quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Dos petroleiros aos brasileiros

Por Emanuel Cancella


Os trabalhadores estão em greve para defender direitos, empregos e salários, para impedir a venda da Petrobrás e a entrega do pré-sal que é o nosso passaporte para o futuro.

A Petrobrás tem sido alvo de uma campanha difamatória sem precedentes. A campanha cresceu depois de anunciada a província do pré-sal, maior descoberta de petróleo dos últimos tempos. São bilhões de barris que podem garantir o abastecimento do país nos próximos 50 anos.
A descoberta do pré-sal só foi possível graças à retomada dos investimentos pelo governo federal, desde 2003, e à capacidade dos trabalhadores brasileiros que desenvolveram tecnologia inédita no mundo. Os avanços da tecnologia nacional nessa área vêm rendendo à Petrobrás reconhecimento mundial. Tanto é assim que a companhia voltou a receber, em 2014, prêmio internacional equivalente ao Nobel da indústria do petróleo.
Mas o mesmo governo do PT que retomou a indústria naval, reavendo milhares de empregos que haviam sido sucateados por FHC; o mesmo governo que alavancou a Petrobras, multiplicando o seu valor de mercado, agora está propenso a adotar as políticas destrutivas de seus antecessores.  Os governos petistas detiveram o fatiamento da Petrobrás, impedindo a venda da empresa  na forma de “Unidades de Negócios”, como pretendia FHC. Mas agora está adotando a velha receita, com a venda de ativos lucrativos, ou seja, esfacelando a companhia.
Em 2010, a Petrobrás fez a maior capitalização da história do capitalismo. Em junho de 2015, numa demonstração da credibilidade da empresa brasileira, foram vendidos instantaneamente   na Bolsa de Nova Iorque 2,5 bilhões de dólares em bônus, a serem resgatados daqui a 100 anos!
Debaixo dos ataques da Operação Lava Jato, a companhia conseguiu aumentar sua capacidade de refino; chegou a ocupar a posição de primeira produtora de óleo do mundo, dentre as empresas de economia mista, ultrapassando a americana Exxon Mobil; e atingiu recordes de produção. O pré-sal já produz um milhão de barris por dia, o suficiente para abastecer, juntos, todos os países do Mercosul.

Os inimigos da Petrobrás não descansam nunca
Nós, trabalhadores da Petrobrás, não vamos aceitar sem resistência à destruição desse patrimônio. Fruto da cobiça, principalmente do capital internacional, a Petrobrás sempre enfrentou inimigos ferozes que tentaram impedir a sua criação. Isso quando o petróleo era apenas um sonho. Imaginem agora que é uma promissora realidade! Sua criação, em 1953, só foi possível graças à maior campanha cívica que esse país já assistiu, “O Petróleo é Nosso!”.
 A Petrobrás chega aos 62 anos de idade sem jamais deixar faltar combustíveis e derivados de petróleo em todo o território nacional. Esse é um dos motivos que a tornam uma empresa estratégica e que deve ser mantida sob controle do estado brasileiro.
Mas o relevante papel da Petrobrás para o Brasil não é lembrado pela maior parte da mídia. Ao contrário, cotidianamente só se fala em corrupção, massacrando e fazendo uma verdadeira lavagem cerebral no povo, como se na companhia só existisse sujeira.
Acordem, brasileiros! Não se deve acreditar em tudo o que a mídia corrompida diz. A imprensa é tão tendenciosa que a Petrobrás precisou pagar matéria para divulgar um importante prêmio internacional que recebeu, por sua excelência. Só viram manchete as notícias negativas sobre a empresa, oriundas da Lava Jato. Fica pergunta: que sórdidos interesses se escondem por trás dessas práticas?

Porque estamos em greve
-Porque temos orgulho de trabalhar na empresa que impulsiona o crescimento do país, financiando, com seus impostos, 80% das obras do PAC. Essa empresa deve valorizar os seus trabalhadores, primeirizar os terceirizados, garantir os empregos e direitos de todos nós para a superação das dificuldades que o país atravessa.  
- O Brasil é o segundo maior canteiro de obras do planeta, só perdendo para a China. A Petrobrás gera milhões de empregos diretos e indiretos. A solução para o país não é botar o pé no freio nem andar de marcha à ré. É apostar no avanço social e na empregabilidade.
- Exigimos a conclusão das refinarias do Maranhão e do Ceará que permitirão ao Brasil alcançar a autossuficiência no refino. Exigimos a retomada do braço petroquímicos, um dos mais lucrativos do setor petróleo. Se a Petrobrás, sozinha, é responsável por 13% do PIB nacional,  a expectativa é que esse percentual dobre com a conclusão dessas obras.
- Lamentavelmente, o governo Dilma segue na contramão da nossa autonomia.   Devia investir na Petrobrás, mas escolheu reduzir seu tamanho, colocando em pauta a venda de ativos (ou seja, a venda de setores da empresa altamente lucrativos, como dutos, terminais, a  BR Distribuidora e uma lista sem fim que vem sendo mantidas a sete chaves: o que estarão negociando?
- A redução dos salários e dos direitos dos trabalhadores petroleiros é parte desse “pacote de maldades”, embora a Petrobrás gaste com a folha de pagamento de seus empregados cerca de 4% de seu faturamento, o equivalente à metade do que gastam suas concorrentes.
A greve dos petroleiros é pela retomada dos empregos, do crescimento do país e da nossa soberania. É uma greve que representa interesses maiores que os da categoria. Precisamos do seu apoio e solidariedade. Exatos 20 anos depois da célebre greve de 1995, que impediu a privatização da empresa por FHC, retornamos com o mesmo slogan e a mesma luta:
Somos todos petroleiros!

Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2015 
           
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 





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