sexta-feira, 10 de setembro de 2010

MERGULHO PARA A MORTE

por Emanuel Cancella
Com a descoberta do pré-sal o uso da atividade do mergulho se intensifica. Essas imensas reservas de petróleo se localizam no mar e os mergulhadores são fundamentais. A Petrobrás utiliza mais de 90% da atividade de mergulho e de forma irresponsável, terceiriza totalmente a atividade. Jovens brasileiros na maioria dos casos sem informação ingressam na segunda profissão mais perigosa do planeta. A profissão mais perigosa é a de astronauta. O mergulhador em termo de risco de morte na atividade se compara ao astronauta. Porém, no quesito seqüela adquirida durante a vida laboral supera em muito o astronauta. A vida útil de um mergulhador é de 15 anos, pois se muitos astronautas sobrevivem ao tempo de trabalho saudáveis no mergulho a doença é inexorável. E não estamos falando de doenças corriqueiras, estamos falando de doenças que impossibilitam o exercício de qualquer outra a atividade. O numero de óbitos entre os mergulhadores é alarmante. Dados de 1998 na Bacia de Campos, em 22 anos, 155 mergulhadores acidentaram-se. Trinta morreram e dezessete foram afastados permanentemente da atividade.

Esse índice é muito alto considerando que o efetivo do mergulho era de menos de 300 trabalhadores. Hoje em função da descoberta do pré-sal e da intensificação da pesquisa, exploração e produção de petróleo no mar são milhares de mergulhadores em ação. O mergulho exige quarentena antes e depois de cada mergulho sendo a desobediência a esse procedimento fatal.
Mesma seguindo a risca os procedimentos da Organização Mundial de Saúde e das NR do Ministério do trabalho os problemas persistem. O que agravam ainda mais a situação é que a Petrobrás contrata através de terceiros essa mão de obra, lavando as mãos, tirando de si a responsabilidade. O principal objetivo dessas empreiteiras é obter lucro, pouco se lixando para a vida do mergulhador. Denuncia como essa e outras são consideradas ofensivas ao Código de Ética da Petrobrás só quem pode falar são os gerentes indicado pela empresa. Por contrariar essa orientação vários companheiros têm sido punidos o que agrava ainda mais a situação. Repetimos a direção da Petrobrás utiliza mais de 90% da atividade de mergulho no Brasil. Delegar para terceiros essa atividade é uma atitude de quem se arvora ter responsabilidade social?

Publicado no AEPET direto do dia 13/09/10,
Correio da Cidadânia, 21/9,
Página eletrônica da CUT/Sergipe, 21/09/10


RIO DE JANEIRO, 10 de setembro de 2010

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