domingo, 23 de agosto de 2015

Com a desmoralização do Juiz Moro, o Lava Jato se transformou num mar de lama.


por Emanuel Cancella



O juiz Sérgio Moro ganha R$ 77 mil, o dobro do que ganha um ministro do STF. E a advogada mulher do juiz Moro trabalha para o PSDB e para empresas petroleiras estrangeiras, concorrentes diretas da Petrobrás.
Esse juiz Moro participou também do julgamento da AP 470, conhecida como mensalão, e lá, ele e o presidente do STF Joaquim Barbosa deixaram de fora o mensalão tucano, cujos crimes estão prescrevendo. Na Lava Jato, chefiada pelo juiz Sérgio Moro, além da continuada blindagem dos parlamentares tucanos, o governo de Fernando Henrique Cardoso do PSDB, apontado por vários delatores como antro de corrupção, também não está sendo investigado.  
O juiz Moro ganhou o prêmio de personalidade do ano da Globo. A mesma Globo que na década de 90, junto com o governo de FHC, fez campanha pela privatização da Petrobrás, comparando a Petrobrás a um paquiderme e chamando os petroleiros de marajás. Mas a  Petrobrás e os petroleiros responderam com a descoberta do pré-sal! O senador tucano José Serra que foi denunciado em 2009 pelo Wikileaks em telegrama que prometia caso fosse eleito favorecer a petroleira americana Chevron, agora é autor da PLS 131/15 que tramita no senado federal com o mesmo conteúdo de favorecimento a petroleira americana.  
Agora vem a noticia do dia 23, do portal Brasil 247, que investigadores americanos recolheram cópias de documentos da operação Lava Jato para embasar uma ação coletiva contra a Petrobrás, que corre na Suprema Corte de Nova York. Os autores da ação argumentam que a empresa não comunicou o caso de corrupção adequadamente ao mercado, tendo fugido de sua obrigação. Fazem isso, mas sabem que a queda das ações de petroleiras não é só da Petrobrás, mas de todas as empresas de petróleo.
Ora, os americanos enganaram o mundo inteiro com a quebradeira de 2008, nenhuma agência de risco alertou o mundo e o gigante quebrou. Quantos acionistasno mundo foram vítimas? A chamada “Bolha imobiliária” que resultou na quebra do sistema financeiro americano foi obra de corruptos. Aqui o chamado “Petrolão” gera notícias negativas instantâneas na mídia principalmente na Globo, lá com certeza corre em segredo de justiça. E tenho certeza de que nos EUA ninguém quer proteger a imagem de corruptos e corruptores, o que eles fazem, e nos não fazemos, é proteger os interesses do país.  
Enquanto a Globo, o PSDB e a Lava Jato jogam lama na imagem da Petrobrás, os americanos, na quebradeira de 2008, injetaram cerca de 7 trilhões de dólares, dinheiro público, para salvar os empregos e a imagem de empresas como GM e Citybank.    E é bom que se diga, nenhuma dessas empresas americanas tem a importância para os EUA como a Petrobrás para o Brasil. A Petrobrás sozinha financia, com os impostos que paga, 80% das obras do PAC, as nossas maiores obras, e o Brasil é o segundo canteiro de obras do planeta só perdendo para a China. Além de a Petrobrás abastecer ininterruptamente o Brasil de derivados de petróleo há 62 anos.
 O Brasil por ter um grande mercado de consumo pode melhor administrar essa crise. E ninguém acredita que o preço do barril de petróleo vai prosseguir abaixo dos U$ 60. Assim como nenhum alquimista conseguiu fazer ouro em laboratório; o “Ouro Negro”, a despeito de toda a desvalorização, continua sendo centro das principais guerras contemporâneas no planeta.   

Diante de tudo isso, vamos lembrar o pensamento do americano negro que além pastor protestante, era senador, Martin Luther King: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.”

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2015 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.
          


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