quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lalau e o depufede Por Emanuel Cancella Stanislaw Ponte Preta, o nosso saudoso Sérgio Porto – ou “Lalau”, como também era chamado - se referia aos deputados federais com deboche: depufedes. Com honrosas exceções, no Congresso Nacional, grande parte dos deputados merece esse tratamento. Também não estou reproduzindo a falácia de que todo político é corrupto, até porque isso poderia atingir os eleitores que os colocaram lá. E não é monopólio dos políticos o desvio de conduta. Temos juízes de valore$; procuradores da República como Engavetador Geral da República. Temos advogados que orientam o cliente a se calar, mesmo quando ameaçado de despencar e se esborrachar do alto de uma cachoeira. Temos mídia que, longe de ser uma Vênus de Prata, é de lata e que não merece que se Veja. Temos militares de alta patente que colocaram brasileiros no alto do pau de arara. Mas vamos voltar aos deputados. Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPMI do Cachoeira, soltou uma pérola que merece o mesmo destaque dado ao ex-presidente da Câmara de Deputados (2005) Severino Cavalcanti (PP-PE). Na época, ele justificou os altos salários dos parlamentares, afirmando que precisava ter “mais de uma escova de dente”, em função do cargo. Severino não parou por aí, naturalizando o nepotismo: "Essa história de nepotismo é coisa para fracassados e derrotados que não souberam criar seus filhos. Eu criei bem os meus filhos que têm universidade. E agora estou indicando José Maurício”... Durante depoimento de Cachoeira, Vital do Rego, diante da acusação de que existiria uma funcionária fantasma em seu próprio gabinete, replicou: “Já abri uma sindicância para apurar o fato”. Ora, seria cômico, se não fosse trágico: é necessário abrir uma sindicância para apurar o que acontece em nossa própria casa? Se o nosso Lalau fosse vivo, com certeza não deixaria escapar essa. As “providências” tomadas por Vital para apurar a existência de uma funcionária-fantasma em seu gabinete renderiam uma bela crônica. RIO DE JANEIRO, 24 de maio de 2012

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