MÍDIA GOLPISTA E CORRUPTA

por EMANUEL CANCELLA

Quando Lula acusa a mídia de agir como partido político, ela reage. Assim como aquele batedor de carteira, na grande avenida, que, descoberto, na fuga, também grita _ pega ladrão!


Estamos falando da grande mídia. Aquela que apoiou a ditadura militar; que foi contra “As Diretas Já!”, que inclusive derrotou Lula em 1989, Lula seria então o primeiro presidente operário do Brasil. Além de golpista, essa mídia é corrupta, pratica a corrupção institucional.


A mídia utiliza aquela máxima: faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço. Até porque a sociedade não sabe, principalmente porque os governos escondem, por exemplo, na última renovação das concessões de radio e televisão, ninguém sabe o conteúdo, os valores. Como é pública, a sociedade deveria ser informada, mas não é.


O presidente Lula e todos os antecessores tratam essas renovações como ação entre amigos. Inclusive os valores envolvidos deveriam ter uma aplicação social definida, por exemplo, para financiar creches, hospitais, asilos, etc. Mas nada é divulgado, e como não revelam, se deduz que nada pagam, ou quase nada, que outros motivos teriam para esconder?


Os sindicatos, dentro dessas chamadas “grande mídia”, inexistem, o que se pressupõe que a liberdade de imprensa e os direitos trabalhistas são desrespeitados. Sindicalistas independentes e classistas nesses chamados impérios são excluídos.


Os sindicalistas que convivem com esses todos poderosos são aqueles que agem como correia de transmissão do patrão ou os conhecidos pelegos. Quer conhecê-los? Basta ver as entidades que assinam a manifestação contra a liberdade de imprensa, realizada em São Paulo na última quinta, 23/9, denunciando o que eles chamam de "terrorismo midiático". Lula esbraveja, mas não fala, porque teme a mídia golpista, também conhecida como o quarto poder ao lado do executivo, legislativo e judiciário, e, com certeza, o maior e mais poderoso dos poderes.


Nos países democráticos, as concessões de mídia são fortes fontes de arrecadação; não existe monopólio midiático, e as empresas de mídia assumem publicamente a adesão a este ou aquele candidato ou partido. No Brasil, a mídia querendo sempre passar a idéia de que é imparcial, age subliminarmente a favor do candidato genuinamente da burguesia, dos banqueiros e dos grandes empresários,


Também é verdade que no Brasil, onde Vargas e Lula se caracterizaram como candidatos populares, mas com uma grande contradição: “pai dos pobres e amantes dos ricos.” Pois enquanto não for denunciada à sociedade a mídia golpista e corrupta, ela vai continuar a entrar em nossos lares como paladino da moral e dos bons costumes. Lula perde a oportunidade de colocar a mídia em seu devido lugar, para que presidentes como Vargas não tenham que dar um tiro no peito e Lula não tenha que esperar 3 eleições para chegar ao poder!


RIO DE JANEIRO, 25 de setembro de 2010