 2003, e à
capacidade dos trabalhadores brasileiros que desenvolveram tecnologia inédita
no mundo. Os avanços da tecnologia nacional nessa área vêm rendendo à Petrobrás
reconhecimento mundial. Tanto é assim que a companhia voltou a receber, em
2014, prêmio internacional equivalente ao Nobel da indústria do petróleo.
Mas o mesmo governo do PT que retomou a
indústria naval, reavendo milhares de empregos que haviam sido sucateados por
FHC; o mesmo governo que alavancou a Petrobras, multiplicando o seu valor de
mercado, agora está propenso a adotar as políticas destrutivas de seus
antecessores. Os governos petistas detiveram o fatiamento da Petrobrás,
impedindo a venda da empresa na forma de “Unidades de Negócios”,
como pretendia FHC. Mas agora está adotando a velha receita, com a venda de
ativos lucrativos, ou seja, esfacelando a companhia.
Em 2010, a Petrobrás fez a maior
capitalização da história do capitalismo. Em junho de 2015, numa demonstração
da credibilidade da empresa brasileira, foram vendidos instantaneamente na
Bolsa de Nova Iorque 2,5 bilhões de dólares em bônus, a serem resgatados daqui
a 100 anos!
Debaixo dos ataques da Operação Lava
Jato, a companhia conseguiu aumentar sua capacidade de refino; chegou a ocupar
a posição de primeira produtora de óleo do mundo, dentre as empresas de
economia mista, ultrapassando a americana Exxon Mobil; e atingiu recordes de
produção. O pré-sal já produz um milhão de barris por dia, o suficiente para
abastecer, juntos, todos os países do Mercosul.
Os inimigos da Petrobrás não descansam
nunca
Nós, trabalhadores da Petrobrás, não
vamos aceitar sem resistência à destruição desse patrimônio. Fruto da cobiça,
principalmente do capital internacional, a Petrobrás sempre enfrentou inimigos
ferozes que tentaram impedir a sua criação. Isso quando o petróleo era apenas
um sonho. Imaginem agora que é uma promissora realidade! Sua criação, em 1953,
só foi possível graças à maior campanha cívica que esse país já assistiu, “O
Petróleo é Nosso!”.
A Petrobrás chega aos 62 anos de
idade sem jamais deixar faltar combustíveis e derivados de petróleo em todo o
território nacional. Esse é um dos motivos que a tornam uma empresa estratégica
e que deve ser mantida sob controle do estado brasileiro.
Mas o relevante papel da Petrobrás para
o Brasil não é lembrado pela maior parte da mídia. Ao contrário, cotidianamente
só se fala em corrupção, massacrando e fazendo uma verdadeira lavagem cerebral
no povo, como se na companhia só existisse sujeira.
Acordem, brasileiros! Não se deve
acreditar em tudo o que a mídia corrompida diz. A imprensa é tão tendenciosa
que a Petrobrás precisou pagar matéria para divulgar um importante prêmio
internacional que recebeu, por sua excelência. Só viram manchete as notícias
negativas sobre a empresa, oriundas da Lava Jato. Fica pergunta: que sórdidos
interesses se escondem por trás dessas práticas?
Porque estamos em greve
-Porque temos orgulho de trabalhar na
empresa que impulsiona o crescimento do país, financiando, com seus impostos,
80% das obras do PAC. Essa empresa deve valorizar os seus trabalhadores,
primeirizar os terceirizados, garantir os empregos e direitos de todos nós para
a superação das dificuldades que o país atravessa.
- O Brasil é o segundo maior canteiro
de obras do planeta, só perdendo para a China. A Petrobrás gera milhões de
empregos diretos e indiretos. A solução para o país não é botar o pé no freio
nem andar de marcha à ré. É apostar no avanço social e na empregabilidade.
- Exigimos a conclusão das refinarias
do Maranhão e do Ceará que permitirão ao Brasil alcançar a autossuficiência no
refino. Exigimos a retomada do braço petroquímicos, um dos mais lucrativos do
setor petróleo. Se a Petrobrás, sozinha, é responsável por 13% do PIB
nacional, a expectativa é que esse percentual dobre com a conclusão
dessas obras.
- Lamentavelmente, o governo Dilma
segue na contramão da nossa autonomia. Devia investir na
Petrobrás, mas escolheu reduzir seu tamanho, colocando em pauta a venda de
ativos (ou seja, a venda de setores da empresa altamente lucrativos, como
dutos, terminais, a BR Distribuidora e uma lista sem fim que vem
sendo mantidas a sete chaves: o que estarão negociando?
- A redução dos salários e dos direitos
dos trabalhadores petroleiros é parte desse “pacote de maldades”, embora a
Petrobrás gaste com a folha de pagamento de seus empregados cerca de 4% de seu
faturamento, o equivalente à metade do que gastam suas concorrentes.
A greve dos petroleiros é pela retomada
dos empregos, do crescimento do país e da nossa soberania. É uma greve que
representa interesses maiores que os da categoria. Precisamos do seu apoio e
solidariedade. Exatos 20 anos depois da célebre greve de 1995, que impediu a
privatização da empresa por FHC, retornamos com o mesmo slogan e a mesma luta:
Somos todos petroleiros!
Rio de Janeiro, 05 de novembro de
2015
Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
>
Nenhum comentário:
Postar um comentário