segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O ESTADÃO E O PRÉ-SAL

por Emanuel Cancella

"Pior se dependesse principalmente de Collor e FHC, a Petrobrás estaria privatizada e a comemoração da descoberta do pré-sal se daria muito provavelmente no estado do Texas ou em algum país europeu."

Na última terça-feira, 16/8, o Estadão e o Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial realizaram o seminário intitulado "Os Novos Desafios do Pré-Sal", com a participação do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, do analista do BTG Pactual Gustavo Gattass e da diretora da ANP Magda Chambriard.

A chamada da matéria do Estadão no domingo, 28/8, que cobriu o seminário já demonstra sua posição em relação ao tema; "Os riscos do pré-sal". É sabido que não existe risco no pré-sal, pois todos os furos feitos pela Petrobrás nesses campos deram óleo.

Diz a matéria que o ritmo da produção de petróleo cresce a 10% ao ano desde o início da década de 80. O Estadão, em sua matéria, tenta induzir o mérito do aumento da produção ao período aos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC. A perspectiva de existência de petróleo no pré-sal existia há mais de 30 anos e se dependesse desses governos o pré-sal continuaria engavetado e desconhecido nas profundezas do mar.

Na verdade o governo que ousou retomar o pré-sal e torná-lo realidade foi o governo Lula. Pior se dependesse principalmente de Collor e FHC, a Petrobrás estaria privatizada e a comemoração da descoberta do pré-sal se daria muito provavelmente no estado do Texas ou em algum país europeu.

No seminário, foi levantado o risco da falta de investimentos através de uma série de artigos do diretor do Instituto Fernand Braudel, Norman Gall, publicados pelo Estado no primeiro semestre e pelo analista do BTG Pactual Gustavo Gattass. Essa é mais uma falácia usada para viabilizar a participação principalmente das multinacionais nos leilões do petróleo. É fato que a Petrobrás terá igual ou maior condição de conseguir os mesmos investimentos que conseguirão as concorrentes, pois é a única que tem como garantia as reservas gigantes do pré-sal.

Outro risco, apontado pelo seminário, é o da falta de equipamento. O governo Lula, para incentivar e prestigiar a indústria nacional criou a exigência do "Conteúdo Nacional" obrigando o mínimo da participação dos equipamentos fabricados aqui.

O seminário sugere a burla dessa exigência para "viabilizar" os projetos. A sociedade tem que ser informada que foi o Decreto nº 4.543, de 26/12/2002, de FHC, conhecido como Repetro, que isentou de impostos a importação de equipamentos na área de petróleo. Esse decreto de FHC inviabilizou a indústria nacional no setor. Enquanto os países utilizam o protecionismo para proteger sua indústria, FHC usou o protecionismo em favor dos estrangeiros.

Até no otimismo citada pela diretora da ANP, Magda Chambriard, no seminário tem manipulação, ela projeta as reservas do pré-sal em 50 bilhões de barris quando os geólogos da Petrobrás apostam que na hipótese mais conservadora o pré-sal possui reservas de 100 bilhões de barris.

E o Estadão termina a matéria sobre o pré-sal dizendo: "... Tudo isso, no entanto, só começará a se tornar riqueza real para os brasileiros quando forem resolvidos os grandes problemas técnicos, financeiros e estruturais, muitos apontados no seminário e para os quais ainda não foi encontrada solução..."

Os movimentos sociais apontam o pré-sal como possibilidade concreta de solução para todos os nossos problemas sociais. A cobiça estrangeira já está aguçada, haja vista a presença da IV Frota Americana nas costas brasileiras e a vinda de Obama ao Brasil. E nas inúmeras denúncias do Wikilikes uma delas “é preciso cuidado para não despertar o nacionalismo dos brasileiros", como na campanha "O petróleo é nosso!"

RIO DE JANEIRO, 23 de agosto de 2011

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